terça-feira, 18 de setembro de 2012

Atletas da Mordóvia dominam na Taça da Rússia

Com as principais estrelas russas em período de descanso, disputou-se em Voronovo, nos arredores de Moscovo, a Taça da Rússia e final do Grande Prémio de Marcha Atlética, nas distâncias de 10 km juniores e seniores, competição integrada no calendário da Associação Europeia de Atletismo.

Os atletas da República da Mordóvia ocuparam parte significativa dos lugares do pódio, sendo mais evidente a sua supremacia na prova dos seniores masculinos, com os três primeiros lugares a pertencerem a atletas dessa área, que tem fornecido um número substancial de campeões mundiais e olímpicos.

Nos homens, Mikhail Ryzhov (Mordóvia) levou a melhor, com o tempo de 39.11, numa prova em que os seis primeiros baixaram dos 40 minutos em que o primeiro júnior, Kirill Frolov (Moscovo-Chuvashia), realizou 41.09.

Nas mulheres, Tatyana Korotkova (Kostroma) triunfou com o tempo de 43.24, com as três primeiras a realizarem marcas abaixo dos 44 minutos. Destaque nesta prova para a grande superioridade da vencedora júnior, Anna Ermina (Mordóvia), com um excelente tempo de 43.35.

Presentes na competição, para além dos russos, atletas da Polónia, da Ucrânia, da Eslováquia, da Bielorrússia e de Espanha, com os polacos Jakub Jelonek (39.49) e Agnieszka Szwarnog (45.35) a serem os melhores estrangeiros.

Há a registar, aqui, dois nomes: o do diretor da competição, Valery Suntsov, que na década de oitenta obteve bons resultados em competições internacionais, nomeadamente nos 50 km das Taças do Mundo de 1981, 1985 e 1987, onde se classificou nos dez primeiros lugares, e o de Maris Peterson, juiz internacional de nível II da AIFA, presença assídua no corpo de juízes de marcha e uma das figura de topo na organização de competições na Rússia.

Resultados
10 km masculinos
1.º, Mikhail Ryzhov (1981), 39.11
2.º, Aleksey Bartsaikin (1989), 39.31
3.º, Petr Bogatyrev (1991), 39.33
4.º, Petr Trofimov (1983), 39.37
5.º, Jakub Jelonek (Polónia, 1985), 39.49
6.º, Aleksey Golovin (1988), 39.54
7.º, Ivan Losev (Ucrânia, 1986), 40.50
8.º, Edikt Haibulin (1989), 41.09
9.º, Kirill Frolov (1993), 41.09 - 1.º júnior
10.º, Dmitry Naumchev (1984), 41.19
11.º, Dmitry Malanov (1991), 41.38
12.º, Aleksandr Pichkalov (1993), 42.23 - 2.º júnior
13.º, Sergey Korepanov (1984), 43.09
14.º, Ruslan Vershinin (1989), 43.25
15.º, Milos Batovsky (Eslováquia, 1979), 43.40
16.º, Mikhail Skorodelov (1991), 44.19
17.º, Evgeny Bokov (1995), 44.32 - 3.º júnior
18.º, Andrey Matoshin (1993), 47.01 - 4.º júnior
Desistente: Dzianis Simanovich (Bielorrússia, 1987)
Desclassificado: Pavel Yarokhau (Bielorrússia, 1982)

10 km femininos
1.ª, Tatyana Korotkova (1980), 43.24
2.ª, Marina Pandakova (1989), 43.29
3.ª, Anna Ermina (1993), 43.35 - 1.ª júnior
4.ª, Irina Shushchina (1986), 44.50
5.ª, Evdokia Korotkova (1979) 45.01
6.ª, Agnieszka Szwarnog (Polónia, 1986), 45.35
7.ª, Natalya Serejkina (1992), 46.41
8.ª, Ainhoa Pinedo (Espanha, 1983), 46.45
9.ª, Tatyana Akulinushkina (1994), 47.01 - 2.ª júnior
10.ª, Anna Krahmela (1992), 49.14
11.ª, Maria Loseva (1990), 49.25
12.ª, Diana Ivanova (1993), 49.49 - 3.ª júnior
13.ª, Tatyana Titova (1993), 50.32 - 4.ª júnior
14.ª, Irina Polejaikina (1989), 51.34
15.ª, Valeria Eshkova (1993), 51.35 - 5.ª júnior
16.ª, Anastasia Shchegoleva (1993), 53.11 - 6.ª júnior
17.ª, Anfisa Zhdanova (1994), 53.21 - 7.ª júnior
18.ª, Aleksandra Stepanova (1995), 53.58 - 8.ª júnior
19.ª, Margarita Tudigesheva (1996), 57.37 - 9.ª júnior
20.ª, Viktoria Shishkina (1998), 57.41 - 10.ª júnior
21.ª, Viktoria Trubchaninova (1994), 57.54 - 11.ª júnior
Desistente: Lilia Gimatdinova (1992);
Desclassificadas: Maria Czakova (Eslováquia, 1988) e Hanna Drabenia (Bielorrússia, 1987).

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

2.ª Conferência Europeia de Marcha Atlética

O treinador olímpico Paulo Murta será um dos palestrantes
da conferência. Foto: facebook do próprio
Depois da bem sucedida primeira conferência, em 2010, a organização do evento anunciou a realização de uma nova conferência. Os trabalhos terão lugar nos dias 2, 3 e 4 de novembro deste ano, na Universidade Metropolitana de Leeds, em Inglaterra.

A iniciativa, que assenta na apresentação de temas relacionados com o rendimento e o desenvolvimento no treino da marcha atlética, entre outros, é da responsabilidade, uma vez mais, das federações de atletismo da Grã-Bretanha e de Inglaterra, contando com o apoio da Associação Europeia de Atletismo e do Ron Pickering Memorial Fund.

A lista dos conferencistas convidados para este ano inclui o nome do português Paulo Murta, colaborador da Direcção-Técnica da Associação de Atletismo do Algarve e treinador de Ana Cabecinha, recordista nacional dos 20 km marcha, tendo participado nos últimos Jogos Olímpicos (Pequim e Londres), sempre com classificações no top-10. Recentemente, foi segunda na final do challenge mundial de marcha, em Erdos, China.

Marko Kivimaki, treinador nacional da especialidade na Finlândia, que dissertará sobre a escola finlandesa de marcha, Malcolm Brown (Inglaterra), treinador do campeão olímpico do triatlo nos Jogos de Londres, Alistair Brownlee, e Olive Loughnane (Irlanda), medalha de prata nos Mundiais de Berlim, em 2009, com presença nos últimos quatro Jogos Olímpicos, são outros dos conferencistas com presença marcada para Leeds.

Teremos, também, a colaboração de Martin Rush e Dave Rowland, membros da equipa britânica de atletismo, o primeiro abordando a sua experiência nos Jogos Olímpicos de 1992, e o segundo abordando o trabalho na escola de rugby de Bristol, bem como de Brian Hanley, especialista em biomecânica na marcha atlética e que tem trabalhado com as seleções nacionais da Grã-Bretanha, Irlanda, Suécia, Finlândia e Austrália.

Mas a participação de um rico e variado leque de preletores não se fica por aqui. Teremos, também, a colaboração dos creditados especialistas na área da prevenção de lesões, os fisioterapeutas ingleses Alison Rose e Oli Williamson, com experiência no acompanhamento de marchadores mas também ligados à equipa de apoio das atletas Kelly Holmes, bicampeã olímpica nos 800 e 1500 metros de Atenas, em 2004, e Jessica Ennis, campeã olímpica do heptatlo.

Aguardam-se, pois, com expetativa, as reflexões decorrentes das conferências, das quais, a seu tempo, O Marchador dará eco.

domingo, 16 de setembro de 2012

Vladimir Golubnichiy na galeria de famosos da AIFA

Vladimir Golubnichiy, ao conquistar no México o segundo título
olímpico. Foto: Popperfoto e Getty Images
O ucraniano Vladimir Golubnichiy é desde este sábado o primeiro marchador nomeado para a Galeria dos Famosos da Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA). O anúncio foi feito após a realização da Final do Challenge de Marcha de 2012, realizada na véspera em Erdos, na China.

Nascido na cidade ucraniana de Sumy a 2 de Junho de 1936, no tempo em que a Ucrânia integrava a União Soviética, Golubnichiy representou a URSS em cinco edições consecutivas dos Jogos Olímpicos, de 1960 (Roma) a 1976 (Montréal), sempre em 20 km. Logo na primeira dessas participações conquistou a medalha de ouro, vencendo em 1.34.07,2 h, à frente dos australiano Noel Freeman e do britânico Stanley Vickers.

Voltaria a vencer oito anos depois, em 1968, nos Jogos do México, com 1.33.58,4 h, na conclusão de uma prova épica decidida ao «sprint» já dentro da pista. O mexicano José Predraza gastaria apenas mais 1,6 segundos e o também soviético Nikolay Smaga, seu eterno rival e amigo, garantia o bronze com mais cinco segundos que Golubnichiy.

Pelo meio, em 1964 (Tóquio), Vladimir Golubnichiy foi terceiro classificado, conquistando a medalha de bronze, atrás do britânico Kenneth Matthews (1.º) e do alemão de leste Dieter Lindner (2.º). Na quarta participação olímpica (Munique-1972), só Peter Frenkel (RDA) conseguiu ser superior ao soviético, impondo-se por 13 segundos.

Contava já 40 anos quando, em 1976, Vladimir Golubnichiy registou a quinta e última presença nos Jogos Olímpicos e pela primeira vez não conquistou qualquer medalha. Terminou os 20 km de Montréal em sétimo lugar, no dia em que a medalha de ouro foi para o mexicano Daniel Bautista.

Mas nem só de Jogos Olímpicos viveu o sucesso internacional do mais extraordinário marchador ucraniano de sempre. Num tempo em que o mundo do atletismo ainda não se juntava para campeonatos mundiais, Golubnichiy registou três presenças em campeonatos da Europa, traduzidas em uma medalha de ouro (Munique-1974), uma de prata (Budapeste-1966) e uma de bronze (Belgrado-1962).

Iniciado no atletismo em 1953, com 17 anos, Vladimir Golubnichiy viria a estrear-se na selecção soviética em 1959, sagrando-se por seis vezes campeão da URSS e conseguindo ainda dois recordes mundiais dos 20 km: 1.30.36 h em Kiev a 23 de Setembro de 1955 e 1.27.04 h em Moscovo a 15 de Julho de 1959.

Vladimir Stepanovich Golubnichiy (ou Volodymyr Stepanovych Holubnychy, como o nome ficou registado após a independência da Ucrânia) é o 22.º nome anunciado para a lista de 24 membros inaugurais do Hall of Fame da AIFA, criado para assinalar o centenário da Associação Internacional de Federações de Atletismo. A lista completa será investida numa cerimónia oficial a realizar em Barcelona, durante a Gala do Centenário, no próximo dia 24 de Novembro. Os nomes já indicados são: Emil Zatopek (Checoslováquia), Jesse Owens (EUA), Al Oerter (EUA), Paavo Nurmi (Finlândia), Edwin Moses (EUA), Carl Lewis (EUA), Wang Junxia (China), Jackie Joyner-Kersee (EUA), Adhemar Ferreira da Silva (Brasil), Betty Cuthbert (Austrália), Fanny Blankers Koen (Holanda), Abebe Bikila (Etiópia), Irena Szewinska (Polónia), Mildred Didriksen (EUA), Dan O'Brien (EUA), Michael Johnson (EUA), Alberto Juantorena (Cuba), Sebastian Coe (Grã-Bretanha), Sergey Bubka (Ucrânia), Kipchoge Keino (Quénia), Peter Snell (Nova Zelândia) e Vladimir Golubnichiy (URSS).

sábado, 15 de setembro de 2012

Cabecinha e chineses dominam final do Challenge

Os vencedores Wang Zhen e Liu Hong, a única a superar Ana
Cabecinha. Fotos: organização
Ana Cabecinha classificou-se esta sexta-feira na segunda posição da prova feminina da Final do Challenge de Marcha da AIFA, realizada na cidade chinesa de Erdos, 800 quilómetros a oeste de Pequim, na província da Mongólia Interior. A atleta portuguesa registou 43.31 m nos 10 km da prova, ganha pela chinesa Liu Hong, com 43.18 m. Na terceira posição concluiu a júnior Liu Xiuzhi, também da China, creditada com 43.37 m, enquanto Inês Henriques chegava na oitava posição, com 46.10 m.
 
No sector masculino, também em 10 km e sem presença de portugueses, domínio ainda mais evidente dos atletas «da casa», que preencheram todo o pódio: venceu Wang Zhen (39.27), à frente de Cai Zelin (39.44) e de Chen Ding (39.51), tendo outro compatriota, Li Jianbo (39.56), alcançado o quarto lugar.
 
Numa jornada com sol mas temperatura pouco elevada, a rondar os 15ºC, Liu Hong assumiu desde cedo a condição de principal figura da marcha feminina chinesa dos últimos anos e partiu à procura de melhor do que os segundos lugares obtidos nas últimas duas finais do Challenge. E de tal forma o fez que não teve grande oposição, sobretudo considerando a desclassificação da principal opositora, Qieyang Shenjie, terceira nos Jogos Olímpicos de Londres, onde os juízes foram muito mais complacentes.
 
As melhores respostas foram as de Ana Cabecinha, que melhorou os sexto e quarto lugares de 2010 e 2011, respectivamente, e de Liu Xiuzhi, uma júnior muito promissora que aqui fez a melhor marca mundial do ano no escalão. Em 2012, para além do recorde asiático de juniores de 20 km (1.27.01, em Taicang, a 30 de Março), registou desempenhos de grande nível em provas de seniores: 4.ª na Taça do Mundo de Saransk, 6.ª nos Jogos Olímpicos de Londres e, agora, 3.ª na Final do Challenge.
 
Nos rapazes esperava-se um duelo entre o soberbo campeão olímpico dos 20 km, Chen Ding, e o vencedor da Taça do Mundo de Saransk na mesma distância, Wang Zhen (já vencedor da Final do Challenge de 2010, em Pequim, então ainda júnior). A expectativa veio a confirmar-se, com Zhen a acabar por superiorizar-se, terminando com a marca possível (39.27) num percurso que não facilitava a obtenção de bons resultados. Ainda assim, os mais de 70 metros de vantagem ao cortar a meta são reveladores da facilidade com que se impôs a toda a (cino)concorrência.
 
Nota especial para o quinto lugar do jovem australiano Dane Bird-Smith (sénior de primeiro ano), o primeiro não-chinês, com 40.32 m, muito à frente dos bem mais conceituados compatriotas Luke Adams (9.º, 41.06) e sobretudo Jared Tallent (11.º, 42.29) – que já afirmou estar em fase de descanso pós-Jogos –, além de Rhydian Cowley (12.º, 43.24).
 
Para esta Final do Challenge estavam habilitados 120 atletas (69 masculinos e 51 femininos), mas nem trinta acabaram por participar. Com uma lista de prémios não desprezível, não será a fase da época nem a realização das provas em local tão remoto a justificar tanta falta de interesse dos melhores marchadores do mundo. Talvez alguma coisa tenha de ser repensada na regulamentação deste circuito, que desta vez proporcionou 20 mil dólares de prémio para Ana Cabecinha e 4000 para Inês Henriques.
 
Conhecida como a Dubai do Norte da China, Erdos é uma cidade que parece transpirar riqueza. Ostenta edifícios modernos, está organizada de acordo com os melhores modelos de planeamento urbanístico e localiza-se numa zona rica em recursos naturais. No entanto, padece de um dos maiores problemas urbanos do nosso tempo: dificuldades de abastecimento de água.
 
Resultados
10 km masculinos
1.º, Wang Zhen (China), 39.27
2.º, Cai Zelin (China), 39.44
3.º, Chen Ding (China), 39.51
4.º, Li Jianbo (China), 39.56
5.º, Dane Bird-Smith (Austrália), 40.32
6.º, Hirooki Arai (Japão), 40.41
7.º, Eder Sánchez (México), 40.50
8.º, Miguel Ángel Lopez (Espanha), 41.01
9.º, Luke Adams (Austrália), 41.06
10.º, Matej Tóth (Eslováquia), 41.33
11.º, Jared Tallent (Austrália), 42.29
12.º, Rhydian Cowley (Austrália), 43.24
13.º, Yuki Yamazaki (Japão), 46.47
Desistente: Si Tianfeng (China)
 
10 km femininos
1.ª, Liu Hong (China), 43.18
2.ª, Ana Cabecinha (Portugal), 43.31
3.ª, Liu Xiuzhi (China), 43.37
4.ª, Beatriz Pascual (Espanha), 43.54
5.ª, Elisa Rigaudo (Itália), 44.24
6.ª, Tatyana Korotkova (Rússia), 44.52
7.ª, Claire Tallent (Austrália), 45.29
8.ª, Inês Henriques (Portugal), 46.10
9.ª, Olive Loughnane (Irlanda), 46.57
Desclassificada: Qieyang Shenjie (China)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Final de clubes em Cracóvia, Polónia

Agnieska Dygacz (323), Jakub Jelonek e Gregorz Sudol.
Fotos: Piotr Gibas. Montagem: O Marchador.
Grzegorz Sudol (19.30,64) e Agnieszka Dygacz (12.31,89) venceram as provas de marcha de 5.000 e 3.000 metros, respectivamente, da final polaca da liga de clubes disputada em Cracóvia, sábado passado.

Na prova masculina, o comando repartiu-se entre Jakub Jelonek (19.30,80), no primeiro, segundo e quarto quilómetro, e Grzegorz Sudol, no terceiro e à chegada, com escassos 20 centésimos a separarem os dois colegas de equipa. O nível geral foi elevado com todos os atletas chegados a realizarem melhor que 20 minutos e 40 segundos.

Na feminina, a liderança teve apenas um nome, Agnieszka Dygacz, que forçou, e de que maneira, o 1.º quilómetro para um ritmo abaixo dos 4 minutos (3.39,32), deixando antever a possibilidade de bater o recorde nacional (12.16,00 de Katarzyna Radtke, desde 1993), o que não veio a suceder. Mesmo assim, Agnieszka estabeleceria a sua melhor marca pessoal, tal como Paulina Buziak (12.51,62), a segunda classificada.

Por equipa, e no global das várias disciplinas, o AZS-AWF Warszawa obteve a pontuação mais elevada (3582), 40 pontos à frente da formação do KS AZS-AWF Kraków.

Resultados

5.000 metros masculinos
1.º, Grzegorz Sudol, 1978 (KS AZS-AWF Kraków), 19.30,64
2.º, Jakub Jelonek, 1985 (KS AZS-AWF Kraków), 19.30,80
3.º, Dawid Tomala, 1989 (AZS-AWF Katowice), 20.09,27
4.º, Rafal Augustyn, 1984 (AZS-AWF Katowice), 20.11,03
5.º, Rafal Sikora, 1987 (KS AZS-AWF Kraków), 20.29,29
6.º, 301 Rafal Fedaczynski, 1980 (AZS-AWF Katowice), 20.39,51

3.000 metros femininos
1.ª, Agnieszka Dygacz, 1985 (AZS-AWF Katowice), 12.31,89
2.ª, Paulina Buziak, 1986 (AZS-AWF Katowice), 12.51,62
3.ª, Agnieszka Szwarnog, 1986 (KS AZS-AWF Kraków), 12.57,85
4.ª, Katarzyna Golba, 1989 (KS AZS-AWF Kraków), 13.32,07
5.ª, Monika Kapera, 1990 (AZS-AWF Katowice) 14.16,62
Desclassificada: Monika Nawrocka, 1990 (KS Agros Zamosc)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Hélder Oliveira em dia de aniversário

Hélder Oliveira nos seus tempos áureos.

Hélder Oliveira, um dos mais categorizados marchadores portugueses da década de oitenta, faz hoje anos. É, portanto, uma boa ocasião para relembrar que, enquanto atleta, cedo lhe foram reconhecidas, além da qualidade competitiva, outras interessantes facetas, muito apreciadas pelos amantes deste nobre desporto.

Foi muito dedicado e um tecnicista verdadeiramente exemplar. Nunca foi desclassificado nas muitas competições que disputou pelo país e pelo estrangeiro. A imagem que nos é dada a observar é bem exemplificativa desse brio. Nela, o atleta algarvio (dorsal 112) exibe na camisola a palavra “ALGARVE” dado ter sido apoiado pela Região de Turismo do Algarve, que suportou as despesas da viagem.

Na prova, que a mesma foto retrata, realizada na cidade alemã de Hildesheim, Hélder Oliveira segue no grupo da dianteira e é um dos poucos desse grupo, que ostenta uma marcha corretíssima. Aí se vê também, com o dorsal 222, o checo Josef Priblinec , um dos melhores marchadores mundiais da época.

A imprensa local considerou-o mesmo o melhor tecnicista do torneio e convidou-o a estar mais uma semana em Hildesheim a fim de participar, no fim de semana seguinte, numa prova de divulgação da especialidade. Fotos suas foram publicadas na imprensa alemã.

A boa disposição e a constante alegria de Hélder Oliveira foram e têm sido sempre apanágios da sua conduta enquanto desportista e pessoa. Nas excursões era um prazer vê-lo contar histórias e anedotas que animavam as comitivas desportivas. Ainda hoje mantém essa postura animada nos passeios e caminhadas que organiza, com gentes da sua região, mobilizando muitas pessoas, que se deixam contagiar pela sua simpatia e vivacidade, para o exercício de um tipo de vida saudável.

Em fevereiro de 1987, Hélder Oliveira foi capa do boletim “O Marchador”, órgão oficial da então Comissão Nacional de Marcha, da Federação Portuguesa de Atletismo.

Internacional por seis vezes, representou o país nos Jogos Olímpicos de Seúl, em 1988, nas Taças do Mundo de Marcha de Nova Iorque (1987), L’Hospitalet (1989) e São José da Califórnia (1991), bem como nos Campeonatos Europeus de Atletismo de pista coberta, em Liévin (1987) e no Hexagonal da Corunha, em 1988.

No dia do seu aniversário, cumpridas que estão 52 primaveras, a equipa de “O Marchador” envia-lhe calorosas saudações.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Campeonatos dos Estados Unidos de 40 km

Imagem da partida e ainda de Samuel Babativa, Ben Shorey
e Erin Taylor-Talcott. Fotos: Jorge Sosa e facebook (arquivo)
de Ben Shorey e Erin Taylor-Talcott
Ben Shorey, nos masculinos, e Erin Taylor-Talcott, nos femininos, ambos do Shore Athletic Club, venceram este domingo os 74os Campeonatos dos EUA de 40 Km Marcha, realizados em Ocean Township, Nova Jérsia. Ben Shorey registou 3.29.12 h, contra 3.33.25 h de Dan Serianni, segundo classificado, e 3.43.44 h de Ray Sharp, a fechar o pódio, enquanto a primeira senhora se creditava com 3.44.45 h, muito à frente de Tammy Stevenson (4.23.10) e da veterana W60 Cathy Mayfield
(4.54.50).
 
A prova masculina foi desde início liderada por Shorey, na companhia de dois concorrentes extracampeonato, os colombianos Samuel Babativa e Rodrigo Moreno. Isolados na frente a partir de meio da prova, Babativa viria a ser creditado na meta com 3.20.14 h, enquanto Moreno gastava mais sete segundos.
 
Para Ben Shorey, tratou-se do primeiro título nacional de 40 km, enquanto Taylor-Talcott revalidou o título de 2011, totalizando agora quatro vitórias. De caminho, a marchadora do Shore A.C., que no ano passado fez uma experiência de 50 km a repetir em 2012, ainda estabeleceu um novo recorde dos EUA de 25 km, com um registo de 2.13.22 h.
 
Apesar da invulgaridade da distância, estes campeonatos atraíram nada menos que 38 atletas de 14 estados, além dos dois colombianos, num leque de idades dos 13 aos 85 anos, competindo num circuito certificado de dois quilómetros.
 
Por equipas, vitórias em masculinos para o trio do World Class Racewalking, com Dan Serianni (2.º), Chris Schmid (5.º) e Dave McGovern (6.º) a totalizarem 11.52.05 h, ao passo que o Pegasus A.C., do Michigan, vencia entre os veteranos, com 12.32.00 h (Ray Sharp, 3.º; Max Walker, 7.º; e Rod Craig, 8.º). Em ambas as classificações, o clube organizador (Shore A.C.) alcançou o segundo lugar, não tendo havido atribuição de título colectivo no sector feminino. De salientar que esta foi a 48.ª vez em 49 anos que o Shore foi o clube organizador dos nacionais de 40 km, cujos recordes de campeonatos foram estabelecidos em 2002 por Tim Seaman em masculinos (3.06.17) e por Susan Armenta em femininos (3.32.08).
 
Estes campeonatos assistiram ao estabelecimento de dois novos recordes nacionais de 40 km em diferentes categorias de veteranos, de 25 km para juniores masculinos, além de vários outros recordes de categorias em 30 e 35 km.
 
Começados a disputar em 1939, os campeonatos masculinos apresentam no palmarés nomes credenciados da marcha dos Estados Unidos, como Ron Laird (vencedor em 1959, 60, 61, 66 e 69), Larry Young (71 e 72), Ray Sharp (82, 2006, 07, 08 e 09), Carl Schueler (83, 84 e 85), Curt Clausen (88, 97 e 2003) e Tim Seaman (2002 e 2004). Nas senhoras, cuja edição de estreia ocorreu em 1975, surgem nomes como os de Susan Armenta (2002) ou Teresa Vaill (2005).
 
Classificações
40 km masculinos
1.º, Ben Shorey (Shore AC), 3.29.12
2.º, Dan Serianni (World Class Racewalking),3.33.25
3.º, Ray Sharp, M50 (Pegsaus AC), 3.43.44
4.º, Dave Talcott, M50 (Shore AC), 3.47.00
5.º, Chris Schmid, M65 (World Class Racewalking),4.02.10
6.º, Dave McGovern, M45 (World Class Racewalking),4.16.30
7.º, Max Walker, M65 (Pegasus AC), 4.20.04
8.º, Rod Craig, M50 (Pegasus AC), 4.29.12
9.º, Alexis Davidson, M55 (Brooklyn, NYC),4.32.29
10.º, Bill Vayo, M45 (Shore AC), 4.39.20
11.º, Bruce Logan, M45 (Park Walkers,NYC), 4.46.40
12.º, Tim Chelius, M50 (Shore AC), 5.04.27
13.º, Tom Quattrocchi, M60 (Shore AC),5.11.21
14.º, John Backlund, M70 (So Cal Walkers),5.18.56
15.º, Eliot Collins, M60 (Shore AC), 5.58.04
16.º, Robert Newhouser, M55 (NY Walkers),6.28.31
Extracampeonato:
Samuel Babativa (Colômbia), 3.20.14
Rodrigo Moreno (Colombia), 3.20.21
 
40 km femininos
1.ª, Erin Taylor-Talcott (Shore AC), 3.44.45
2.ª, Tammy Stevenson, W40 (Wasatch Walkers,Utah), 4.23.10
3.ª, Cathy Mayfield, W60 (Pegasus AC), 4.54.50
4.ª, Rebecca Garson, W45 (Tidewater Striders,Va.), 4.55.28
5.ª, Maria Paul, W45 (Shore AC), 5.04.26
6.ª, Dorit Attias, W50 (Walk USA), 5.14.58
7.ª, Darlene Backlund, W65 (So Cal Walkers), 5.15.18

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Caio Bonfim e Cleia Silva triunfam no Sub 23 brasileiro

Cleia Silva e os componentes do pódio masculino, Caio Bonfim,
Rudney Nogueira e Jean Rominhuk. Fotos: Wagner Carmo/CBAt.
Montagem: O Marchador. 
Realizou-se este fim de semana o campeonato brasileiro de atletismo de Sub-23, uma organização da Confederação Brasileira de Atletismo e da Federação de Atletismo do Paraná, com as provas de marcha, na distância de 20.000 metros, a serem realizadas na pista do Estádio Willie Davids, em Maringá.

Na prova masculina Caio Bonfim, atleta do Distrito Federal, e que recentemente esteve nos Jogos Olímpicos, venceu muito tranquilamente, construindo uma ampla vantagem de 13 minutos sobre o segundo classificado, superioridade que se começou a notar logo nas primeiras voltas da prova. Caio completou a prova em 1.25.14,1, novo recorde da competição. O anterior máximo era de Rafael Duarte, com 1.27.08,5, tempo estabelecido em 2004.

Na prova feminina, Cleia Silva, também do Distrito Federal, conquistou o título de esperanças, com o tempo de 1.55.55,6, ainda assim com uma confortável vantagem de cerca de 6 minutos sobre a sua mais direta competidora. A atleta superiorizou-se à detentora da melhor marca brasileira anual na categoria, Camila da Silva, segunda classificada.

Na classificação coletiva São Paulo foi a primeira arrecadando 75 medalhas (31 de ouro, 24 de prata e 20 de bronze) seguida do Rio de Janeiro, com 20 medalhas (4,9,7) e do Distrito Federal, com 5 (3,2,0). Brevemente serão conhecidos os representantes brasileiros no Campeonato Sul-americano da categoria que terá lugar nos dias 22 e 23 deste mês, em São Paulo.

Resultados

20.000 metros masculinos (8 Set.)
1.º, Caio Oliveira de Sena Bonfim (1991), 1.25.14.1
2.º, Rudney Dias Nogueira (1990), 1.38.17.5
3.º, Jean Pedro Rominhuk (1992), 1.40.51.0
4.º, Diogo Mello da Rosa (1992), 1.46.30.6
Desclassificados:
Brian Willian Schmoegel (1993), Max Batista Gonzalves dos Santos (1994) e Eduardo Martins da Silva (1992).

20.000 metros femininos (9 Set.)
1.ª, Cleia da Cruz Silva (1992), 1.55.55.6
2.ª, Camila da Silva (1992), 2.02.43.8
3.ª, Thais Cristina Fernandes da Silva (1991), 2.10.27.2
4.ª, Rute dos Santos (1993), 2.11.42.2
5.ª, Gabriela Fernandes Lopes (1992), 2.16.16.1
6.ª, Marcilia Bellini Choinaki (1994), 2.22.39.9
Desclassificada: Maria Teresa de Oliveira Gaspar da Silva (1991);
Desistentes: Deise Barbosa da Silva (1991) e Leticia Aline de Souza (1994).

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Druskininkai (Lituânia) em festa

Druskininkai 2012. Fotos: Gintaras Grigas/LAF

A XX edição do meeting de marcha de Druskininkai e, em simultâneo, campeonatos da Lituânia de 10 km em estrada, realizou-se no passado sábado em clima de festa, contando com a participação de cerca de centeia e meia de atletas, com delegações da Polónia, Bielorrússia e Letónia.

Marius Žiūkas (Prienai-Vilnius, 40.59) e Brigita Virbalytė (Vilnius-Alytus, 44.15) foram os vencedores das principais provas sobre 10 km do meeting e sagraram-se campeões da distância pela quarta e terceira vez, respectivamente. Ambos registaram marcas de boa valia e que constituem as melhores da temporada. Brigita estabeleceu a sua melhor marca pessoal.

Tadas Šuškevičius (42.10) e Genadij Kozlovskij (42.50), nos masculinos, e Kristina Saltanovič (46.23), já em regime de férias, e Agnė Klebauskaitė (49.45), ocuparam os restantes lugares do pódio.

Principais resultados:

10 km masculinos
1.º, Marius Žiūkas, 40.59
2.º, Tadas Šuškevičius, 42.10
3.º, Genadij Kozlovskij, 42.50
4.º, Ričardas Rekst, 43.38
5.º, Mieczysław Romanowski (Polónia), 44.13
6.º, Artur Mastianica, 44.17
7.º, Rafał Goławski (Polónia), 46.10
8.º, Janusz Goławski (Polónia), 52.17

10 km femininos
1.ª, Brigita Virbalytė, 44.17
2.ª, Kristina Saltanovič, 46.23
3.ª, Agnė Klebauskaitė, 49.45
4.ª, Inga Mastianica, 51.02
5.ª, Nadzeya Darazuk (Bielorrússia), 52.25
6.ª, Jolanta Karaś (Polónia), 54.23
7.ª, Emilia Kopeć (Polónia), 57.13
8.ª, Rita Andrejeva, 1.01.19

10 km masc. 1993-1994
1.º, Edgars Gjačs (Letónia), 43.16
2.º, Yauhen Tsitsiak (Bielorrússia), 44.57
3.º, Wiktor Szabo (Polónia), 45.05
9 participantes

5 km fem. 1993-1994
1.ª, Marlena Chojecka (Bielorrússia), 24.27
2.ª, Gintarė Vaiciukevičiūtė, 24.30
3.ª, Skirgailė Gumauskaitė, 27.46
4 participantes

5 km masc. 1995-1996
1.º, Vadzim Lamanosau  (Polónia), 23.07
2.º, Tomas Pagirys, 23.13
3.º, Paulius Abasevičius, 23.55
6 participantes

3 km fem. 1995-1996
1.ª, Živilė Vaiciukevičiūtė, 14.30
2.ª, Monika Vaiciukevičiūtė, 14.48
3.ª, Olga Niedziałek (Polónia), 14.57
9 participantes

domingo, 9 de setembro de 2012

Egídio Bernardes, um treinador especial

Egídio Bernardes (em cima, 2.º à esq.) no Campeonato do Mundo de
Atletismo S.Down IAADS - Açores (Maio/2012), evento que teve como
patrono o ex-internacional futebolista Pauleta. Foto: ANDDI.
Auxiliar pedagógico do ensino especial, Egídio Bernardes exerce funções no Centro de Educação Especial “O Ninho”, em Rio Maior, desde há três décadas, contribuindo com todo o seu entusiasmo e saber para a causa do atletismo, particularmente, na área da deficiência intelectual.

Segundo o próprio refere, “o desporto é um ótimo meio de promover a integração social das pessoas portadoras de necessidades especiais, mais um meio tendente de criar modos e condições de vida o mais semelhantes possível com as formas e condições de vida do resto da sociedade”.

E é neste sentido que viu na marcha atlética a possibilidade de desenvolver um trabalho junto dos alunos da instituição. Em finais da década de 80, iniciou a sua atividade no atletismo e, apesar de não ser um especialista de marcha, observava com atenção a atividade dos marchadores, apreendendo os conhecimentos técnicos em ações e cursos de formação.

Apesar das dificuldades sentidas no desenvolvimento do projeto – é ele próprio que na sua viatura particular leva os atletas às provas, a motivação e o entusiasmo destes é notório. O lema adotado é sempre o de se conseguir concluir a prova, não importando o lugar, mas procurando cumprir as regras por que se rege a disciplina. O sucesso é inegável.

Há quem tenha já conseguido excelentes resultados no plano competitivo e o exemplo mais paradigmático é o de Pedro Isidro, atleta internacional que representa as cores do Sport Lisboa e Benfica, no plano federado, treinado por Luís Dias, e que se tornou no primeiro atleta com deficit intelectual a nível mundial a participar nos Jogos Olímpicos, concretamente os de Londres, na prova de 50 km marcha que, estoicamente, concluiu.

A APD-Amadora, organização filiada na ANDDI (Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual), a que Pedro Isidro está filiado, congratulou-se com a seleção para os Jogos referindo tratar-se de “um feito a todos os níveis assinalável e uma enorme conquista de integração”.

Egídio Bernardes foi o primeiro treinador de Pedro Isidro, era este novato. Fica, portanto, o reconhecimento a quem faz do desporto um veículo de integração na sociedade.

sábado, 8 de setembro de 2012

Shaul Ladany, marchador sobrevivente do atentado de Munique

Shaul Ladany (2.º esq.) numa visita recente ao Estádio Olímpico
de Munique, com outros sobreviventes do atentado de 1972.
Foto: DAPD
Cumpriram-se esta quarta-feira 40 anos sobre uma das grandes tragédias da história do desporto: o assalto palestiniano à aldeia olímpica de Munique. O saldo foi a morte de 17 pessoas: 11 membros da delegação de Israel, cinco comandos palestinianos e um polícia alemão. Entre os israelitas que escaparam, encontrava-se Shaul Ladany, um professor do Instituto Superior de Comércio de Telavive que na véspera participara na prova de 50 km marcha, classificando-se no 19.º lugar.
 
No momento do ataque, Ladany estava a dormir, tal como os restantes quatro companheiros do apartamento n.º 2. Sem que nunca se tivesse percebido porquê, os palestinianos não ligaram a essa residência, passaram por ela e avançaram para outras desse mesmo edifício 31 da Rua Connolly. Quando atacaram o apartamento 3 encontraram resistência inesperada, que os obrigou a abrir fogo. Os disparos acordaram a vizinhança, Shaul Ladany incluído.
 
Sem tempo para pensar com clareza mas percebendo que alguma coisa terrível estava a passar-se, Ladany teve o discernimento de saltar pela janela do seu rés-do-chão. Os israelitas não tinham sido alertados para qualquer perigo do género mas estavam habituados a ter de cuidar-se onde quer que fossem. Já na rua, o marchador desatou a correr com quanta força tinha, sem olhar para trás, contornando o edifício e indo bater à porta de outro rés-do-chão, onde estavam alojados treinadores da selecção dos Estados Unidos. Depois de rapidamente explicar o que se passava foi puxado para dentro. Tinha conseguido escapar.
 
Os companheiros de quarto, esses ainda lá tinham ficado a espreitar pelas cortinas para tentar perceber o que se passava. De início não se assustaram, porque numa das noites anteriores já tinham sido acordados com disparos de atletas do tiro que comemoravam os feitos olímpicos com tiros para o ar a meio da noite. Desta vez, não era o caso, mas levaram mais tempo a perceber isso do que Shaul Ladany.
 
Shaul tinha quatro anos e vivia em Belgrado quando a força aérea nazi bombardeou a cidade, arrasando-lhe a casa. Já dessa vez tivera a sorte de escapar, com toda a família. Mas não se livrou do degredo dos campos de concentração. Foi levado para Bergen-Belsen, 40 quilómetros a noroeste de Hanôver, de onde foi libertado em 1945 pelos exércitos aliados, a par do pai, da mãe, das irmãs e de mais 40 mil pessoas. Tinha então oito anos e entrava na sua «terceira vida». A quarta começaria na madrugada de 4 para 5 de Setembro de 1972, de novo em solo alemão.
 
Shaul Paul Ladany tem 76 anos, vive na pequena cidade israelita de Omer, perto do deserto do Negev, e é professor de Engenharia Industrial na Universidade Ben-Gurion, tendo oito patentes registadas, mais de cem comunicações científicas apresentadas e 13 livros publicados. Num deles, «King of the Road», editado em 1997, conta em 378 páginas a sua experiência de marchador.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

JOSÉ MARÍN

José Marín em Atenas, 1982. Foto: RFEA.
Eis uma das figuras mais importantes da marcha atlética espanhola e mundial em toda a década de oitenta: Josep Marín Sospedra, campeão europeu de 20 km nos Campeonatos Europeus celebrados em Atenas, em 1982, que aqui, em jeito de homenagem, relembramos, passados que estão precisamente 30 anos (7 de setembro).

Três dias após a conquista da medalha de ouro nos 20 km de Atenas, Marín classifica-se na segunda posição nos 50 km sendo eleito como o melhor atleta espanhol de 1982. Outro grande feito deste magnífico atleta, que nos causava muita admiração aquando das deslocações de equipas portuguesas a Barcelona, por ocasião do Grande Prémio de L’Hospitalet, foi conseguido nos primeiros mundiais de atletismo, realizados em 1983, em Helsínquia onde conquistou a medalha de prata nos 50 km marcha. 

Nascido em 25 de janeiro de 1950 em Prat de Llobregat, em Barcelona, Espanha, foi atleta internacional por 56 vezes. Recordista mundial dos 30 e 50 km marcha em pista, em 1979, Marín representou a Espanha por quatro vezes em Jogos Olímpicos onde sempre registou resultados de topo: Moscovo, 1980 (5.º nos 20 km, 6.º nos 50 km), Los Angeles, 1984 (6.º nos 20 km), Seúl, 1988 ( 4.º nos 20 km, 5.º nos 50 km) e Barcelona, 1992 (9.º nos 50 km).

A carreira desportiva de Marín foi ainda marcada por outros resultados, muito relevantes, no panorama internacional: em 1985 vence os 20 km da Taça do Mundo de Marcha e em 1987 é medalha de bronze nos 20 km dos Mundiais de Roma. 

José Marín que, entretanto enveredou pela carreira de treinador, conduzindo alguns dos melhores marchadores espanhóis a êxitos internacionais, é atualmente o responsável técnico do setor de marcha da Real Federação Espanhola de Atletismo.

Lembremos os 16 primeiros classificados nos 20 km:

1.º, José Marín (Espanha), 1.23.43
2.º, Jozef Pribilinec (Checoslováquia), 1.25.55
3.º, Pavol Blažek (Checoslováquia), 1.26.13
4.º, Gérard Lelièvre (França), 1.26.20
5.º, Alessandro Pezzatini (Itália), 1.26.39
6.º, Carlo Mattioli (Itália), 1.26.56
7.º, Nikolay Matvieyev (União Soviética), 1.27.57
8.º, Reima Salonen (Finlândia), 1.28.04
9.º, Roland Wieser (Rep. Democrática Alemã), 1.29.11
10.º, Pyotr Pochenchuk (União Soviética), 1.30.13
11.º, Steven Barry (Grã-Bretanha), 1.31.00
12.º, Martial Fesselier (França), 1.32.23
13.º, Ian McCombie (Grã-Bretanha), 1.32.36
14.º, José Pinto (Portugal), 1.34.19
15.º, Lennart Mether (Suécia), 1.35.09
16.º, Jan Staaf (Suécia), 1.37.37