quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Há 30 anos era assim...

A equipa do CCD Olivais Sul que participou na prova de
Vila Franca de Xira. Foto: arquivo O Marchador.
Ano marcante para a marcha atlética, o de 1983. Sob o ponto de vista do aumento exponencial de praticantes, na vertente da qualidade de alguns deles, e na progressiva integração da especialidade no programa dos campeonatos nacionais para os diversos escalões etários.

Entre os melhores, havia, no setor masculino, o José Pinto, o Hélder Oliveira, o Francisco Reis, o Paulo Alves... no setor feminino, a Paula Gracioso, as irmãs Batuca Toureiro, Fátima e Ana..., enquanto Jorge Esteves, Paulo Santos e Luísa Correia afirmavam-se.

Daqueles, foi José Pinto (CF Belenenses) o primeiro a merecer posição de algum destaque no panorama internacional. Em 1982 fazia história no atletismo português que, pela primeira vez, inscrevia um seu representante a uma prova de marcha de uma grande competição internacional: os Europeus de Atenas, na distância de 20 km. E em 1983 abriam-se-lhe  novos horizontes ao alcançar os mínimos (Mundiais de Atletismo, em Helsínquia), na primeira competição de 50 km, realizada em Portugal, que venceu folgadamente. Os organizadores tiveram como propósito fundamental o de proporcionar ao tri-campeão português de 20 km o desejado objetivo.

Nessa histórica prova, que teve lugar em Alenquer, de onde eram naturais Francisco Reis e Paulo Santos, a organização coube ao (muito ativo) Clube Português de Marcha Atlética e ao Sporting Clube de Alenquer. Também Paulo Alves, um dos pioneiros da atividade no nosso país, atleta do Clube de Futebol de Santa Iria, estrear-se-ia na distância, classificando-se na segunda posição.

A especialidade ia merecendo destaques na imprensa desportiva. Manuel Arons de Carvalho, numa extensa reportagem sobre o tema (maio de 1983) diria, a certo passo: “Muitas vezes rejeitados, eles foram teimando, insistindo, organizando. As provas começaram a surgir aqui e ali, aproveitando a receptividade deste e daquele clube e a ajuda (preciosa) da Associação de Atletismo de Lisboa (que quase tem funcionado como Federação da especialidade). Folhas informativas, folhetos, boletins, anuários, foram sendo executados, no sentido de ir sensibilizando técnicos e jornalistas. Festas da marcha, eleições dos melhores especialistas, acções de informações foram outras das iniciativas tendentes a reforçar a unidade entre os marchadores, uma autêntica família dentro do atletismo.”

As parcerias com Juntas e Câmaras Municipais iam dando frutos. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira organizou, naquele ano, em colaboração com o departamento de marcha da Associação de Atletismo de Lisboa, numa iniciativa tendente a estimular a prática do exercício físico, uma prova de 5 km marcha que contou com a presença de 150 atletas, número invulgar para a época. A competição, denominada “Prova de Marcha para Todos” percorreu as principais artérias da vila, com muito público a assistir, e terminou junto à Praça de Touros onde decorria a feira anual do concelho. O C.C.D. de Olivais Sul, o Caniços, a A.D. Oeiras, o G.D. Amupa e a A.D. Leões Apelaçonenses, foram os clubes com maior número de participantes, com destaque para a representação lisboeta, a maior de todas, que então tinha a sua sede no Palácio do Contador-Mor.