domingo, 31 de outubro de 2010

Molina vence Heffernan em Guadix

Juan Manuel Molina venceu este domingo os 5 km masculinos do XXV Grande Prémio de Marcha Atlética Cidade de Guadix (VI Memorial Manuel Alcalde), impondo-se com 21.39 m ao favorito Robert Hefffernan, 4.º classificado nos recentes europeus de Barcelona, creditado com mais sete segundos. O atleta de Cádiz e o irlandês mantiveram-se em despique directo durante os primeiros três quilómetros, ao final dos quais Molina desferiu um ataque que viria a revelar-se decisivo.

Mais para trás, Francisco Arcilla e outro irlandês, Michael Doyle, tentavam manter a dupla da liderança em ponto de mira, mas tal acabou por revelar-se impossível, terminando Arcilla com 22.03 m, enquanto Doyle se creditava com 22.09 m.

No sector feminino, a juvenil Amanda Cano foi a autora do melhor resultado nos 3 km da prova conjunta das senhoras, terminando com 14.58 m, à frente da primeira sénior, Dolores Marcos (15.15).

O XXV Grande Prémio de Marcha Atlética Cidade de Guadix serviu mais uma vez para homenagear o antigo marchador internacional e treinador da especialidade Manuel Alcalde, responsável pelo lançamento a nível internacional de Francisco Fernández, que, por sua vez, se mantém como organizador do evento, agora que se encontra suspenso da actividade competitiva sob acusação de dopagem.

O evento registou a participação de mais de 150 atletas, provenientes das mais diferentes regiões de Espanha e também de fora do país.

Maribel Gonçalves regressa às vitórias

Maribel Gonçalves (GD Estreito) voltou este sábado a conhecer o sabor da vitória ao alcançar o primeiro lugar nos 5 km femininos da 9.ª Légua de Marcha Atlética de Alvaiázere. A marchadora madeirense creditou-se com 25.29 m, marca que, não sendo muito expressiva, não deixou de bastar para se impor à concorrência, liderada pela júnior Daniela Cardoso (AC Vermoil, 26.01). O pódio sénior seria completado por Sandra Vieira Leitão (ADR Palhaça, 27.03) e por Anabela Neves (GD Lourocoope, 33.33).

Por sua vez, no sector masculino, Sérgio Vieira (CN Rio Maior) foi o primeiro na meta, averbando 20.54 m, à frente do espanhol Leonardo Toro (CA Extremadura, 22.42) e de Nuno Santos (CF Belenenses, 24.04).

Colectivamente, venceu o Centro de Atletismo das Galinheiras, com 61 pontos, secundado pelo Grupo Desportivo da Lourocoope (57) e pelo Atlético Clube Alfenense (53), à frente de um conjunto de 23 equipas.

Os resultados completos da 9.ª Légua de Marcha Atlética de Alvaiázere podem ser consultados na página de «Calendário» deste blogue.

sábado, 30 de outubro de 2010

Disponíveis os resultados de Alvaiázere, 30 de Outubro

Consulte os resultados (provisórios) da 9.ª Légua e 11.º Grande Prémio de Marcha Atlética de Alvaiázere na secção de «Calendário», ao cimo da página, situação possível pela gentileza e colaboração da organização local.

Lisboa perde atletas na época de 2010

Lisboa é o distrito que ao longo dos anos tem apresentado maior número de atletas nas provas de marcha realizadas no país. E 2010 parece não ter constituído excepção.

Reportando-nos à estrutura federada (atletas filiados na A.A. Lisboa), o balanço não é favorável, atenta a quebra de 17 por cento na comparação entre os números de atletas que participaram em provas de marcha nas duas últimas épocas (152 atletas em 2009 para 126 em 2010). Esta situação contrasta com o sucedido em anterior comparação (2008 para 2009), que revelava uma melhoria de 30 por cento.

Apesar de tudo, há a destacar o laborioso trabalho desenvolvido por alguns clubes da capital, especialmente na área dos escalões mais jovens, casos da Associação Cultural e Recreativa da Mealhada, do Grupo Desportivo de São Domingos, do Centro de Atletismo das Galinheiras, da Associação Desportiva dos Leões Apelaçonenses e do Grupo Desportivo Águias da Charneca.

Aos clubes mencionados junta-se uma dezena de outros que abordam a disciplina competitivamente, concluindo-se, no entanto, que a totalidade destes representa apenas 30 por cento do universo da A.A.L. com actividade em 2010.

O número de jovens dos escalões de formação que têm participado nas provas de marcha em comparação com o número total de inscritos oficialmente no distrito de Lisboa na mesma base representa apenas 10 por cento, valor escasso que nos leva a concluir que existe de facto um não alinhamento com a multidisciplinaridade da modalidade, tantas vezes invocada e onde a marcha atlética deveria, naturalmente, estar incluída.

Estas ocorrências devem constituir motivo de preocupação e de reflexão pelas repercussões negativas no todo nacional.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

9.ª Légua (e 11.º G. Prémio) de Alvaiázere, 30 de Outubro

Consulte o regulamento da 9.ª Légua e 11.º Grande Prémio de Marcha Atlética de Alvaiázere na secção de «Calendário», ao cimo da página.

Até ao momento (17 horas) é possível apurar 124 atletas inscritos, em representação de 20 clubes e oriundos de 7 distritos do país. Está prevista também a participação de duas equipas espanholas.

Daniela Cardoso e Samuel Pereira, melhores juniores de 2010

Daniela Cardoso
Foto: Atletismo Magazine
Daniela Cardoso, do Atlético Clube de Vermoil (Pombal), e Samuel Pereira, do Feras Sportive – União Atlética da Guarda, lideram as listas anuais (2010) na categoria de juniores, distância de 10.000 metros, tanto em pista como em estrada.

Enquanto a atleta de Vermoil (na foto) obteve como melhor 51.48 m (pista) e 53.42 m (estrada), já o atleta da Guarda, ainda juvenil, realizou 46.39,24 m (pista) e 46.27 m (estrada), ambos sagrando-se igualmente campeões nacionais.

Seguiram-se-lhes, no sector feminino, Sandra Monteiro (Centro de Atletismo de Avintes) e Joana Monteiro (atleta juvenil do Atlético Clube de Vermoil) e, no sector masculino, Flávio Silva (Futebol Clube do Porto) e Bruno Pedro (atleta juvenil do Grupo dos Amigos de Casais do Vento), tendo sido escolhidos, para o efeito, os melhores tempos dos realizados em estrada ou na pista.

De notar, no plano internacional, a ausência de atletas juniores em campeonatos europeus e mundiais da categoria, dada a não obtenção dos mínimos exigidos pela FPA, facto ocorrido pela terceira vez no período compreendido entre 1985 e 2010. Outras ausências verificaram-se nos europeus de 1987 e nos mundiais de 2004.

Particularmente na década de 90 e em especial no sector feminino, os resultados obtidos internacionalmente foram espectaculares. Para o nosso país vieram medalhas através de Susana Feitor, em 1990 (ouro), 1991 (prata), 1993 (ouro) e 1994 (prata), e de Sofia Avoila, em 1995 (ouro).

Este blogue disponibiliza na secção “Estatística” as listas completas do ano nas provas referenciadas.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Juízes internacionais de marcha avaliados em Paris


José Dias (juiz de marcha do painel da AIFA) e Joaquim Graça (juiz de marcha do painel da AEA) vão estar presentes, no fim-de-semana de 30 e 31 de Outubro, em Paris, onde serão submetidos a exames com vista o primeiro à manutenção e o segundo à ascensão ao grau mais elevado do sector do ajuizamento a nível internacional (nível III da AIFA).
A iniciativa, da responsabilidade da federação internacional de atletismo, enquadra-se num plano contínuo de formação e certificação de juízes internacionais de marcha.

José Dias é presentemente o único português no nível mais elevado daquele painel, enquanto Joaquim Graça é um dos portugueses (com Ana Toureiro) integrados no segundo nível do painel. Pela segunda vez serão avaliados num só local todos os juízes pertencentes ao painel da AIFA, a que se juntará outro grupo restrito, num total de 52 participantes, provenientes dos cinco continentes.

Serão realizados exames escritos e orais, testes de análise de situações reais em vídeo, submetendo-se ainda todos os candidatos a testes de acuidade visual, estes de carácter eliminatório.

Após ser dada a conhecer a constituição do novo painel para um período de quatro anos, composto de 30 elementos, a AIFA fará a designação dos juízes que actuarão nas principais competições internacionais de atletismo, nomeadamente os Jogos Olímpicos de 2012 (Londres) e os Campeonatos Mundiais de 2011 e 2013, a realizar em Daegu (Coreia do Sul) e Moscovo (Rússia), respectivamente.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Alvaiázere a caminho dos mil


A propósito da realização, a 30 de Outubro, da IX Légua de Marcha Atlética de Alvaiázere (11.º grande prémio), vale a pena fazer uma breve análise do historial de participações neste evento nascido em 2000. Desde logo, percebe-se pelo gráfico que o ano de 2009 foi claramente o de maior participação, com 143 atletas a alinharem nas partidas. Antes, só em 2005 se tinha ultrapassado a centena de participações (115), ainda que por duas vezes (2006 e 2007) essa linha tenha estado quase a ser superada.

Nota-se também que as primeiras três edições constituíram uma espécie de lançamento da prova, com participações ainda reduzidas, a rondar a meia centena. Não é mencionado no gráfico mas pode acrescentar-se que, apesar do número de participantes, a quantidade de associações de proveniência dos clubes era já ao nível da actualidade: de 2000 a 2003 foram sete a nove essas associações, valor semelhante ao actual e que por apenas uma vez, em 2004, foi ultrapassada, com a presença de clubes de 10 associações distritais.

Contabilizando a globalidade das participações obtém-se uma média de 86 atletas por edição (representando 20 clubes, provenientes de oito associações). Um total de presenças em 2010 semelhante ao de 2009 permitirá que a soma das participações em todas as edições de Alvaiázere ultrapasse as mil (por agora vai em 861).

A título de curiosidade refira-se ainda que o circuito das provas dentro da vila teve duas alterações de configuração, competindo-se actualmente no terceiro cenário deste evento que tem já lugar cativo no calendário nacional da marcha atlética.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mais uma prova do circuito italiano de marcha

A prova do Grande Prémio de Marcha de Itália, realizada em Grottammare a 24 de Outubro, produziu os resultados que se destaca em baixo. Este torneio constiuiu a sétima prova masculina e sexta feminina a contar para o circuito italiano de marcha atlética de 2010, designado Gran Prix Marcia.

10 km masculinos
1.º, Marco De Luca, 41.32;
2.º, Vincenzo Taliano, 42.30;
3.º, Ruggero D'Ascanio, 43.20;
4.º, Giuseppe Marchiselli, 43.28;
5.º, Andrea Previtali, 43.50.

10 km femininos
1.ª, Sibilla Vincenzo, 44.40;
2.ª, Rossella Giordano, 45.11;
3.ª, Eleonora Anna Giorgi, 45.25;
4.ª, Antonella Palmisano, 46.12;
5.ª, Nicoletta Dell'Aquila, 46.36.

IX Légua de Marcha Atlética de Alvaiázere

A vila beiroa de Alvaiázere acolhe dia 30 de Outubro a nona edição da já tradicional légua local de marcha atlética (décimo primeiro grande prémio), iniciativa desde sempre organizada pelo jornal «O Alvaiazerense» e pelo Grupo de Amigos de Casais do Vento. As provas serão disputadas num circuito de 500 metros junto à Escola Dr. Manuel Ribeiro Ferreira e terão início às 15h00, com a realização das competições masculina e feminina de 1 km para benjamins. A série de partidas seguinte, quinze minutos depois, inclui a prova de 2 km para infantis e iniciados e desporto especial. O último tiro está marcado para as 16h30, quando saírem os participantes nas provas masculinas de juniores, seniores e veteranos de 5 km.
De assinalar o trabalho empenhado de António Gonçalves, principal dinamizador da iniciativa que reuniu, no ano passado, um número recorde de participantes, quase chegando à centena e meia.
Além dos troféus atribuídos aos melhores classificados e medalhas a todos os participantes, serão ainda instituídos prémios monetários (três primeiros absolutos masculinos e femininos e cinco primeiras equipas da geral colectiva).
Na foto António Gonçalves, treinador e responsável do Grupo de Amigos de Casais do Vento.
Este blogue disponibiliza na secção “Calendário” o programa de provas.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

José Bagio estreia-se nos 50 km com vitória

O marchador brasileiro José Alessandro Bagio estreou-se este domingo, em Barueri (São Paulo) nos 50 km, conseguindo uma vitória com 4.02.36 h, marca que o catapulta para a liderança das listas anuais brasileira e sul-americana da distância. Nos lugares imediatos terminaram Mário Santos Júnior (4.03.30) e o argentino Fábio González (4.41.08).

Os resultados dos dois internacionais brasileiros, obtidos sobre um circuito de 1000 metros, não correspondem ainda aos mínimos exigidos pela Confederação Brasileira de Atletismo para os mundiais de Daegu do próximo ano, estabelecidos em 3.52.54 h, marca calculada pela média do 12.º lugar dos Mundiais de Osaka (2007) e Berlim (2009) e dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008).

No entanto, considerando o currículo dos dois atletas, é de admitir uma aproximação a esses mínimos na Copa Brasil de Marcha, que terá lugar em Janeiro.

domingo, 24 de outubro de 2010

Kristina Saltanovic e Pedro Isidro vencem em Loures

Kristina Saltanovic e Pedro Isidro foram os vencedores das provas de seniores (em conjunto com juniores) da 7.ª Légua da Marcha de Santo António dos Cavaleiros, realizada sábado em Loures. A atleta lituana registou 24.01 m nos 5 km, impondo-se a Daniela Cardoso (AC Vermoil, 27.04, 1.ª júnior) e a Ana Raquel Santos (SL Benfica, 30.38).

Já o benfiquista cumpriu a légua em 22.14 m, o suficiente para se impor a Luís Silva (Académica, 22.45) e a Leonardo Toro (Espanha, 22.57), numa prova em que o melhor júnior foi Diogo Henriques (CN Rio Maior, 24.43).

O torneio contou com a participação de 173 atletas, representando 22 clubes de seis associações, Espanha e Lituânia.

Cumprindo uma tradição que vem da origem deste torneio, mais uma atleta foi alvo de homenagem por parte da organização, recaindo desta vez a escolha na mais internacional e premiada das marchadoras portuguesas, Susana Feitor.

Os resultados completos da 7.ª Légua da Marcha de Santo António dos Cavaleiros podem ser consultados na página «Calendário» deste blogue.

Reportagem fotográfica - 7.ª Légua de Marcha de Santo António dos Cavaleiros (23/10)

Veja a reportagem fotográfica do nosso parceiro Atletismo Magazine - Modalidades Amadoras (fotos de José Gaspar) em: 

sábado, 23 de outubro de 2010

Associação Mundial de Veteranos nomeia Ana Toureiro

Ana Toureiro, juíza internacional de marcha, pertencente ao quadro de juízes da especialidade da Associação Europeia de Atletismo, foi escolhida pela estrutura dirigente que coordena o atletismo veterano a nível mundial (WMA) para integrar o recém-criado painel de juízes de marcha, a par do italiano Moreno Beggio e do porto-riquenho Cándido Velez.
A juíza portuguesa integra desde 2005 os órgãos do Comité de Estrada da Associação Mundial de Veteranos e em Agosto deste ano actuou nos Campeonatos Europeus de Veteranos, realizados na Hungria.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

7.ª Légua de Santo António dos Cavaleiros, 23 de Outubro

Consulte o regulamento da 7.ª Légua de Santo António dos Cavaleiros na secção de «Calendário», ao cimo da página.

Definidas provas de marcha do circuito europeu de 2011

A Associação Europeia de Atletismo, na reunião de calendário realizada a 15 de Outubro, em Belgrado, definiu o grupo de provas que constarão do circuito europeu para 2011.

Lugano (Suíça), “Memorial Mario Albisetti”, a 20 de Março, Dudince (Eslováquia), a 26 de Março, Podebrady (República Checa), a 9 de Abril (de novo na mesma data da prova de Rio Maior), e Dublin (Irlanda), a 26 de Junho, esta em alternância anual com Leamington/Earls Colne, serão as provas que farão parte do circuito, sendo previsível que algumas venham a ser pontuáveis para o Challenge da AIFA (categoria C).

Das que fizeram parte do circuito de 2010, há a salientar a não inclusão da prova algarvia de Olhão, que integrara o seu grande prémio nos campeonatos nacionais e no próximo ano será palco da Taça da Europa de Marcha, e a de Alytus (Lituânia), apesar de os organizadores manterem a sua realização mas num âmbito mais doméstico.

De notar que Podebrady, a cinquenta quilómetros de Praga, acolherá na mesma ocasião um importante encontro internacional de selecções com a participação dos seguintes países: República Checa, Suíça, Itália, Bielorrússia, Lituânia, Eslováquia, Espanha, Suécia e Hungria.

Na última edição do circuito, a Associação Europeia avaliou as marcas obtidas e, tendo por base a tabela internacional, Lugano, com 11.662 pontos, obteve a melhor pontuação.

1.ª Conferência Europeia de Marcha Atlética

O desenvolvimento do treinador e do atleta a longo prazo será o tema principal da 1.ª Conferência de Marcha Atlética, a realizar nos dias 5, 6 e 7 de Novembro, na Universidade de Carnegie, Leeds, Inglaterra.
A iniciativa é da responsabilidade da Associação Europeia de Atletismo, em colaboração com as federações de atletismo da Grã-Bretanha e de Inglaterra, e assenta na apresentação de comunicações e na realização de oficinas.
A conferência terá a participação de especialistas mundiais nas áreas da ciência e da medicina desportiva, académicos, juízes internacionais de marcha, além de atletas consagrados.
De entre os conferencistas salientamos Antonio La Torre (Itália), na foto, professor de Ciências do Desporto na Universidade de Milão e treinador de Ivano Brugnetti, campeão olímpico em Atenas, e que já por duas vezes esteve em Portugal transmitindo os seus vastos conhecimentos; Brent Vallance, professor de marcha no Instituto Australiano de Desporto e treinador do duplo medalhado olímpico, Jared Tallent; Peter Marlow (Grã-Bretanha) e Luís Saladie (Espanha), destacados juízes internacionais de marcha e prelectores e examinadores nas várias certificações levadas a efeito pela Associação Internacional de Federações de Atletismo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Francisco Reis brilha em Inglaterra

Um dos «históricos» da marcha em Portugal, destacando-se como marchador ao serviço do C.F. Santa Iria e internacional desde 1984, Francisco Reis continua a revelar-se um atleta combativo, vencendo com regularidade provas da especialidade em Inglaterra, país que o acolheu profissionalmente há já mais de vinte anos. Em 17 de Outubro, Francisco Reis, com 50 anos e a representar o Ilford A.C., venceu a prova aberta de 10 km de Northampton, registando 49.55 m, com uma vantagem superior a quatro minutos sobre o segundo classificado, Nick Sylvester (Aldershot Farnham, 54.14).

O torneio de Northampton tinha ainda o aliciante da realização de provas de 50 km, com Scot Davies, também do Ilford A.C., a vencer, com 4.28.29 h, enquanto Maureen Noel (Belgrave Harriers) se impunha no sector feminino, com 5.49.55 h.

Franciso Reis visava de início alinhar precisamente nesta prova longa, mas uma arreliadora lesão surgida no início da semana da competição obrigou-o a mudar de ideias, ficando a estreia nos 50 km adiada para melhor oportunidade.

Aguarda-se agora notícia de novos sucessos deste marchador português que na década de 80 participou nos mais empolgantes despiques na luta pelos títulos nacionais da disciplina, tendo feito parte da selecção que pela primeira vez representou Portugal em taças do mundo (Nova Iorque, 1987).

G.D. São Domingos homenageia Susana Feitor

A campeoníssima Susana Feitor vai ser alvo de homenagem por ocasião da 7.ª Légua da Marcha Atlética de Santo António dos Cavaleiros, a 23 de Outubro. A organização da prova, a cargo do Grupo Desportivo de São Domingos, há já alguns anos ansiava pela presença da prestigiada atleta, uma das figuras históricas da disciplina.
Susana Feitor, nascida em Alcobertas (Rio Maior) em 1975, internacionalizou-se nos Europeus de Juniores de 1989, em Varazdin, Jugoslávia, hoje Sérvia, com apenas 14 anos de idade e a partir daí a sua ascensão aos mais altos patamares do atletismo foi ímpar.
As consecutivas presenças nos últimos cinco Jogos Olímpicos de Verão (Barcelona-1992, Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008) atestam o seu nível de excelência, tal como as dez presenças em mundiais de atletismo, conforme assinala o gesto documentado na foto.
À homenagem associam-se a Câmara Municipal de Loures e as juntas de freguesia de Santo António dos Cavaleiros e de Loures, entre outras entidades.
Até à presente data confirmaram a presença no evento representantes do Comité Olímpico de Portugal e da Associação de Atletismo de Lisboa.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Samuel Pereira – do orgulho à frustração


No final de uma época em que se sagrou campeão nacional de juvenis em estrada e em pista e ainda de juniores em pista, Samuel Pereira participou na fase europeia de apuramento para os I Jogos Olímpicos da Juventude, Singapura-2010. Tendo-se iniciado na marcha em finais de 2008 e representando actualmente o Feras Sportive – União Atlética da Guarda, o atleta treinado pelo marchador olímpico Pedro Martins oferece aos leitores de «O Marchador» o relato que segue da prova realizada em Moscovo, em Maio passado.


No início da época passada (2009-2010), o meu treinador, Pedro Martins, informou-me da realização dos primeiros Jogos Olímpicos da Juventude, em Singapura, e de que existiriam os Apuramentos Europeus (Moscovo) para esta competição. Depois de o ter questionado quanto às possibilidades da minha presença, a resposta foi “…tens que ser o melhor juvenil na especialidade…”.
Sem qualquer tipo de pressão, decidimos, em conjunto, que havendo a possibilidade de representar a Selecção Nacional iria lutar por ela.
Assim, a época foi decorrendo com uma preparação adequada às minhas capacidades e que me permitisse evoluir gradualmente. Realizaram-se algumas provas na distância de 10.000 metros e ficou bem evidente que eu era o Juvenil em melhor estado de forma. Com o avançar da temporada, fui sendo congratulado com triunfos, entre os quais o de Campeão Nacional de Marcha em Estrada, e estabelecendo sucessivos recordes pessoais.
Entretanto foi revelada a selecção dos onze atletas das diferentes disciplinas que iriam a Moscovo e eu fui um dos escolhidos. Quando soube, senti um grande orgulho e uma sensação de que o esforço dispendido foi reconhecido mas também, uma grande responsabilidade, a de querer justificar a minha escolha para esta selecção.
Nos dias que antecederam a viagem para Moscovo, senti-me muito ansioso, pois não era só a ida a uma grande competição mas também o peso da responsabilidade ao vestir a camisola da selecção portuguesa.
O dia da prova amanheceu ameno, estava a sentir-me bem, apesar dos fusos horários e das diferentes condições climatéricas.
Embora não sendo candidato ao apuramento para Singapura as marcas conseguidas e o meu estado de forma indiciavam que poderia chegar na primeira metade da classificação, o que me deixava num estado de alguma ansiedade.
Com o ritmo inicial elevado no qual todo o pelotão se envolveu e sem ninguém para me orientar os andamentos e impor-me alguma calma (uma das funções dos treinadores, nestes casos), marchei sempre muito contraído o que fez com que a segunda metade da prova fosse bem pior que a primeira, o que raramente aconteceu durante toda a época.
No último quilómetro, pensei que “apesar de não estar a ser uma boa prova, darei tudo até ao fim, mesmo que o tudo não seja muito”. A pouco mais de uma volta do fim numa mudança de ritmo com o objectivo de subir na classificação, senti uma indisposição, acabando em vómitos e, instintivamente, fui parar ao relvado. Quando regressei à pista para terminar a competição, pelos juízes foi-me dito que não o poderia fazer, que deveria abandonar a prova.
Os que me conhecem sabem que não sou de deixar uma batalha a meio, logo o desânimo e a frustração acompanharam-me na saída da pista.
Poderia ter feito melhor bastando que para isso alguém me impusesse calma no ritmo inicial. Restou-me a compreensão do meu treinador e de todos os que me apoiaram nesta “aventura”, ganhando experiência para outras batalhas que se seguirão em breve.

Jefferson Pérez - rumo a Pequim

  

Poucas semanas antes de partir para a China, Jefferson Pérez realizou uma fase final de preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim de 2008. O filme que se apresenta relata essa fase final de treino que haveria de levar o atleta equatoriano a mais uma medalha olímpica (de prata) nos 20 km marcha, 12 anos depois de, em Atlanta, se ter sagrado campeão olímpico na mesma distância.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Loures é palco de mais um festival de marcha atlética

É já no próximo fim-de-semana que o Grupo Desportivo de São Domingos, com sede na Sertã e filial em Santo António dos Cavaleiros, leva a efeito em Loures, no Parque da Cidade, a 7.ª Légua de Marcha Atlética, destinada a todos os escalões etários.

A competição, que anualmente vem granjeando simpatia e prestígio no panorama das actividades da especialidade, é um dos eventos que habitualmente atraem grande número de atletas provenientes de várias regiões do país.

Tal muito se deve ao empreendedorismo e à competência da equipa de trabalho e do seu mentor, Joaquim Leitão, presidente do clube organizador e ele próprio assíduo praticante, que tem merecido o reconhecimento dos órgãos autárquicos do concelho, habitualmente representados pelas suas mais altas figuras nas cerimónias de premiação e homenagem aos atletas.

Na foto, Carlos Teixeira, presidente da Câmara Municipal de Loures, e Joaquim Leitão.

Este blogue disponibiliza na secção «Calendário» o programa de provas e na secção «Estatística» o historial da competição.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Trotski (Bielorrússia) e Virbalytè (Lituânia) vencem 50 km em Itália

O bielorrusso Ivan Trotski e a lituana Brigita Virbalytè venceram os 50 km do Grande Prémio Internacional de Marcha, realizado em Scanzorosciate, província de Bérgamo, norte de Itália, a 17 de Outubro.
Na prova masculina, Trotski impôs-se de forma clara (3.56.31) ao compatriota Andrey Talashko (4.01.07), curiosamente repetindo as posições de há duas semanas nos 20 km realizados na sua terra natal. O terceiro lugar foi para o jovem italiano, de 21 anos, Leonardo Dessi (4.04.46, melhor marca pessoal). De realçar ainda o tempo de 4.23.59 h do estreante Giovanni Reno (Itália), 8.º lugar, especialmente por se tratar de um atleta júnior.
Na prova feminina dos 50 km, distância ainda não oficializada e poucas vezes disputada, há a destacar a vitória muito folgada da atleta lituana Brigita Virbalytè (na foto), com um interessante tempo de 4.25.22 h, melhor que a compatriota Neringa Aidietytè havia feito em 2006 em Ivano-Frankivske, Bielorrúsia  (4.28.53). Seguiram-se a suíça Laura Polli (5.06.44), repetente na distância, e a húngara Andrea Toth (5.26.37).
Note-se que o melhor resultado mundial dos 50 km femininos pertence à sueca Monica Svensson, com 4.10.59 h, marca obtida na edição 2007 deste mesmo torneio.

Quadro de faltas


Numa prova de marcha, seja realizada em pista, em estrada ou num percurso misto, o quadro de faltas é de extrema importância para os atletas e seus treinadores, principalmente para os primeiros, pois é o único meio que têm ao dispor para saberem qual a situação dos atletas no plano regulamentar.

Normalmente localizado a uma distância de 80 a 100 metros da linha de chegada, quer em provas realizadas em estrada quer em provas realizadas numa pista, nele são colocados, ao lado do número do atleta, círculos de cor vermelha que identificam também o tipo de falta assinalada (flexão ou suspensão).

A regra 230 da AIFA, aplicada à marcha atlética, refere no número 6, alínea d), que «um ou mais quadros de faltas serão colocados no circuito e perto da linha de chegada, a fim de manter os atletas informados a respeito do número de notas de desclassificação que foram enviadas ao juiz-chefe para cada atleta. O símbolo de cada infracção deverá igualmente ser colocado no quadro.»

De salientar que uma nota de desclassificação (ou cartão vermelho) assinalada por um juiz de marcha a um atleta corresponderá a um círculo vermelho colocado no quadro. Quando surgem no referido quadro três círculos vermelhos ao lado do número (dorsal) de um atleta, isto significa que três notas de desclassificação foram emitidas por três diferentes juízes de marcha e, por conseguinte, o atleta está ou vai ser desclassificado.

Este blogue disponibiliza na secção «Ajuizamento» o teor da regra 230 do Regulamento Técnico da AIFA.

domingo, 17 de outubro de 2010

Desclassificações em provas de marcha


Salvo em circunstâncias muito especiais, um atleta é desclassificado numa prova de marcha, de acordo com o observado na regra 230, quando pelo menos três juízes de marcha entendem que o mesmo não cumpre com a definição enquadrada no referido artigo.

A regra 230 da AIFA, aplicada à marcha atlética, refere no ponto 5 que «se um Juiz de Marcha observar um atleta a infringir o previsto na Regra 230.1, exibindo uma visível perda de contacto ou perna flectida durante qualquer parte da competição, o juiz de marcha terá de enviar uma nota de desclassificação (ou cartão vermelho) ao juiz-chefe».

O atleta tomará conhecimento da nota de desclassificação através do quadro de faltas.

As circunstâncias muito especiais aplicam-se nas grandes competições internacionais, onde o juiz-chefe, por decisão exclusivamente sua, tem o poder de desclassificar directamente um atleta, nos últimos 100 metros de uma prova, realizada em pista ou em estrada, independentemente do número de notas de desclassificação que possui no momento. Note-se, no entanto, que esta decisão é passível de recurso para o júri de apelo.

Há treinadores que costumam avisar previamente os seus atletas para não arriscarem em provas com chegada previsível ao «sprint».

Este blogue disponibiliza na secção «Ajuizamento» o teor da regra 230 do Regulamento Técnico da AIFA.

sábado, 16 de outubro de 2010

Advertências em provas de marcha

Não é invulgar ouvir treinadores e outros agentes desportivos a alertar atletas no decorrer de provas de marcha, quando verificam serem estes advertidos uma segunda vez. E avisam-nos no pressuposto (errado) de que, à terceira amostragem pelo juiz de marcha de uma das raquetas amarelas (uma com o símbolo da flexão e a outra com o da suspensão), os atletas terão de abandonar a prova, sinal de desclassificação.

A regra 230 da AIFA, aplicada à marcha atlética, refere no ponto 4 que «os atletas terão de ser advertidos quando, pelo seu modo de progressão, correm o risco de não cumprir com o parágrafo 1 (definição de marcha atlética), através da amostragem de uma raqueta amarela com o símbolo da infracção em cada lado». Ora, a advertência a um atleta significa isso mesmo – um aviso, na prática uma indicação de que o atleta deve melhorar a forma de progressão no plano regulamentar.

Um bom juiz de marcha pode ajudar os atletas advertindo-os no momento oportuno e antes que infrinjam, sem margem para dúvidas, as regras.

Este blogue disponibiliza na secção «Ajuizamento» o teor da regra 230 do Regulamento Técnico da AIFA.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Estátua homenageia Maurizio Damilano em Scarnafigi


Maurizio Damilano sagra-se campeão
olímpico nos Jogos de Moscovo, 1980
Foto: multimediavisini.com
 A cidade de Scarnafigi homenageia sábado, 16 de Outubro, o seu filho ilustre Maurizio Damilano, inaugurando uma estátua erigida em sua honra na rotunda mais próxima do local onde tantas vezes o grande atleta iniciou os seus treinos.

Actual presidente do Comité de Marcha da Associação Internacional de Federações de Atletismo, Maurizio Damilano foi campeão olímpico dos 20 km marcha nos Jogos de Moscovo, em 1980, naquele que constituiu o ponto mais alto de uma carreira que viria a incluir dois títulos mundiais consecutivos naquela mesma distância: Roma-1987 e Tóquio-1991.

O monumento, assente num pedestal de quatro metros de altura, compõe-se de um grupo escultórico reproduzindo a imagem do atleta em tamanho natural terminando a prova de Moscovo, tendo por fundo um globo com o mapa de Itália em baixo-relevo.

Além de assinalar desta forma o 30.º aniversário do sucesso olímpico de Maurizio, a autarquia de Scarnafigi atribuirá na mesma ocasião as medalhas de mérito desportivo aos irmãos Giorgio (gémeo de Maurizio e 11.º nos Jogos Olímpicos de Moscovo) e Sandro Damilano, treinador de marcha.

Na cerimónia de inauguração do monumento está prevista a presença de numerosas figuras destacadas do desporto italiano, como os campeões olímpicos Livio Berruti (Roma-1960, 200 m), Stefania Belmondo (Albertville-1992,30 km esqui; Salt Lake City-2002, 15 km esqui) e Piero Gross (Innsbruck-1976, esqui alpino) e os campeões da marcha Carlo Mattioli, Vittorio Visini, Giorgio Rubino e Elisa Rigaudo, além do treinador Pietro Pastorini.

Marcha já tem percurso para Jogos de Londres

Dificilmente, outra disciplina ou modalidade olímpica terá provas em cenário mais imponente durante os Jogos Olímpicos de Londres do que a marcha atlética, graças ao percurso recentemente divulgado pelo comité organizador para as competições da especialidade. Traçado frente à entrada principal do Palácio de Buckingham e com um perímetro de 2000 metros, este percurso fica implantado em Constitution Hill e The Mall, as duas avenidas que convergem para o Victoria Memorial, frente ao palácio, numa opção que tornará as provas de marcha dos Jogos Olímpicos de 2012 das melhor localizadas entre todas as competições que vão ter lugar fora do estádio olímpico.

Mas, como não há bela sem senão, fica já confirmado aquilo de que se suspeitava desde algum tempo atrás: as provas de marcha não terão partida nem chegada no estádio, tal como aconteceu nos mundiais de Berlim de 2009 e nos europeus deste ano, em Barcelona. Para uns, é uma forma de garantir um bom traçado, sem depender da topografia da zona envolvente do estádio. Para outros, trata-se de retirar aos marchadores a emoção da entrada no estádio olímpico depois de percorridos 20 ou 50 quilómetros de prova.

Entre um ponto de vista e outro dividem-se as opiniões, sendo certo, no entanto, que naquela zona turística as provas poderão ser apreciadas por mais público do que aquele que caberia no estádio, mesmo imaginando-o completamente lotado.

Luísa Correia – testemunho de uma ex-internacional júnior (Cottbus-1985)

Revelou-se em 1983, na categoria de juvenis, pela Associação Desportiva de Oeiras, ao bater o recorde nacional absoluto nos 3000 metros marcha (15.48,6), juntando a este o recorde nacional de juvenis nos 5000 metros marcha (27.19,7).
De 1983 a 1985 obteve um título nacional e lugares de honra nos Campeonatos Nacionais de Juniores e Absolutos, culminando a meteórica ascensão, representando o Núcleo de Atletismo de Oeiras, com a presença nos Europeus de Juniores de 1985, em Cottbus (RDA).
Infelizmente, nesse ano, viu-se obrigada a abandonar a prática da especialidade, por lesão.
Passados 25 anos, Luísa Correia deixa-nos aqui o seu interessante testemunho.


“Bem cedo nasceu em mim o gosto pelo atletismo, quando na escola participava com agrado em todas as provas de corta-mato que se realizassem.
Só por volta dos meus 14 anos consegui autorização dos meus pais para deixar a natação, que praticava inicialmente por conselho médico, e aí pude então começar a realizar o meu sonho – praticar Atletismo.
Foi na Associação Desportiva de Oeiras, por ser bem perto de casa, que dei os primeiros passos … em corrida, claro.
Participei em variadas corridas e, um belo dia, pediram-me para experimentar algo diferente e que eu achava ser “algo esquisito” – a Marcha Atlética!
Experimentei, gostei e modéstia à parte, tinha algum jeito e, sobretudo, muita técnica para a Marcha.
Mas, um dia alguém me disse que não podia continuar a correr e a marchar e, tive que optar entre duas coisas, uma que já gostava há bastante tempo e uma nova paixão que crescia em mim e, dada talvez a irreverência da idade e não só, optei então pela Marcha.
O percurso que aí fiz, foi de facto bem curto, mas também muito intenso, bem vivido e repleto de boas recordações.
Conquistei boas amizades, aprendi a viver o desporto de uma forma muito positiva, onde apesar da rivalidade natural dentro de cada prova, sobressaía um espírito enorme de entreajuda. O divertimento era mais que muito, antes e depois das provas, e era sobretudo um convívio e uma vivência bem saudável.
De prova em prova, com 3 recordes batidos, algum sofrimento e uma grave anemia, alcancei o ponto mais alto nos Campeonatos Europeus de Juniores, em Cottbus.
Estes Campeonatos foram, no entanto, o fim da minha breve caminhada, já que regressei com os dois joelhos ligados; era o início de um longo calvário. Foi, pois, uma lesão que me forçou a abandonar a Marcha; sem dúvida a maior frustração e um dos maiores desgostos que já tive na vida.
A amargura de ser obrigada a deixar de fazer o que mais gostava, levou-me a andar de médico em médico e hoje em dia, e ao fim de 4 cirurgias e mais 2 programadas para bem breve, ainda sofro na pele essa grave lesão, herança de 3 breves anos de Marcha Atlética.
No entanto, e como para trás só podemos olhar e colher os devidos ensinamentos que a Vida nos vai dando, com a mágoa, a dor, a completa frustração de não poder mais marchar, fica também a memória de 3 anos felizes, em que me realizei por completo, em que fiz o que mais gostei, em que partilhei momentos lindos com pessoas fantásticas que encontrei e ainda hoje guardo comigo, em que apesar de por apenas breves momentos, realizei o sonho de uma vida.
Não sei se o gozo que tive foi ou não maior do que a dor que ainda me persegue e nem sei se não me perseguirá o resto da vida, mas quando olho para trás e me pergunto o porquê e será que valeu a pena, apenas digo: Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena!”

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Serhiy Budza campeão da Ucrânia nos 50 km

Nuns muito competitivos Campeonatos (abertos) da Ucrânia, realizados em Ivano-Frankivsk, a 10 de Outubro, Serhiy Budza conquistou o título do seu país averbando o tempo de 3.54.20 h. Nos lugares imediatos classificaram-se os polacos Rafal Fedaczynski (3.55.06), 8.º classificado nos Jogos de Pequim, e Rafal Sikora (3.55.56), o sérvio Predrag Filipovic (3.57.22), com recorde pessoal, todos extracampeonato, e o ucraniano Yuriy Burban (4.01.33).
De salientar que, dos dez primeiros atletas chegados à meta, quatro tinham idades inferiores a 23 anos, sendo que o primeiro nesta categoria, Maksym Kovalenko (Ucrânia), de apenas 21 anos, realizou 4.03.57 h.
Refira-se, por curiosidade, que o país dos segundo e terceiro classificados, a Polónia, inclui nove dos seus atletas nos 50 primeiros das listas mundiais de 2010 para esta distância. Com igual número, apenas a China.

Francisco Assis, um dos pioneiros

Quando, em 1975, o Sport Lisboa e Benfica realizava mais uma edição dos seus tradicionais torneios dos bairros, espécie de torneio de captação de jovens atletas, um monitor da então designada Direcção-Geral dos Desportos propôs que a marcha atlética fosse integrada no programa do evento. O seu nome era Francisco Assis e a prova teve lugar a 2 de Outubro desse ano.

Por essa via, sem que se soubesse, o clube lisboeta tornava-se um dos pólos de desenvolvimento da especialidade em Portugal, formando um grupo de marchadores que não só viria a ser um dos maiores do país como daria alguns dos melhores especialistas portugueses nas duas décadas e meia seguintes, tanto em masculinos como em femininos.

A esse facto ficou intimamente ligado Francisco Assis, que entretanto assumiu funções de treinador de atletismo do Benfica. O nome de Francisco Assis entrava dessa forma na história da marcha atlética em Portugal, no papel de um dos mais importantes impulsionadores da especialidade no nosso país.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Testemunho do pai de um marchador juvenil dos Estados Unidos

No Campeonato do Mundo de Juvenis realizado em Bressanone, Itália, em Julho de 2009, o atleta norte-americano Trevor Barron (na foto) de 16 anos, alcançou um brilhante 4.º lugar na prova de 10.000 m marcha obtendo a marca de 42.22,79 m, batendo o recorde dos EUA da categoria de juniores por 27 segundos.

Bruce Barron, o pai do atleta, publicou uma mensagem para um grupo de discussão da marcha, mensagem essa que se considera um excelente depoimento e um testemunho de grande significado por parte de quem tem vivido «na sombra», como o próprio refere, a carreira desportiva do seu filho desde os seus 9 anos de idade.

Nesse relato, aqui e ali, sentimo-nos identificados por algumas, talvez não poucas, situações descritas… Julga-se interessante partilhar essa mensagem no blogue «O Marchador».


Testemunho

A minha mulher tem sido uma entusiasta deste grupo de discussão nos últimos seis meses, dedicando-lhe a atenção absorvente que devia ser destinada a mim. Pela minha parte, tenho sido um leitor ocasional, pensando algumas vezes enviar um «post» cheio de venetas mas acabando sempre por decidir esperar que o meu filho pudesse ajudar a dar maior credibilidade às minhas reflexões. Julgo que esse momento chegou.

A carreira do Trevor como marchador teve três momentos decisivos. O primeiro teve que ver com a maneira como entrou para a marcha, aos 9 anos (e que Tom Eastler previu muito bem): tal como o Trevor contou em entrevistas recentes, a irmã entrou para o atletismo quando descobriu que era boa saltadora e ele seguiu-lhe as pisadas. Em 2001, ela ganhou uma viagem paga pelo pai para os Junior Olympics, em Sacramento, ou seja a sua primeira viagem de avião, enquanto o Trevor, que de forma consistente se classificava nos últimos lugares na velocidade e no comprimento, ficou em casa. Assumiu então, de forma decidida, que no ano seguinte iria ele naquele avião. Assim, tentou todas as provas possíveis no escalão e acabou por se qualificar em três delas para os Junior Olympics de Omaha, em 2002. Aí, foi 27.º no turbodardo e no salto em altura, mas 2.º na marcha. Ficou cheio de motivação. Nessa altura, John MacLachlan e Ray Kuhles estavam a iniciar o programa internacional de treino de jovens em marcha atlética e, esquecendo que procuravam miúdos a partir dos 12 anos, inscreveram-no.

O segundo esteve relacionado com o que o levou a treinar-se de forma mais séria: nos anos que passou com Ray Kuhles, o Trevor aprendeu muito mas treinou-se pouco, porque se dedicava mais à natação, onde era muito bom. Mesmo assim, ganhou os Junior Olympics de 2003 a 2005. No Outono de 2005, os ataques de epilepsia tornaram-se tão frequentes e problemáticos que foi posto fora do clube de natação. Como pequena compensação para esta fase de desânimo, demos-lhe como prenda de Natal de 2005 uma viagem ao Sul do Texas. Foi para lá em Março de 2006, ficando durante uma semana com a família Vergara e desenvolvendo pela primeira vez um rigoroso plano de treino de marcha. Em Agosto de 2006, o Trevor foi submetido com sucesso a uma operação ao cérebro, mas nunca voltou à natação de competição.

O terceiro relacionou-se com o que o fez voltar atrás na decisão de abandonar a marcha: o Trevor ficou tão farto dos piropos que lhe mandavam durante os treinos no parque ao pé de casa que decidiu passar para a corrida quando voltasse da Taça do Mundo Marcha de 2008, na Rússia. Não quis ir aos nacionais de juniores, apesar de serem a apenas três horas de distância e, em vez disso, fez corrida o Verão todo e durante uma época muito fraca de corta-mato. Descontente com os resultados nos regionais de corta-mato, envolveu-se num plano brutal de treino de corrida durante mais duas semanas, até perceber que aquele plano de treino era insuportável e que o objectivo de se tornar um grande corredor se calhar era inalcançável. Decidiu então voltar para a marcha.

Este resumo suscita-me alguns comentários. Em primeiro lugar, estando a marcha atlética tão no fundo da cadeia alimentar do atletismo dos EUA, os grandes nadadores não marcham, os grandes corredores não marcham. A tendência é a de termos os atletas de valor médio, aqueles que podem ser bons nas outras modalidades mas nunca os excelentes. Esta não é a situação ideal mas, como não vamos mudar a cultura do dia para a noite, temos de conformar-nos com isso e apresentar a toda a gente a marcha atlética como uma disciplina vibrante e exigente mas compensadora. Uma vez que a inclusão da marcha nos programas do ensino secundário e no desporto universitário não está no horizonte, talvez valha a pena dar destaque à popularidade internacional do nosso desporto.

Por outro lado, foi a Three Rivers Association da Federação de Atletismo dos Estados Unidos que permitiu o sucesso do Trevor. Durante os nove anos da nossa ligação a essa associação, não houve torneio nem campeonato a nível regional ou local – e foram à volta de 60 – que não incluísse a marcha no programa. Todos os anos há um torneio que tira os 400 metros do programa para poupar tempo, mas nunca isso é feito com a marcha (uma vez, um torneio estava atrasado e o locutor sugeriu que se cancelasse a prova de marcha, mas eu entrei na pista e evitei a anulação da prova). O resultado foi que o Trevor descobriu vários miúdos para a marcha e treinadores que os podiam ensinar. Sem esta oportunidade inicial, não teria sido possível o seu progresso nos sete anos seguintes.

Há outra nota importante que pode retirar-se da história do Trevor: é difícil para um adolescente treinar marcha atlética. Junte-se a falta de treinadores, a falta de colegas de treino, a falta de apoios e a falta de reconhecimento (excepto para os piropos), acrescente-se a quantidade de tempo necessário para desenvolver resistência para os 10 km e não causará admiração que se tenha um grupo tão pequeno de estudantes do secundário a dedicar-se a esta disciplina. Além disso, é difícil imaginar que o Trevor conseguisse uma época de 2009 tão bem sucedida se tivesse passado o Inverno em Pittsburgh, com este tempo terrível, a completa falta de marchadores a sério e a carência de recintos cobertos para treino. O sucesso dele exigiu uns pais dispostos a tirá-lo da escola a meio do ano final do secundário, a mandá-lo para a bem mais ensolarada San Diego durante quatro meses e a aceitar uma descida temporária no rendimento escolar (o Trevor, que costuma ser um aluno excelente, concordou em adiar a entrada na universidade por pelo menos um ano).

Podemos ter uma comunidade de marchadores relativamente pequena, mas muitas pessoas que deram contributos importantes para o crescimento do Trevor podem agora reclamar uma fatia de crédito pelo seu recente sucesso. E devem ser nomeadas algumas – com pedido de desculpas por eventuais omissões. Referi acima John MacLachlan, Ray Kuhles e os Vergaras. Debbie Williams, do South Park Track Club, guiou o Trevor nos primeiros passos na marcha quando mais ninguém no nosso clube seria capaz de fazê-lo. Os Nemeth e os Labash foram duas famílias da nossa associação muito motivadoras e empenhadas em desenvolver o conhecimento sobre a marcha. A.C. Jaime acolheu o Trevor no Texas várias vezes e foi um grande estímulo. David Lawrence e Allen James deram ao Trevor a oportunidade de treinar-se e de competir com eles na zona de Buffalo. Vince Peters constituiu um apoio inestimável sob diferentes formas, incluindo deslocações aos torneios de 2008 em pista coberta. Zachary Pollinger foi o primeiro mentor do Trevor na marcha e Bill Pollinger foi incansável no incentivo e no aconselhamento, mesmo quando teve de mostrar ao Trevor as tenebrosas raquetas vermelhas. Mike Rohl e Mike Dewitt deram sugestões em momentos decisivos. Outros houve que participaram em estágios de marcha. John Nunn ofereceu alojamento ao Trevor em San Diego e, claro, Tim Seaman assegurou acompanhamento técnico de alta qualidade e baixo custo a um adolescente por vezes muito acanhado e pouco comunicativo.

Aqueles que se interrogam sobre o apoio da federação dos EUA aos marchadores poderão encontrar na nossa experiência algum encorajamento. O Trevor recebeu financiamento para três deslocações ao estrangeiro nos últimos 15 meses, estando prevista uma quarta para breve (Trindade e Tobago, para os pan-americanos de juniores). Isto, não contando com o encontro EUA-Canadá, em que não competiu. O Trevor (tal como os Sorenson) foi igualmente apoiado num estágio de duas semanas na Califórnia com o Tim Seaman antes dos nacionais de juniores. Tive três conversas com o director coordenador dos escalões jovens, Lionel Leach, duas por telefone, no mês passado, e uma hoje, em presença, nos Junior Olympics da Região 2, em Jamestown (é verdade, a minha família foi para Itália e eu fui para Jamestown. Felizmente, tive oportunidade de ver uma menina de 9 anos do nosso grupo de jovens a fazer uns excelentes 1500 metros marcha e a posicionar-se como séria candidata para um título nacional nos Junior Olympics. Estamos a fazer a nossa parte na construção da marcha atlética, apesar de também no nosso clube os que têm valor noutras provas não quererem chegar-se à marcha). O Lionel manifestou-me grande disponibilidade para investimento na melhoria da nossa marcha jovem, tendo eu oferecido a nossa disponibilidade para toda a colaboração possível.

Tudo menos ser eu o colega de treino do Trevor, agora que ele tem melhor marca nos 10 km a marchar do que eu a correr.

Uma sugestão final: sendo nós um grupo relativamente pequeno, tentemos não andar a devorar-nos uns aos outros, seja neste grupo de discussão ou noutro sítio qualquer.

Vou agora voltar à minha condição preferida de homem na sombra. Mas se puder ser de alguma utilidade, contactem-me para brucepfi@aol.com

Bruce Barron
Pai do Trevor