segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Igor Erokhin erradicado do desporto

Erokhin após o 2.º lugar nos 50 km de Olhão/2011.
Foto: O Marchador
O atleta russo Igor Erokhin foi irradicado do desporto após ter sido apanhado pela segunda vez nas malhas da dopagem. A sanção foi anunciada este sábado pela Federação Russa de Atletismo e refere-se a um atleta que já tinha sido suspenso por dois anos após uma análise positiva em 2008 (eritropoietina), sendo agora afastado definitivamente do desporto por desconformidades detectadas no passaporte biológico.

Em consequência desta sanção, todos os resultados de Igor Erokhin a partir de 25 de Fevereiro de 2011 são anulados. Entre esses resultados avultam os segundos lugares na Taça da Europa de Olhão (21/5/2011) e na Taça do Mundo de Saransk (13/5/2012) e o quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Londres (11/8/2012), sempre em 50 km.

Assim, a Taça da Europa de Olhão é a que sofre maiores alterações. Pelo lado individual, os segundo e terceiro lugares passam, respectivamente, para o italiano Marco de Luca e para o alemão Christopher Linke. Nos portugueses, Augusto Cardoso sobe para a 18.º e Jorge Costa passa a ser o 25.º classificado. Pelo lado colectivo, tendo em conta que a Rússia fica com apenas dois classificados (o vencedor Denis Nizhegorodov e o agora 11.º Denis Strelkov), deixa a classificação colectiva, onde a vitória passa para a Itália, seguida da Polónia e da Espanha.

No caso da Taça do Mundo de Saransk, o australiano Jared Tallent passa para o segundo posto e o chinês Si Tianfeng ascende ao terceiro. Pedro Isidro passa a 26.º, Dionísio Ventura é o 45.º e Luís Gil o 47.º Colectivamente, a única diferença é que a Rússia passa de oito para 22 pontos, não perdendo o primeiro lugar, à frente da China (33) e da Ucrânia (37). Portugal também mantém o lugar (8.º), mas com 118 pontos.

Nos Jogos de Londres, a anulação do resultado de Erokhin não tem implicações no pódio, subindo um lugar todos os classificados depois, entre eles Pedro Isidro, que passa ao 39.º lugar.

Começa a tornar-se difícil contabilizar os marchadores russos sancionados por motivos de dopagem. Entre os nomes mais relevantes podem ser citados os de Olimpiada Ivanova, Vladimir Andreev, Valeriy Borchin, Viktor Burayev, Vladimir Kanaykin, Tatyana Mineeva, Sergey Morozov, German Skurygin (que morreu de ataque cardíaco em 2008), Aleksey Voyevodin, Dementiy Cheparev, além, naturalmente, de Erokhin. Quase todos foram vencedores de provas olímpicas, de campeonatos mundiais ou europeus ou ainda de Taças do Mundo ou da Europa. Alguns notabilizaram-se ainda no escalão de juniores.

O regular aumento do número de atletas russos envolvidos em processos de dopagem tem adensado as dúvidas sobre a legalidade dos métodos de treino de algumas das escolas de marcha do país (desde logo a de Saransk, muito representada da lista atrás indicada), bem assim como a validade de marcas obtidas e a legitimidade de títulos e medalhas conquistados individual ou colectivamente por marchadores russos.

E a esta suspeita não deixa de associar-se o nome do treinador de muitos deles, Viktor Chiogin, há duas décadas orientador de muitos dos atletas mais destacados da marcha russa. O primeiro deles foi Irina Stankina, que ainda juvenil (17 anos) foi campeã mundial de juniores em Lisboa (1994), para no ano seguinte se tornar na mais jovem campeã mundial absoluta de sempre (Gotemburgo-95).

A lista negra de marchadores suspensos por dopagem inclui ainda atletas de outros países: Silviu Casandra (Roménia), Alex Schwazer (Itália), Liu Yunfeng (China), Song Hongjuan (China), Erik Tysse (Noruega), Claudia Stef (Roménia), Athanasia Tsoumeleka (Grécia), Recep Celik (Turquia), Andriy Yurin (Ucrânia), José Bagio (Brasil) e ainda o espanhol Francisco Fernández, neste caso não por controlo positivo ou problemas com passaporte biológico, mas por posse de substâncias proibidas.