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Grupo na liderança dos 20 km masculinos em Tóquio, Caio Bonfim a vencer e na companhia de Paul McGrath (3.º) e Zhaozhao Wang (2.º). Imagens: RTP Desporto 3. Montagem: O Marchador |
O brasileiro Caio Bonfim tornou-se este sábado o primeiro marchador do seu país a conquistar o título de campeão do mundo de marcha atlética, ao vencer em Tóquio os 20 km masculinos dos mundiais de atletismo que decorrem na capital japonesa até domingo. Bonfim creditou-se com 1.18.35 h, adiante do chinês Zhaozhao Wang (1.18.43) e do espanhol Paul McGrath (1.18.45), respectivamente segundo e terceiro classificados.
Depois de uma fase inicial em que o protagonismo foi para o eslovaco Dominik Černý, a comandar isolado nos primeiros quilómetros (em primeiro aos 5 quilómetros, com 20.17 m, já reintegrado no grupo principal), seguiu-se a fase em que Toshikazu Yamanishi e McGrath impunham o ritmo na frente da prova. O japonês procurava recuperar o título conquistado nos mundiais de Doha-2019 e Eugene-2022, enquanto o espanhol tentava obter o mesmo sucesso que duas horas antes fora alcançado pela compatriota María Pérez na prova feminina da mesma distância.
Perto dos dez quilómetros, Paul McGrath impôs um aumento de ritmo na frente, cindindo o grupo que comandava e passando na liderança a meio da prova, com 40.04 m. Seguia acompanhado do francês Gabriel Bordier, do chinês Haifeng Qian e ainda de Yamanishi e seis outros concorrentes.
A meio da terceira légua, cerca dos 13 quilómetros, McGrath já comandava com a companhia de apenas dois outros atletas: Yamanishi e Wang. Mas na volta seguinte voltariam a ser alcançados por Caio e pelos franceses Quinion e Bordier.
Foi o momento do ataque de Yamanishi, que pareceu pouco sensato, uma vez que estava já limitado pela quantidade de notas de desclassificação – teria a terceira logo a seguir e seria obrigado a dois minutos de paragem na zona de penalização, desfazendo dessa forma qualquer pretensão de subida ao pódio nestes campeonatos realizados no seu país.
Entre os 16 e os 19 quilómetros, Paul McGrath fez figura de campeão, ao isolar-se na frente e acumulando vantagem crescente. Parecia encontrado o vencedor, mas, num repente, já perto da entrada para o último quilómetro (e nos metros finais do circuito, antes do regresso ao estádio), Caio Bonfim surge do fim da rua, ultrapassa Aurélien Quinion, que parecia ter a medalha de bronze garantida, ao mesmo tempo que Wang alcançava de novo o espanhol.
A classificação ficava completamente baralhada e, já a caminho do estádio, Caio assumiu o comando, isolou-se e deixou Wang no segundo lugar, com vantagem, por sua vez, sobre Paul McGrath. O risco para Wang, McGrath e Bordier (5.º) era grande, dado que estavam no limite de notas de desclassificação – duas. Mais uma nota para qualquer deles e teria dois minutos de acrescento à marca final (por já não poderem passar na zona de paragem para penalização). No entanto, não houve mais sanções e puderam terminar a prova sem outros constrangimentos.
Concluídas as quatro provas de marcha do programa destes 20.os mundiais de atletismo (provas masculinas e femininas de 20 e 35 km), a Espanha arrebatou duas medalhas de ouro e uma de bronze, o Brasil obteve uma de ouro e outra de prata, o Japão alcançou duas medalhas de bronze, enquanto Canadá conseguiu uma medalha de ouro, México, China e Itália levam para casa uma medalha de prata cada e o Equador conquistou uma medalha de bronze.
Em termos individuais, María Pérez e Caio Bonfim foram os mais medalhados: a espanhola com as medalhas de ouro nos 20 e nos 35 km; o brasileiro com a vitória nos 20 km e o segundo lugar nos 35 km. Os próximos mundiais de atletismo estão agendados para 2027, em Pequim, com encontro marcado para o Ninho de Pássaro.
Classificação
20 km masculinos
1.º, Caio Bonfim, 1991 (BRA - Brasil), 1:18:35
2.º, Zhaozhao Wang, 1999 (CHN - China), 1:18:43
3.º, Paul McGrath, 2002 (ESP - Espanha), 1:18:45
4.º, Aurélien Quinion, 1993 (FRA - França), 1:18:49
5.º, Gabriel Bordier, 1997 (FRA - França), 1:19:23
6.º, Haifeng Qian, 2000 (CHN - China), 1:19:38
7.º, Kento Yoshikawa, 2001 (JPN - Japão), 1:19:46
8.º, Diego García Carrera, 1996 (ESP - Espanha), 1:20:05
9.º, Satoshi Maruo, 1991 (JPN - Japão), 1:20:09
10.º, Christopher Linke, 1988 (GER - Alemanha), 1:20:11
11.º, Leo Köpp, 1998 (GER - Alemanha), 1:20:35
12.º, Ricardo Ortiz, 1995 (MEX - México), 1:20:36
13.º, Perseus Karlström, 1990 (SWE - Suécia), 1:20:37
14.º, Maher Bem Hlima, 1989 (POL - Polónia), 1:20:39
15.º, Jordy Rafael Jiménez Arrobo, 1994 (ECU - Equador), 1:20:43
16.º, Francesco Fortunato, 1994 (ITA - Itália), 1:21:00
17.º, Matheus Correa, 1999 (BRA - Brasil), 1:21:04
18.º, Misgana Wakuma, 2004 (ETH - Etiópia), 1:21:17
19.º, David Hurtado, 1999 (ECU - Equador), 1:21:18 p.z.
20.º, Rhydian Cowley, 1991 (AUS - Austrália), 1:21:18
21.º, Álvaro López, 1999 (ESP - Espanha), 1:21:28
22.º, Dominik Černý, 1997 (SVK - Eslováquia), 1:21:29
23.º, Declan Tingay, 1999 (AUS - Austrália), 1:21:30
24.º, Chenjie Li, 2005 (CHN - China), 1:21:39
25.º, Veli-Matti Partanen, 1991 (FIN - Finlândia), 1:21:41
26.º, Mukola Rushchak, 2003 (UKR - Ucrânia), 1:21:57
27.º, Serhii Svitlychnyi, 1994 (UKR - Ucrânia), 1:22:24
28.º, Toshikazu Yamanishi, 1996 (JPN - Japão), 1:22:39 p.z.
29.º, Mateo Romero, 2003 (COL - Colômbia), 1:22:44
30.º, Byeongkwang Choe, 1991 (KOR - Coreia do Sul), 1:22:52
31.º, Servin Sebasthiyan, 1999 (IND - Índia), 1:23:03
32.º, Bence Venyercsán, 1996 (HUN - Hungria), 1:23:06
33.º, Noel Chama, 1997 (MEX - México), 1:23:41
34.º, Gianluca Picchiottino, 1996 (ITA - Itália), 1:23:50
35.º, Mazlum Demir, 2003 (TUR - Turquia), 1:24:11
36.º, Andrea Cosi, 2001 (ITA - Itália), 1:24:18 p.z.
37.º, Jerry Jokinen, 2002 (FIN - Finlândia), 1:24:37
38.º, Erick Bernabé Barrondo, 1991 (GUA - Guatemala), 1:24:42
39.º, Tim Fraser, 2000 (AUS - Austrália), 1:24:55
40.º, César Herrera, 1999 (COL - Colômbia), 1:25:01
41.º, Raivo Saulgriezis, 1994 (LAT - Letónia), 1:27:25 p.z.
42.º, Max Batista Gonçalves dos Santos, 1994 (BRA - Brasil), 1:27:34
43.º, Wayne Snyman, 1985 (RSA - África do Sul), 1:30:12
Desclassificados: Luis Henry Campos, 1995 (PER - Peru), José Luis Doctor, 1996 (MEX - México), Ihor Hlavan, 1990 (UKR - Ucrânia) e Hayrettin Yildiz, 2004 (TUR - Turquia).