Em Daegu, Sergey Bakulin tornou-se o mais jovem campeão mundial de 50 km marcha. Foto: Interalia |
«À partida estamos cheios de energia, carregados de emoção, mas sabemos o que temos pela frente, que não se deve ir logo para a liderança e que temos de impor um ritmo regular. Um dos maiores problemas está em marchar sem nos preocuparmos com a táctica dos adversários. Por vezes ficamos a pensar no que acontece se não conseguirmos recolar à frente. A fase de esforço mais intenso pode não chegar antes dos 35 quilómetros. Passamos duas horas e meia atrás de um adversário que vai sempre ganhando vantagem. É aos 40 quilómetros que a prova começa, os últimos 10 quilómetros são decisivos. E nessa altura pode haver já um atraso de cinco ou seis minutos. Quase um quilómetro e meio de diferença.»
Um dos aspectos mais importantes no atletismo é o atleta confiar no treinador. Sergey Bakulin tem em Viktor Chegin um dos melhores treinadores de marcha do mundo. É Chegin quem decide que distância faz cada atleta, não fui eu a escolher ir aos 50 km. É um grande treinador. Confio nele e sabia que iria acontecer tudo como ele tinha dito.»
Em Daegu, Chegin deu a Bakulin indicações rigorosas e previu a marca do vencedor ao minuto: «Começa a 4.25 por quilómetro e não te preocupes com mais ninguém. O vencedor vai fazer 3.41 h [Bakulin ganhou com 3.41.23]. É um treinador sem igual, o mais talentoso. É essa a razão da nossa confiança nele.»
Tendo em conta a intensidade do treino para a marcha longa, Bakulin dará importância especial à alimentação e a descanso? «Depois de uma prova longa podemos passar dias a fio a dormir, mas nunca fiz isso. E como de tudo. Os meus pais mandam-me carne fresca e ovos. O meu pai tem colmeias e dá-me mel o ano inteiro.»
Bakulin vive em Saransk, um dos centros mais importantes da marcha na Rússia. Muitos campeões mundiais e olímpicos recebem aí apartamentos gratuitos em troca da publicidade que trazem à região, mas não é o caso de Bakulin. «Não recebi nenhum andar, comprei a minha casa com empréstimo bancário. É um apartamento pequeno, numa casa antiga. Espero que depois da medalha de ouro consiga mais apoio nesta matéria. O Presidente Merkushkin [da Mordóvia] prometeu ajudar e ele é um homem de palavra.»
E, com vista aos Jogos Olímpicos de Londres, o que espera Bakulin fazer? «Ganhar nos Jogos Olímpicos é o maior sonho de qualquer atleta. Nada é impossível. O que é preciso é trabalhar muito.»