Houve tempos em que, muito mais do que hoje, estavam erguidas muitas e altas barreiras psicológicas e sociais à prática do desporto pelas mulheres. Mas também houve sempre quem conseguisse vencer essas barreiras, impondo a sua vontade e a liberdade da sua escolha. Paula Gracioso estava nesse lote de mulheres que cumpriam o seu destino sem depender do que outros lhes quisessem impor.
Primeiro no Olivais Sul, depois no Andorinha, no Oriental e no Benfica, Paula Gracioso foi a primeira menina querida da marcha portuguesa. Estava-se no início da década de 80 e aquela jovem de 14-15 anos revelava as mais extraordinárias capacidades para a prática desportiva. Notabilizou-se na especialidade da marcha atlética, onde alcançou vários títulos e recordes nacionais até 1990. Tanto na pista como na estrada ou ainda nos pavilhões do futebol-marcha, a Paula revelava uma qualidade técnica e uma facilidade de gestos que não deixavam ninguém indiferente.
Estivesse a marcha mais desenvolvida no seu tempo e Paula Gracioso poderia ter chegado muito mais longe. Em todo o caso, andou sempre muito à frente de toda a concorrência. E os caminhos que trilhou ajudaram a abrir portas ao desenvolvimento registado na década de 90, já a Paula estava longe de sonhar alto.