José António da Silva Galvão, se
fosse vivo, faria hoje 87 anos de idade. Nascido em Lisboa, a 16 de julho de
1932, Galvão teve uma longa carreira no atletismo sagrando-se por 17 vezes
campeão nacional, 12 vezes no peso e 5 no disco. Representou as cores da
seleção nacional por 34 vezes sendo, ainda nos dias de hoje, um dos atletas
portugueses mais internacionais de sempre.
Conhecido pelo seu espírito
folgazão, com sentido de humor e sempre predisposto para a brincadeira, era um
nome carismático da RTP, realizando os comentários das provas de atletismo nas
transmissões de eventos nacionais e internacionais da modalidade tendo sido
ainda o responsável por cursos no Centro de Formação da RTP.
Há um episódio que registamos muito
positivamente. Em 1978, no quarto ano de implantação da marcha atlética em
Portugal, e num tempo em que não era nada fácil congregar apoios para a causa
desta disciplina, na delegação de Lisboa que acudiu ao encontro internacional
Barcelona-Madrid-Lisboa-Genebra, Galvão era simultaneamente o repórter da RTP
escalado para cobrir o acontecimento e um dos atletas selecionados pela AAL.
Na noite de sábado, decorrida que
foi a primeira jornada do encontro de atletismo, que teve lugar na pista do
Estádio Joan Serrahima, após o jantar, José Galvão, Jorge Grave, Ferreira
Gonçalves (dirigente da AA Lisboa) e outros conversavam animadamente na sala principal de uma unidade
hoteleira de Barcelona. Quando Galvão se apercebe que no grupo se
encontravam dois jovens marchadores que iriam estrear-se, na manhã seguinte,
num evento internacional, participando na prova dos 10.000 metros marcha, muda
o tema da conversa falando sobre os aspetos técnicos da especialidade, os
atletas mais em voga daqueles tempos, isto com um nível de conhecimentos que
muito os surpreendeu, e com palavras de incentivo.
Foi o primeiro repórter da RTP (a
única existente nesses tempos) a cobrir um evento de marcha atlética em
Portugal que o francês Raymond Ismal havia organizado em Queluz, no ano de
1975, e a mostrar ao país o que era a disciplina nos seus específicos contornos
técnico-regulamentares e cuja imagem aqui publicamos.
José Galvão viria a falecer em 1993,
com apenas 60 anos de idade, de cancro. O seu filho, António Galvão,
revelar-se-ia no salto em altura.
Aqui fica a nossa simbólica
homenagem!