Edujose Lima na atualidade e em 2008. Fotos: FB Edujose Lima e arquivo «O Marchador» |
Recordamo-lo bem dos tempos em que
representou o Centro de Atletismo das Galinheiras. Edujose Lima teria os seus
12/13 anos de idade. José Henriques foi o seu primeiro treinador, também o
fundador da coletividade de Lisboa de que é presidente. Tomou o gosto pela
atividade física desde muito cedo e como muitos outros meninos de Angola, onde
nasceu, queria praticar futebol seguindo os passos do seu grande ídolo de
então: Pedro Mantorras.
Com cinco anos de idade chegou a Portugal: “Fui viver para o bairro das Galinheiras.
Tinha lá familiares que nos acolheram (a mim, minha irmã e mãe). Não conhecera
meu pai que faleceu quando era muito pequeno ainda. Com 7 anos descobri o
Centro de Atletismo das Galinheiras, era o multidesportivo do bairro, todas as
crianças que queriam praticar desporto e não podiam ir muito longe de casa
passavam pelo Centro. Quis jogar futebol, mas apenas tinham futsal. Tudo começou
por aí. Conheci o senhor José Henriques, presidente e treinador do Centro de
Atletismo das Galinheiras, que me convidou para experimentar e praticar outra
modalidade, neste caso o atletismo. Foi neste momento que comecei a praticar a
marcha atlética como prioridade, mas também alternávamos com outras disciplinas
como o salto em altura e o fundo corridas de estrada”.
Edujose, logo nos primeiros meses de prática
do atletismo, revelou-se com grandes aptidões. Tecnicamente muito bom na
especialidade da marcha atlética, comprovou-o com os resultados de top obtidos
em 2009 e 2010. Venceu várias provas e no Torneio Marchador Jovem, em estrada,
que se disputava, e disputa-se, integrado no Campeonato Nacional da
especialidade ganhou em Vila Nova de Gaia, no seu segundo ano no escalão de
Infantis, e um ano depois, em Olhão, já no escalão de iniciados, foi segundo
classificado. Mas o que mais lhe terá ficado na memória foi o ambiente de
amizade vivido naqueles tempos.
“Era
muito magrinho, comecei a gostar bastante das idas para provas, havia
competições de marcha quase todos os fins de semana e por várias zonas do país,
era fantástico o ambiente, com os colegas e a sensação de competição, as
estradas eram cortadas para nós passarmos, eramos escoltados pela polícia,
aquela sensação de cortar a meta em 1.º lugar era fantástica”.
Grato, diz que “o meu treinador, na altura o senhor José Henriques, incutia-nos muita
disciplina, rigor no trabalho, esforço e persistência, ele era muito exigente,
mas ele sabia das nossas capacidades e do que nós eramos capaz de fazer na
marcha. Ganhei inúmeras competições até juvenil". Por motivos que a
seguir explica, foi forçado a deixar a disciplina da marcha. “Fui diagnosticado com o Síndrome de
Osgood-Schlatter (é uma doença osteomuscular que ocorre na adolescência,
conhecida também como dores de crescimento), e doía-me bastante o joelho. Não
consegui mais continuar na marcha atlética”.
Virou a página para o Lançamento do Disco. No
Sporting Clube de Portugal. Também com sucesso, tal como outros que começaram
na marcha, o fizeram no passado (João Lima e Edi Maia). Atleta internacional,
bateu recentemente o seu próprio recorde nacional Sub-23 do Disco, sendo já o
quinto português de todos os tempos, a seguir a Francisco Belo, Jorge Grave,
Paulo Bernardo e Juan Rosete. Conta como foi e fala-nos das suas ambições.
“Na
altura (já com 15 anos) era tudo o que conhecia: as competições de marcha
atlética, as provas de estrada e o salto em altura. O atletismo para mim
resumia-se a isso. Não sabia fazer mais nada (achava eu). Já noutro clube
foi-me apresentada outra disciplina: os lançamentos. O meu treinador na altura
foi o António Barata, que depois orientou-me para alguém mais informada da área
que era a treinadora Sónia Alves, antiga internacional do lançamento do
martelo. Foi aí que tudo começou. A Sónia moldou-me mais ainda como atleta e
pessoa, eu trouxe da experiência da marcha o rigor, a disciplina, a
persistência e a capacidade de sofrimento, algo que deve estar incutido em
todos que queiram ser vencedores. Tornei-me um atleta completo. Nos lançamentos
levo já mais de 6 internacionalizações, 2 recordes nacionais e uma medalha de
bronze com apenas 4 anos a fazer a disciplina. Renasci e pretendo alcançar voos
mais altos, juntamente com o meu amigo e treinador Ricardo Monteiro”.
Sucessos e Muitas Felicidades, Edujose!