Susana Feitor nos seus primeiros tempos de atleta internacional. Foto (arquivo): Região de Rio Maior Montagem: O Marchador |
A 12 de agosto de 1990, Susana
Feitor, uma das figuras mais marcantes do atletismo português, conquistou a
única medalha de ouro até agora conseguida por Portugal em campeonatos mundiais
de Sub-20 (juniores). A proeza foi alcançada na prova dos 5.000 metros marcha
(pista) na cidade de Plovdiv, na Bulgária.
Nasceu em Alcobertas, Rio Maior, a
28 de janeiro de 1975 e iniciou-se no atletismo aos 12 anos de idade, pelas
mãos de Jorge Miguel. Convocada pela Associação de Atletismo de Santarém para
participar num Interassociações, na prova de 3.000 metros marcha, dada a falta
de marchadores, faria os mínimos para os Nacionais de Juvenis e nestes os
mínimos para os Nacionais de Juniores onde, quase sem treinar marcha, subia ao
terceiro lugar do pódio. Estava dado o mote para uma carreira fulgurante e
auspiciosa na marcha atlética.
Ainda integrada no escalão de
Iniciadas, a jovem atleta ribatejana sagra-se campeã nacional de juvenis
(3.000m) com 14.00,19, um grande resultado na ocasião e, pouco tempo depois,
alcança o título nacional de juniores com recorde nacional absoluto nos 5.000
metros marcha, em 23.57,17, obtendo mínimos para o Europeu de Juniores, em
Varazdin, na então Jugoslávia, hoje Croácia.
A autorização por parte do corpo
técnico da FPA da altura para a Susana Feitor poder ir aos europeus de
juniores, revelou-se extremamente difícil, como é referido pelo seu treinador
num documento elaborado por ocasião do IV Encontro Nacional de Treinadores de
Marcha, realizado em Lisboa, no ano de 1997:
“…A Federação não queria convocar a
Susana para esta competição por ser muito nova, mas os protestos de Jorge
Miguel e uma exposição enviada à Federação pelo Clube Português de Marcha
Atlética levaram a FPA a alterar a posição inicial.” Com apenas 14 anos de
idade, classificou-se nesses Europeus em 6.º lugar com um novo recorde nacional
absoluto de 23.29,43 aos 5.000 metros marcha, ganhando experiência
internacional para o ano que se seguiria.
Em 1990 bateu recordes atrás de
recordes e terminou a época como campeã mundial de juniores na prova dos 5.000
m marcha de Plovdiv, com um tempo de 21.44,30 que constituiu recorde dos
campeonatos, vindo a ser eleita pela comunicação social como a Revelação do Ano
do Desporto Nacional. O êxito teve enorme repercussão entre as gentes de Rio
Maior e incentivou outros jovens à prática da especialidade casos, entre
outros, de Inês Henriques, Vera Santos e os irmãos Vieira, que atingiram
notoriedade internacional. Mais tarde, a autarquia construiria aquele que é
hoje um dos pontos de referência da cidade - o Complexo Desportivo de Rio
Maior.
Já na categoria sénior a atleta
rio-maiorense registou vários outros grandes momentos para a especialidade, em
particular, e para o atletismo, em geral, com duas prestações individuais de
alto nível: a sua primeira medalha em grandes competições internacionais
absolutas – os Campeonatos Europeus de Atletismo, em Budapeste (1998), com a
medalha de bronze na prova dos 10 km marcha, e os Campeonatos Mundiais de
Atletismo de Helsínquia, em 2005, também com a medalha de bronze, nestes
completando-se 13 anos no dia de ontem.