Fotos: Alejandro Álvarez e Multimedia Visini |
Em 1984, o atleta mexicano Raúl González sagrou-se campeão olímpico dos 50 km nos Jogos de Los Angeles, onde obteve também a medalha de prata nos 20 km, atrás do compatriota Ernesto Canto. Foi igualmente vencedor dos 20 km nas Taças do Mundo de 1977 (Milton Keynes) e de 1981 (Valência) e dos 50 km na Taça do Mundo de 1983 (Bergen). Actualmente é treinador de alguns dos mais destacados marchadores mexicanos, nos quais o México deposita as maiores esperanças de voltar à ribalta da marcha mundial. O texto que de seguida se transcreve foi publicado recentemente no jornal boliviano «La Razón» e fala sobre a presença de Raúl González em mais um estágio de marchadores em altitude, dias antes das provas de Chihuahua.
Vieram há 36 anos pela primeira vez para se treinarem. Os êxitos fazem-nos voltar todos os anos
O antigo campeão olímpico de marcha atlética mexicano Raúl González acaba de regressar à altitude de La Paz, mas agora na qualidade de treinador. Nos seus anos de atleta montou aqui o seu quartel-general de preparação antes das grandes competições internacionais e, com os bons resultados obtidos, procura hoje transmitir os seus conhecimentos aos atletas que treina e que estes sigam o seu exemplo e procurem os sucessos que alcançou.
González veio como atleta pela primeira vez a La Paz em 1975 e durante quase três décadas fez longos estágios nas margens do lago Titicaca. «Existem aqui condições extraordinárias para o nosso trabalho», afirma.
Chegar a La Paz naquela ocasião foi como entrar num quarto escuro e desconhecido. «Com a passagem dos anos fomos aprendendo. O doutor Mario Paz Zamora, o Instituto Boliviano de Biologia da Altitude e autoridades do México e da Bolívia permitiram-nos melhorar a investigação [sobre o trabalho em altitude], os parâmetros para experimentação de métodos de trabalho e conseguir resultados.»
A história dos resultados obtidos pelos mexicanos na marcha atlética foi produto dos estágios em altitude, nas margens do Titicaca. «Em todo o mundo não há outro desporto ou outros atletas que tenham conseguido os melhores resultados como nós conseguimos com os estágios na Bolívia. Fiz 13 ao longo da minha carreira e durante 10 anos fui o melhor do mundo.»
Para trabalhar em altitude, 3.000 metros ou mais acima do nível do mar, González defende que o acampamento deve durar entre 30 e 35 dias para uma adaptação conveniente.
«Habituámo-nos a trabalhar na pré-temporada a uma altitude intermédia de 2.400 metros e isso deu resultados. Depois, subir durante um mês para 2.600 metros. Outro mês a 3.200 metros. Quando se chega a La Paz (mais de 3.600 metros), a nossa diferença já anda só pelos 600 a 800 metros. O processo de adaptação é gradual e paulatino para adquirir glóbulos vermelhos e hemoglobina. Mas só com atletas de alto rendimento, com um mínimo de seis anos de trabalho e 30.000 quilómetros nas pernas, se pode alcançar o nível máximo. Com principiantes não funciona.»
Em La Paz procede-se a uma adaptação de oito dias para se avançar então para quatro semanas de trabalho, que devem terminar entre cinco e 25 dias antes da competição, conforme as mudanças de horário, que podem fazer variar o cronograma. Se o atleta for competir na Ásia (China ou Japão) será aos 15 dias. Na Europa, 12 ou 13, e assim por diante», indica.
Raúl González dirige actualmente uma equipa mexicana que chegou a La Paz há quatro semanas e durante todo este tempo trabalhou em lugares como Achacachi, Peñas, Tiquina e Warisata. Previamente, em Novembro, tinham estado em Chacaltaya.
O grupo viajou ontem para Chihuahua, a fim de competir na Taça Internacional, que se realiza a 5 de Março. É composto por: Christian Berdeja, David Mejía, José Leyber, José Ventura y Horacio Olivares. Em Julho regressam, para terminar o processo até meados de Agosto, antes de seguirem para os mundiais da Coreia (27 de Agosto a 4 de Setembro).
Eugenio Aduviri – «La Razón» (http://www.la-razon.com/)