Thierry Toutain e Yohann Diniz. Fotos: Dominique Guebey e AFP-François Nascimbeni |
O quilómetro de abertura de cada um dos atletas deu indicação da disposição inicial de um e de outro. Enquanto Toutain abria a sua prova de 1996 com 4.20 m, Diniz contentava-se com 4.29 m, começando a acumular uma desvantagem que assentava nesses distintos níveis de ritmo. Na prova de 1996, os primeiros cinco quilómetros rondaram o andamento aproximado de 4.20 m cada mil metros, o que determinou que, em 2011, o ataque ao recorde registasse um atraso de 28 segundos no final da primeira légua.
A desvantagem de Johann Diniz continuaria a aumentar, atingindo o ponto máximo à passagem dos 13 quilómetros: 45 segundos mais do que na passagem de Toutain, quando Diniz rolava a 4.23 m por quilómetro, mais três segundos que a referência de 1996.
Na prova de Héricourt, era o momento em que Thierry Toutain começava a baixar o ritmo, ao passo que Diniz mantinha uma velocidade estabilizada entre 4.21 e 4.23 m, com poucas variações, para cima ou para baixo.
A partir dos 20 quilómetros, Diniz revelaria ritmos consistentemente a rondar 4.20 m ou até um pouco menos, como os 4.17 m marcados ao 30.º quilómetro. Nessa fase da competição, já Diniz estava em vantagem sobre as passagens de Toutain, a quem «ultrapassou» aos 27 quilómetros, para nunca mais deixar de estar à frente da marca de 1996.
Até aos 35 quilómetros de esforço, Yohann Diniz foi mantendo aquela intensidade de ritmo, mas, a partir do momento em que a última «lebre» saiu de cena, o marchador de Reims entrou na fase mais espectacular do seu ataque ao recorde mundial, ganhando em cada quilómetro entre 10 e 20 segundos até aos 45 quilómetros e, na derradeira légua, sucessivamente 28, 23, 22, 26 e 26 segundos.
Mas, mais do que a vantagem que Diniz foi acumulando no momento da verdade (ou seja, a partir do momento em que ficou sozinho em prova, aos 35 km), espanta o ritmo que se impôs a si próprio: entre 4.13 e 4.18 dos 35 aos 40 km; entre 4.04 e 4.12 na penúltima légua; entre 4.04 e 4.07 nos últimos cinco quilómetros. Fabuloso! Toutain, nas últimas léguas da prova de 1996, dificilmente conseguia fazer menos de 4.30 m por quilómetro.
Provavelmente, a marca agora registada em Reims poderá subsistir por longos anos, sobretudo se a energia de Johann Diniz for canalizada para o ataque ao recorde absoluto em estrada. De qualquer forma, o recorde obtido na pista de Reims roça a fronteira do humano, que ninguém sabe onde fica mas que qualquer um pode reconhecer não andar longe dos terrenos pisados pelo marchador francês.