A propósito da magnífica vitória da equipa feminina portuguesa na Taça do Mundo de Marcha de Chihuahua, António Manuel Fernandes publicou na edição de Junho da «Revista Atletismo» um editorial que revela uma visão muito lúcida sobre a realidade actual da marcha atlética portuguesa. A ausência de qualquer atleta júnior português dessa mesma Taça do Mundo é, de resto, testemunho eloquente do que António Fernandes designa como «vazio».
Relevante é também a conclusão relativa ao modelo de coordenação da marcha, caracterizado pela «falta de uma figura aglutinadora de vontades colectivas objectivas». Sem essa coordenação, cada um rema para seu lado até o barco se desmantelar.
Com a devida vénia à «Revista Atletismo» e a António Manuel Fernandes, aqui fica o editorial reproduzido.
Relevante é também a conclusão relativa ao modelo de coordenação da marcha, caracterizado pela «falta de uma figura aglutinadora de vontades colectivas objectivas». Sem essa coordenação, cada um rema para seu lado até o barco se desmantelar.
Com a devida vénia à «Revista Atletismo» e a António Manuel Fernandes, aqui fica o editorial reproduzido.
A marcha «rainha»
A marcha atlética feminina vive bons tempos. De facto, ainda com Susana Feitor em forma de alta competição, com Vera Santos e Inês Henriques a potenciarem todo o seu valor a um patamar bem elevado e com Ana Cabecinha a seguir-lhes as pisadas ganhando um espaço próprio, a selecção nacional, em termos de equipa, tem conseguido resultados espectaculares, com a conquista de medalhas que, há algum tempo, apenas surgiam nas ideias dos marchadores, realistas em função do trabalho desenvolvido, apesar de muitas contrariedades.Estas medalhas são fruto de uma época em que a marcha estava muito unida e em busca de um objectivo comum.
Mas a realidade agora é diferente e as pessoas necessitam preparar-se para o futuro, que poderá não ser tão risonho.
Este estado actual das marchadoras, acreditamos, vai durar mais algum tempo, pois Susana Feitor é a única «trintona» e as outras ainda têm margem para progredir. Mas, após elas é o vazio, tal como já se vê no sector masculino.
De facto, a marcha nacional pode vir a sofrer de uma «doença» parecida com o meio-fundo nacional, que tem definhado, de uma forma geral. Esporadicamente vai conseguindo um excelente resultado, mas depois…
Esta deverá ser uma preocupação geral, com uma actuação centrada em objectivos únicos e com toda a gente envolvida nesses objectivos. Infelizmente, tal não acontece actualmente, com a marcha a sofrer a falta de uma figura aglutinadora de vontades colectivas objectivas.