domingo, 18 de agosto de 2019

Qujing (China) - a organização na organização

A organização do Grande Prémio de Marcha de Qujing, China.
Fotomontagem: O Marchador

A realização, nesta última quarta-feira, do Grande Prémio de Marcha Atlética de Qujing, na província de Yunnan, no sudoeste da China, revelou-se de altíssima qualidade organizativa, não havendo nenhum pormenor que fosse descurado, isto a exemplo de outros eventos da disciplina que habitualmente têm lugar em diferentes regiões do país onde a especialidade está mais implantada.

Num circuito completamente plano com um perímetro de um quilómetro (500 metros no sentido ida e volta), delimitado por vasos de flores, milimetricamente distanciados uns dos outros, instalado no Parque Cultural e Desportivo do lindo centro histórico da cidade, o evento contou com a colaboração ativa de mais de centena e meia de pessoas, entre juízes e voluntários.

A China é nos dias de hoje uma das maiores potências mundiais da especialidade e os seus melhores marchadores têm obtido resultados de alto nível nas maiores competições planetárias, nomeadamente nos Mundiais de Atletismo e nos Jogos Olímpicos, com o ganho de medalhas tanto no setor masculino como no feminino.

Nesse sentido, o contributo do técnico italiano Sandro Damilano, contratado pela Federação de Atletismo da China após os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, tem-se revelado fundamental. Damilano que já ultrapassou largamente a fasquia das 50 medalhas obtidas por atletas treinados por si nas grandes competições, numa carreira de quase meio século dedicada à marcha atlética, teve o seu primeiro êxito (era treinador dos seus irmãos Giorgio e Maurizio), com a medalha de ouro obtida por Maurizio Damilano nos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980. Em junho deste ano, em reconhecimento do seu trabalho de mais de 10 anos à frente da seleção chinesa e pelo sucesso nas Olimpíadas de 2012 e 2016, Shijie Duan, presidente da federação chinesa de atletismo, galardoou o técnico italiano, nascido em Scarnafigi, em 24 de fevereiro de 1950.

Evidentemente que fundamental tem sido o investimento financeiro na modalidade e o consequente apoio aos atletas da seleção chinesa e técnicos locais que passam largos meses no Centro de Alto Rendimento de Marcha Atlética de Saluzzo, em Itália, creditado pela IAAF e que foi criado em 2002 pelos irmãos Giorgio, Maurizio e Sandro Damilano.

Por outro lado, na monotorização dos índices técnico-regulamentares dos seus atletas, desde 2007 que a Federação de Atletismo da China tem contado com a regular presença dos melhores juízes internacionais de marcha nos seus eventos, a maioria dos quais do continente europeu (em maior número no principal painel da IAAF) e neste ano, em todas as nove provas mais importantes do seu calendário, pelo menos três internacionais integram o júri da competição. Em setembro, nos campeonatos da China, e em outubro, na volta ao Lago Taihu, esta a última prova do Challenge Mundial da IAAF, a federação chinesa contará com a presença de juízes especialistas estrangeiros, no primeiro dos referidos eventos com 4 deles, entre os quais o português Vasco Guedes, e no segundo com outros 10 internacionais, integrando esta equipa o português José Dias.