Em boa companhia: em 1.º plano, Erica Alfridi, Rossella Giordano e Gisella Orsini; em 2.º plano, Elisa Rigaudo, Annarita Sidoti e Elisabetta Perrone. Foto: facebook de Sidoti. |
Campeã mundial de
marcha em Atenas-1997 e dupla campeã europeia em Split-1990 e Budapeste 1998,
participante em três edições dos Jogos Olímpicos (1992, 1996, 2000) e detentora
de 47 internacionalizações (1987 a 2002), Annarita Sidoti foi umas das figuras
de maior destaque da marcha mundial da década de 1990, período em que foi
também segunda classificada nos Campeonatos da Europa de 1994 (Helsínquia),
campeã europeia de pista coberta em 1994 (Paris), campeã mundial universitária
em 1995 (Fukuoka) e vencedora da primeira Taça da Europa de Marcha, em 1996, na
Corunha. O diário desportivo italiano «La Gazzetta dello Sport» traz este
domingo a história que alguns conheciam e de que mais alguns suspeitavam mas
que a maior parte desconhece: a atleta enfrenta actualmente o maior dos
adversários, o cancro.
No encontro da
atleta, ocorrido este sábado em Lomello (perto de Pavia e de Milão), com jovens
estudantes e antigos companheiros da selecção italiana e de que o jornal fez
reportagem, a atleta falou pela primeira vez em público sobre os quatro anos de
luta contra a doença. E mais uma vez revelou-se não uma pequenina marchadora de
metro e meio mas uma mulher de enorme coragem e muita força numa luta contra um
adversário que não dá tréguas.
No início de Outubro
passado, Annarita foi submetida a mais uma intervenção cirúrgica, a quinta
desde 2009, ano em que, perto do final da terceira gravidez, teve o diagnóstico
da doença. Agora, a atleta siciliana foi contar a sua história, acompanhada do
filho mais velho, Federico.
E é na família que
tem encontrado o maior apoio, sobretudo da parte do marido, o médico Pietro
Strino. Com os filhos fala sobre o tema da doença, mantendo-os a par da
situação e da luta que trava. Federico (9 anos) e Edoardo (8) estão ao
corrente, só Alberto é que não, que os quatro anos e meio ainda não lhe
permitem compreender alguns aspectos da realidade.
Annarita contou
durante o encontro que poucos dias depois do nascimento de Alberto foi
submetida à primeira operação, dando conta da consciência das dificuldades mas
também na determinação por lutar: «Faz parte do meu destino nunca baixar as
armas. O meu marido Pietro diz que a minha luta já é a minha profissão. Entre
exames, consultas e tratamentos e com três filhos para acompanhar, tudo é bem
programado. Em 2011 foi operada a uma recidiva na axila e em Setembro de 2012
ao cerebelo. Agora, ao fígado. Sei que não estou curada, apareceu qualquer
coisa no cerebelo e recusei a radioterapia», disse na ocasião, citada pela
«Gazzetta».
A coragem permanece
intacta e Annarita sabe de onde ela vem: «Foi o desporto que me ensinou a ser
assim. A nunca desistir, a acreditar que a derrota só se consuma se nos
rendermos. Tenho travado lutas maiores do que quando era atleta, agora tenho
pela frente um adversário que não cede, que pode matar-nos primeiro a alma do
que o corpo. Mas esta batalha não ma vencerá!»
Uma atitude de uma
ética insuperável. Ou um exemplo de tenacidade permanente daquela que permanece
como a mais laureada das atletas italianas depois da saltadora Sara Simeoni.
A «Gazzetta» pode
ter-lhe chamado «Pardalito de Ouro» quando da vitória nos europeus de Split,
mas Annarita Sidoti continua a ser a temível leoa que se deu a conhecer nas
pistas e nas estradas em que se faz a marcha internacional.