Robert Heffernan em Moscovo, a caminho do título mundial. Foto: Eurosport |
Com a vitória alcançada nos mundiais de Moscovo, enriquecida pela magnífica
marca que a proporcionou, o irlandês Robert Heffernan tornou-se a figura
mundial de 2013 na marcha atlética. O sucesso registado na capital russa não
representou apenas a conquista do título de campeão na mais importante
competição do ano (os campeonatos do mundo de atletismo): ela significou também
a obtenção do melhor registo mundial do ano na distância mais longa do programa
olímpico do atletismo, os 50 km marcha, graças às 3.37.56 h marcadas na meta.
Mas a vitória de Heffernan nos mundiais de Moscovo teve ainda outro aspecto
a conferir-lhe brilho: tratou-se de uma rara imposição à selecção russa, que
«jogava em casa» e não perdia uma medalha de ouro nas provas de marcha dos mundiais
de atletismo desde os campeonatos realizados em Ósaca, em 2007. Nessa ocasião,
o australiano Nathan Deakes prevaleceu nos 50 km e o equatoriano Jefferson
Pérez tinha feito o mesmo nos 20 km masculinos, tendo os russos a sua vitória
apenas nos 20 km femininos, através de Olga Kaniskina. Depois disso, tanto em
Berlim-2009 como em Daegu-2011, a Rússia «cilindrou» a concorrência, vencendo
as três provas em ambas as ocasiões.
Desta vez Robert Heffernan foi o único estrangeiro a vencer na marcha dos
mundiais de Moscovo, perante os sucessos de Aleksandr Ivanov nos 20 km
masculinos e de Elena Lashmanova nos 20 km femininos. Mas não foi fácil a
tarefa do irlandês, que além de bater os recordes pessoal e nacional, teve
ainda de superar a resistência determinada do jovem Mikhail Ryzhov, que com
apenas 21 anos teve de ser a ponta da lança russa numa prova em que as
«estrelas» eslavas ficaram em casa.
Num ano em que Elena Lashmanova continuou a passear a superioridade pelos
locais onde foi competindo e Ryzhov conseguiu este desempenho notável para um
atleta tão jovem, não era fácil eleger outro atleta como figura do ano, mas
Heffernan fez por merecer a escolha, coroando aos 35 anos uma carreira longa,
com altos e baixos, é certo, mas onde desde sempre faltava a medalha. Em
Moscovo, os quartos lugares deixaram de ser a sina do melhor marchador
irlandês, que superou igualmente os segundos lugares das compatriotas Gillian
O'Sullivan e Olive Loughnane, respectivamente nos mundiais de Paris-2003 e de
Berlim-2009.
Depois dos quartos lugares na Taça da Europa de Metz-2009 (20 km), nos
europeus de Barcelona (20 e 50 km) e nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 (50
km), Robert Heffernan foi a Moscovo buscar a consagração que lhe faltava,
conquistando o título mundial, a liderança anual e, com isso, a condição de
figura internacional de 2013.