A equipa de 50 km que em Cheboksary-2003 conquistou a medalha de bronze: Jorge Costa, Pedro Martins, Mário Contreiras e Luís Gil. Foto arquivo O Marchador. |
Nunca antes a seleção portuguesa chegara a um dos
lugares de pódio em Taças da Europa ou do Mundo, desde que se estreou em Nova
Iorque (EUA), na edição mundial de 1987. Foi necessária uma espera de 16 anos
para que uma imensa alegria invadisse os corações dos amantes da marcha
atlética e dos desportistas em geral com a conquista da medalha coletiva da
especialidade.
Com efeito, a 5.ª edição da Taça da Europa, realizada
em 2003, em Cheboksary, uma das duas capitais da marcha atlética na Rússia
(Saransk, na Mordóvia, é o outro grande centro de excelência), marcaria para os
selecionados lusos o início de um brilhante ciclo de prestações desportivas,
referindo-nos agora apenas no plano coletivo.
Nesse ano, a seleção nacional dos 50 km marcha,
desafiando todos os mais otimistas prognósticos, alcançaria a medalha de
bronze, graças aos notáveis desempenhos de Pedro Martins, Jorge Costa e Luís
Gil, equipa da qual também fez parte Mário Contreiras, que não pôde concluir a
prova devido a problemas físicos.
Num deslumbrante cenário, com o incentivo do público à
seleção russa mas, também, às demais equipas participantes, cujas estimativas
apontaram para as 75.000 almas, os atletas portugueses sentiram-se
verdadeiramente empolgados.
A este propósito, recolhemos as opiniões dos nossos
homens que fizeram história:
Pedro Martins:
“ Além da excelência do circuito da prova, há outros
aspetos que me marcaram muito positivamente: o apoio do público durante a
prova, a medalha ganha pela equipa dos 50 km, o meu 10.º lugar individual nesta
prova e, finalmente, a emoção que se apoderou de mim no decorrer da cerimónia
protocolar.”
Jorge Costa:
“ Não fazíamos ideia que seguíamos para a medalha. Só
depois de cortarmos a meta é que nos alertaram que talvez tivéssemos chegado ao
3.º ou 4.º lugar, nem sabiam ao certo. O Contreiras, que tinha desistido, era
dos mais eufóricos. Andava de um lado para o outro empunhando a medalha ao
peito…
A organização esteve ao mais alto nível. A
espetacularidade da cerimónia de abertura, com o estádio a abarrotar, apesar
dos ingressos pagos, imagine-se…, ficou-nos na memória.”
Luís Gil:
“ A entreajuda foi formidável pois recordo-me que o
Pedro deu-me uma volta de avanço, depois quebrou um pouco e fui eu que o
incentivei, puxando por ele. Entretanto o Jorge, ao passar por mim, dava-me
forças, com as suas palavras de ânimo. A multidão que se aglomerava no circuito
ara algo de inimaginável, a prova marcou-me muito pelo extraordinário ambiente
vivido, e então toda aquela gente na cerimónia de premiação deixou-me muito
feliz. Mas só passada uma semana me apercebi, realmente, da grandeza que
representou ganharmos a medalha.
Mário Contreiras:
“ É difícil esquecermo-nos do ambiente que vivemos em
todos os momentos da nossa viagem a Cheboksary, a envolvência da cidade no
apoio à competição, a magnífica organização. Apesar de, desportivamente, as
coisas não me terem corrido de feição, guardo gratas recordações da Taça de
2003. Há tempos, em conversa com o Augusto Cardoso, ambos estávamos de acordo que
a edição da Taça do Mundo de 2008 não conseguira suplantar o sucedido 5 anos
antes”.