O blogue «O
Marchador» publicou em 23 de Novembro passado um «post» sob o título «Lisboa
corta na marcha do Grande Prémio de Natal» [aqui]. Publica-se de seguida um comentário recebido do presidente da AAL (que o
disseminou pelos clubes filiados), agradecendo a atenção do comentário mas
repudiando os termos insultuosos a que Marcel de Almeida entendeu recorrer. A
este comentário junta-se no final uma tréplica da equipa de «O Marchador».
O presidente
da AAL escreveu (transcrição completa, mantendo-se os destaques do original):
«Não pretendo entrar em polémicas.
Apenas algumas observações e ponto final da minha parte, pois não respondo a
inverdades e a cobardes ressabiados que não assinam o que escrevem.
Assim:
Os prémios são pagos pelo
organizador e não pela A.A.L.
A muito custo, conseguimos a
inclusão das restantes provas que integram, normalmente, o G.P.N.
Esta Associação promoveu, no
passado, um programa incentivo para a marcha.
Ao fim de 2 anos, este programa foi
suspenso, já que não justificou o envolvimento financeiro feito (mais de 4000
euros).
O progresso obtido foi um marginal
aumento de 1,7% atletas, em dois anos.
O articulista faltou a um dever
profissional que é a de reconciliar as fontes, e informar-se correctamente.
antes de escrever.
Será que vai publicar a minha
resposta, como manda a deontologia?
Marcel de Almeida»
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A equipa do
blogue «O Marchador» considera justificarem-se os comentários que seguem.
1 - Lida
atentamente a prosa, verifica-se que nenhuma passagem do comentário do
presidente da Associação de Atletismo de Lisboa (AAL) desmente o que foi
escrito no artigo a que se refere, nomeadamente sobre a discriminação da
retirada dos prémios monetários para os atletas participantes nas provas de
marcha do Grande Prémio de Natal (e só a esses) e sobre a estranheza da
diminuição das distâncias dessas mesmas provas (agora, no caso dos seniores,
com extensão pouco superior a metade da prova oficial mais curta de todo o
calendário nacional).
2 - Também
nesse comentário não se detecta qualquer resposta dada às perguntas formuladas
no texto de «O Marchador», como aquelas que visavam saber das razões da
substituição das provas de 5 km por outras de 3 km ou sobre os patrocínios que
o presidente da AAL já disse terem sido procurados para o Grande Prémio de
Natal (ou para as provas de corrida desse programa?).
3 - Acresce que
o presidente da AAL parece ensaiar a desresponsabilização da associação
lisboeta das obrigações enquanto organizadora do Grande Prémio de Natal de 2013
no tocante ao pagamento de prémios. Só que em nenhum documento de divulgação ou
de regulamentação do referido grande prémio a AAL deixa de se identificar como
entidade organizadora da prova. Ao consultar o «site» da instituição, pode
ler-se: «Comemorando a 56ª Edição, a Associação de Atletismo de Lisboa organiza
o Grande Prémio de Natal aberta a todos os interessados, atletas filiados e não
filiados, que irá decorrer no dia 15 de dezembro de 2013, na cidade de Lisboa.»
Por sua vez,
o comunicado da AAL n.º 4-2013/14 de 8 de Novembro 2013 referia: «Todos os
participantes, pelo acto de inscrição, aceitam o presente regulamento e, em
caso de alguma dúvida ou caso omisso, concordam em acatar a decisão da entidade
organizadora da prova, a Associação de Atletismo de Lisboa.»
Portanto,
não pode o presidente da AAL alhear a instituição que dirige da condição de
entidade organizadora do Grande Prémio de Natal de 2013, com todas as
consequências que dela decorrem.
4 - O
presidente da AAL classifica os autores do texto como «cobardes ressabiados que
não assinam o que escrevem». O artigo publicado não é de autoria anónima. Como
poderá verificar-se no «Manifesto» publicado na barra de navegação superior
(junto ao cabeçalho do blogue), também ao cimo da coluna lateral direita e
ainda como texto de abertura do blogue (em 4/10/2010), este é gerido pela
equipa constituída por Carlos Gomes, José Dias e Luís Dias. Qualquer texto
publicado sem assinatura explícita em «O Marchador» é, naturalmente, da
responsabilidade solidária dos três membros desta equipa.
No entanto,
contraditoriamente, o presidente da AAL, afinal, parece pretender conhecer os
autores, dado que lhes atribui o duplo epíteto de «cobardes ressabiados».
«Cobardes» poderia ter por justificação (mas nunca cedendo) o anonimato sob o
qual pretensamente se esconderiam os autores do texto (já se viu que essa
formulação não tem fundamento). Quanto à ideia de ressabiamento, essa só se
compreenderia com base em algum outro facto do conhecimento do presidente da
AAL mas por ele não revelado no comentário expandido e que poderia (aí, sim)
levá-lo a tal acusação. Mas se não conhecia os autores do texto, como pôde
então classificá-los a partir de sentimentos para cuja identificação precisaria
de saber de quem eventualmente se tratasse?
5 - Ao
contrário do que pretende o presidente da AAL, o «articulista» (como lhe chama)
não está sujeito a qualquer dever profissional porque não existe envolvimento
profissional de nenhuma espécie no projecto do blogue «O Marchador». Ainda
assim, os autores assumem inteira responsabilidade pelo material que publicam
no blogue, em consonância com as condições enunciadas no referido «Manifesto».
6 -
Terminando a mensagem, o presidente da AAL suscita a questão da deontologia,
que em seu entender mandaria a equipa do blogue publicar o comentário que
entendeu produzir. Mas cabe perguntar qual a deontologia que manda o presidente
da AAL verter insultos a quem comentou em termos críticos (e educados) uma
decisão da instituição que (ele) lidera. O presidente da AAL pode ser
intolerante à crítica (tanto pior para ele), mas isso não lhe confere o direito
ao insulto. E se outro motivo não existisse, impunha-se um acima de todos: o
respeito pela própria Associação de Atletismo de Lisboa e pelos clubes nela
filiados, de que é o primeiro representante.
7 - Cumpre
lembrar que nenhum insulto foi dirigido fosse a quem fosse no texto publicado
no blogue «O Marchador». Nem é esse o timbre dos integrantes da equipa que
desde 2010 mantém este espaço de divulgação de informação e de opinião sobre
marcha atlética.
8 - Por fim,
não se percebendo a relação com o conteúdo do texto publicado no blogue em 23
de Novembro, seria porventura curial saber a que se refere o presidente da AAL
quando fala em «programa incentivo para a marcha» promovido no passado, com
determinado «envolvimento financeiro» e resultando numa determinada taxa de
«progresso obtido».
9 - A equipa
do blogue «O Marchador» considera que o dirigismo associativo desportivo deve
ser servido em modos de inatacável urbanidade.
10 - A
equipa do blogue considera também que os termos despropositados do presidente
da AAL não reflectem o sentimento nem o modo de expressão dos demais membros
dos órgãos da AAL nem dos dirigentes dos clubes nela filiados.