João Vieira. Foto: Lusa |
Seria muito
difícil a qualquer marchador português, masculino ou feminino, conseguir uma
época com melhor desempenho do que João Vieira conseguiu. No plano nacional
nada do que pudesse ser atingido lhe escapou; a nível internacional, só lhe
faltou ter uma equipa para registar o sucesso das colegas femininas.
Ainda a
época ia no adro e já o marchador do Sporting marcava devidamente a sua
posição, a começar pelo averbamento da melhor marca nos nacionais de clubes de
pista coberta, durante os campeonatos da I Divisão, realizados em Pombal a 9 de
Fevereiro. Uma semana depois repetiria a dose, triunfando nos Campeonatos de
Portugal em coberto, com a marca que ficaria como a melhor nacional do ano:
19.29,06 m.
Já na época
de estrada, João Vieira sagrou-se no Montijo campeão nacional dos 20 km, com
uma marca apenas fácil (1.26.36), já à espera do Grande Prémio de Rio Maior,
daí a três semanas. E muito bem esperou por essa oportunidade na sua terra de
adopção, bem aproveitada para um triunfo em 1.21.08 h, melhor marca portuguesa
de 2013.
A época
interna seria rematada por mais um título nacional, neste caso nos Campeonatos
de Portugal, realizados em Leiria a 27 de Julho. A marca, 40.02,78 m, era já um
prenúncio do excelente fecho de época que se avizinhava.
Entretanto,
tivera lugar a 19 de Maio, em Dudince (Rep. Checa), a Taça da Europa de Marcha,
onde ao sétimo lugar do recordista nacional nos 20 km masculinos correspondeu a
marca de 1.23.03 h.
Até aqui, as
boas marcas e as boas classificações causavam excelente impressão mas não
justificavam, por si só, o reconhecimento incontestável de João Vieira como
atleta do ano. Havia mais, no sector feminino, quem também tivesse averbado
bons resultados, boas classificações e títulos, a que se juntaram bons
desempenhos internacionais. Mas a balança pendeu definitivamente a favor do
sportinguista no momento em que, nos mundiais de Moscovo, cortou a meta no
quarto lugar dos 20 km marcha, uma classificação que poucos conseguiram prever,
apesar dos indícios deixados pelo caminho até à Rússia.
Tratou-se da
melhor classificação de sempre de João Vieira em campeonatos do mundo de
atletismo, mesmo à porta do pódio e das medalhas. Foi o momento mais alto da
temporada não apenas para a marcha portuguesa mas para todo o atletismo português,
num ano em que, com maior ou menor razão, se chegou a dizer que «neste momento,
em Portugal o atletismo é a marcha».
Terá sido de
algum modo uma afirmação exagerada mas no que ela tivesse de verdade havia
também um contributo de João Vieira, que viu o seu nome ainda no segundo lugar
da classificação final do Challenge de Marcha da federação internacional. Por
tudo isto, João Vieira é a figura nacional da marcha atlética em 2013, ano em
que o atleta do Sporting cumpriu 20 anos de carreira internacional, iniciada em
1993 num encontro de selecções de juvenis realizado em Salamanca.