A equipa do CCD Olivais Sul que participou na prova de Vila Franca de Xira. Foto: arquivo O Marchador. |
Ano marcante para a marcha atlética, o de 1983. Sob o
ponto de vista do aumento exponencial de praticantes, na vertente da qualidade
de alguns deles, e na progressiva integração da especialidade no programa dos
campeonatos nacionais para os diversos escalões etários.
Entre os melhores, havia, no setor masculino, o José
Pinto, o Hélder Oliveira, o Francisco Reis, o Paulo Alves... no setor feminino,
a Paula Gracioso, as irmãs Batuca Toureiro, Fátima e Ana..., enquanto Jorge
Esteves, Paulo Santos e Luísa Correia afirmavam-se.
Daqueles, foi José Pinto (CF Belenenses) o primeiro a
merecer posição de algum destaque no panorama internacional. Em 1982 fazia
história no atletismo português que, pela primeira vez, inscrevia um seu
representante a uma prova de marcha de uma grande competição internacional: os
Europeus de Atenas, na distância de 20 km. E em 1983 abriam-se-lhe novos
horizontes ao alcançar os mínimos (Mundiais de Atletismo, em Helsínquia), na
primeira competição de 50 km, realizada em Portugal, que venceu folgadamente.
Os organizadores tiveram como propósito fundamental o de proporcionar ao
tri-campeão português de 20 km o desejado objetivo.
Nessa histórica prova, que teve lugar em Alenquer, de
onde eram naturais Francisco Reis e Paulo Santos, a organização coube ao (muito
ativo) Clube Português de Marcha Atlética e ao Sporting Clube de Alenquer.
Também Paulo Alves, um dos pioneiros da atividade no nosso país, atleta do
Clube de Futebol de Santa Iria, estrear-se-ia na distância, classificando-se na
segunda posição.
A especialidade ia merecendo destaques na imprensa
desportiva. Manuel Arons de Carvalho, numa extensa reportagem sobre o tema
(maio de 1983) diria, a certo passo: “Muitas vezes rejeitados, eles foram teimando,
insistindo, organizando. As provas começaram a surgir aqui e ali, aproveitando
a receptividade deste e daquele clube e a ajuda (preciosa) da Associação de
Atletismo de Lisboa (que quase tem funcionado como Federação da especialidade).
Folhas informativas, folhetos, boletins, anuários, foram sendo executados, no
sentido de ir sensibilizando técnicos e jornalistas. Festas da marcha, eleições
dos melhores especialistas, acções de informações foram outras das iniciativas
tendentes a reforçar a unidade entre os marchadores, uma autêntica família
dentro do atletismo.”
As parcerias com Juntas e Câmaras Municipais iam dando
frutos. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira organizou, naquele ano, em
colaboração com o departamento de marcha da Associação de Atletismo de Lisboa,
numa iniciativa tendente a estimular a prática do exercício físico, uma prova
de 5 km marcha que contou com a presença de 150 atletas, número invulgar para a
época. A competição, denominada “Prova de Marcha para Todos” percorreu as
principais artérias da vila, com muito público a assistir, e terminou junto à Praça
de Touros onde decorria a feira anual do concelho. O C.C.D. de Olivais Sul, o
Caniços, a A.D. Oeiras, o G.D. Amupa e a A.D. Leões Apelaçonenses, foram os
clubes com maior número de participantes, com destaque para a representação
lisboeta, a maior de todas, que então tinha a sua sede no Palácio do
Contador-Mor.