Robert Heffernan, o novo campeão do mundo de 50 km marcha. Foto: Getty |
O irlandês Robert Heffernan sagrou-se esta manhã campeão do mundo de 50 km marcha vencendo nos mundiais de Moscovo a prova da distância em 3.37.46 h, marca que constitui recorde pessoal e nacional por oito segundos. Mikhail Ryzhov (Rússia, 3.38.58) e Jared Tallent (Austrália, 3.40.03) completaram o pódio. Pedro Isidro terminou na 28.ª posição, com 3.57.30 h.
A prova teve o domínio inicial dos dois russos em competição, Ivan Noskov e Mikhail Ryzhov terceiro e segundo na Taça da Europa de Dudince de Maio passado, que se adiantam do pelotão à saída do estádio. Seriam o francês Yohann Diniz e o australiano Tallent quem tentaria dar resposta aos atletas «da casa». Diniz manteve-se durante muitos quilómetros em posição intermédia, mas Tallent conseguiu mesmo colar-se aos russos após a primeira légua, cumprida pelos líderes em 22.19 m.
O francês faria uma prova irregular, apanhado aos oito quilómetros pelo grupo de 11 atletas que o seguia, voltando a descolar logo de seguida, para alcançar os primeiros por volta dos vinte quilómetros. Chegou a comandar a prova, mas, com duas notas de desclassificação, atrasou-se e abdicou de qualquer pretensão cerca dos 35 quilómetros. Ainda assim acabaria na 10.ª posição, com 3.45.18 h.
Entretanto, à passagem de meia prova formava-se na frente um grupo de cinco atletas, composto pelos russos, por Tallent e, vindos de trás, Heffernan e o polaco Grzegorz Sudol, que quase sempre lideraram a perseguição. Desta forma começava a definir-se o grupo que haveria de lutar pela vitória, numa fase em que Pedro Isidro cumpria metade da competição no 39.º lugar, em ritmo regular a rondar 23.30 a 23.40 m por légua.
A 15 quilómetros do final, Robert Heffernan ficou na frente apenas com Rhizov e Noskov, desferindo o golpe definitivo pouco antes dos 40 quilómetros. Nesse momento isolou-se no comando, que não mais perderia até final. Noskov começava a atrasar-se irremediavelmente, deixando o segundo lugar para o compatriota e sendo depois ultrapassado por Tallent dos 41 para os 42 quilómetros.
Ficava assim definido o pódio, com um trio que na meta registou a melhor marca mundial do ano (Heffernan), um recorde pessoal por larga margem (Ryzhov) e uma melhor marca pessoal do ano (Tallent), demonstração clara da qualidade dos resultados obtidos neste mundial de 50 km. Um nível competitivo confirmado ainda pelo facto de oito atletas terem entrado na lista dos dez melhores do mundo em 2013 ou terem melhorado marcas que já aí os posicionavam antes.
Sendo claramente o mais novo do trio, com 21 anos (contra 35 de Heffernan e 28 de Tallent), Mikhail Ryzhov merece uma palavra especial, dado que conseguiu defender a honra de uma equipa russa privada das grandes «estrelas» Bakulin e Kirdyapkin. Conseguiu levar a Rússia ao segundo lugar, com um recorde pessoal por mais de cinco minutos (antes, 3.44.41, Taça da Europa de Dudince, 19/5/2013).
Quanto a Robert Heffernan, este título mundial constitui um prémio merecido para uma carreira já longa, sempre em grande nível mas afastada dos pódios nas competições mais importantes e por vezes marcadas por problemas regulamentares. Desta vez correu tudo bem ao irlandês e, uma vez mais, também a Jared Tallent, que, depois da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, há um ano, repete agora o bronze dos mundiais de Daegu de 2011.
Para surpresa geral, o quarto lugar viria a ser conseguido por Ihor Hlavan, com um novo máximo pessoal de 3.40.39 h. O ucraniano fez uma prova muito discreta, andando sempre por grupos secundários, sendo 19.º aos 10 km, 16.º aos 20 e aos 30 e 7.º aos 40, com estes parciais em cada dupla légua: 45.47, 44.55, 43.37, 43.18 e 43.02.
O português Pedro Isidro chegaria no 28.º lugar nesta estreia em mundiais em que detinha o 46.º recorde pessoal entre 61 inscritos. A marca obtida (3.57.30), ficando a 21 segundos do recorde pessoal, é a segunda melhor de atletas portugueses nos 50 km de mundiais de atletismo, superada apenas pela que José Pinto obteve em Roma-1987 (3.56.40).
Pedro Isidro fez uma prova de grande regularidade até aos 45 quilómetros, momento em que as marcas de passagem davam a entender um recorde pessoal final. No entanto, com os últimos cinco quilómetros cerca de um minuto mais lentos do que as léguas anteriores prejudicaram essa expectativa, não impedindo mesmo assim que a marca fosse bastante positiva.
Eis os parciais légua a légua: 23.41, 23.45, 23.36, 23.40, 23.26, 23.30, 23.49, 23.41, 23.30 e 24.52.
Atleta que já é «património» dos mundiais de atletismo, o espanhol Jesús García terminou a 11.ª participação no 12.º lugar, não deixando de ser o melhor dos espanhóis, apesar dos 43 anos que já conta. Fez a melhor marca pessoal do ano, com 3.46.44 h e igualou assim o recorde de participações em mundiais de atletismo de Susana Feitor, considerados os atletas de todas as especialidades.
Classificação
50 km
1.º, Robert Heffernan (Irlanda), 3.37.56
2.º, Mikhail Ryzhov (Rússia), 3.38.58
3.º, Jared Tallent (Austrália), 3.40.03
4.º, Ihor Hlavan (Ucrânia), 3.40.39
5.º, Matej Tóth (Eslováquia), 3.41.07
6.º, Grzegorz Sudol (Polónia), 3.41.20
7.º, Ivan Noskov (Rússia), 3.41.36
8.º, Lukasz Nowak (Polónia), 3.43.38
9.º, Takayuki Tanii (Japão), 3.44.26
10.º, Yohann Diniz (França), 3.45.18
11.º, Hirooki Arai (Japão), 3.45.56
12.º, Jesús Ángel García (Espanha), 3.46.44
13.º, Serhiy Budza (Ucrânia), 3.47.36
14.º, Ivan Trotski (Bielorrússia), 3.47.52
15.º, Marco De Luca (Itália), 3.48.05
16.º, Chris Erickson (Austrália), 3.49.41
17.º, Quentin Rew (Nova Zelândia), 3.50.27
18.º, Claudio Villanueva (Espanha), 3.50.29
19.º, Omar Zepeda (México), 3.50.43
20.º, Jarkko Kinnunen (Finlândia), 3.50.56
21.º, Adrian Blocki (Polónia), 3.51.00
22.º, Ato Ibáñez (Suécia), 3.53.38
23.º, Koichiro Morioka (Japão), 3.53.54
24.º, Jean-Jacques Nkouloukidi (Itália), 3.54.00
25.º, Brendan Boyce (Irlanda), 3.54.24
26.º, Jianbo Li (China), 3.56.13
27.º, Jonnathan Caceres (Equador), 3.56.58
28.º, Pedro Isidro (Portugal), 3.57.30
29.º, Dušan Majdan (Eslováquia), 3.57.50
30.º, Faguang Xu (China), 3.57.54
31.º, Marc Mundell (África do Sul), 3.57.55
32.º, Horacio Nava (México), 3.58.09
33.º, Basanta Bahadur Rana (Índia), 3.58.20
34.º, José Ignacio Díaz (Espanha), 3.58.26
35.º, Omar Segura (México), 3.58.34
36.º, Evan Dunfee (Canadá), 3.59.28
37.º, Sehan Oh (Coreia do Sul), 4.01.00
38.º, Tadas Šuškevicius (Lituânia), 4.01.29
39.º, Andreas Gustafsson (Suécia), 4.01.40
40.º, Marius Cocioran (Roménia), 4.04.23
41.º, Veli-Matti Partanen (Finlândia), 4.04.59
42.º, Teodorico Caporaso (Itália), 4.05.25
43.º, Mario José Dos Santos Jr (Brasil), 4.06.12
44.º, Xavier Moreno (Equador), 4.07.29
45.º, Sándor Rácz (Hungria), 4.12.18
46.º, John Nunn (Estados Unidos da América), 4.34.55
Desclassificados: Edward Araya (Chile), Ivan Banzeruk (Ucrânia), Junghyun Yim (Coreia do Sul), Håvard Haukenes (Noruega), Emerson Hernández (El Salvador), Sandeep Kumar (Índia), Andrés Chocho (Equador), Ian Rayson (Austrália).
2.º, Mikhail Ryzhov (Rússia), 3.38.58
3.º, Jared Tallent (Austrália), 3.40.03
4.º, Ihor Hlavan (Ucrânia), 3.40.39
5.º, Matej Tóth (Eslováquia), 3.41.07
6.º, Grzegorz Sudol (Polónia), 3.41.20
7.º, Ivan Noskov (Rússia), 3.41.36
8.º, Lukasz Nowak (Polónia), 3.43.38
9.º, Takayuki Tanii (Japão), 3.44.26
10.º, Yohann Diniz (França), 3.45.18
11.º, Hirooki Arai (Japão), 3.45.56
12.º, Jesús Ángel García (Espanha), 3.46.44
13.º, Serhiy Budza (Ucrânia), 3.47.36
14.º, Ivan Trotski (Bielorrússia), 3.47.52
15.º, Marco De Luca (Itália), 3.48.05
16.º, Chris Erickson (Austrália), 3.49.41
17.º, Quentin Rew (Nova Zelândia), 3.50.27
18.º, Claudio Villanueva (Espanha), 3.50.29
19.º, Omar Zepeda (México), 3.50.43
20.º, Jarkko Kinnunen (Finlândia), 3.50.56
21.º, Adrian Blocki (Polónia), 3.51.00
22.º, Ato Ibáñez (Suécia), 3.53.38
23.º, Koichiro Morioka (Japão), 3.53.54
24.º, Jean-Jacques Nkouloukidi (Itália), 3.54.00
25.º, Brendan Boyce (Irlanda), 3.54.24
26.º, Jianbo Li (China), 3.56.13
27.º, Jonnathan Caceres (Equador), 3.56.58
28.º, Pedro Isidro (Portugal), 3.57.30
29.º, Dušan Majdan (Eslováquia), 3.57.50
30.º, Faguang Xu (China), 3.57.54
31.º, Marc Mundell (África do Sul), 3.57.55
32.º, Horacio Nava (México), 3.58.09
33.º, Basanta Bahadur Rana (Índia), 3.58.20
34.º, José Ignacio Díaz (Espanha), 3.58.26
35.º, Omar Segura (México), 3.58.34
36.º, Evan Dunfee (Canadá), 3.59.28
37.º, Sehan Oh (Coreia do Sul), 4.01.00
38.º, Tadas Šuškevicius (Lituânia), 4.01.29
39.º, Andreas Gustafsson (Suécia), 4.01.40
40.º, Marius Cocioran (Roménia), 4.04.23
41.º, Veli-Matti Partanen (Finlândia), 4.04.59
42.º, Teodorico Caporaso (Itália), 4.05.25
43.º, Mario José Dos Santos Jr (Brasil), 4.06.12
44.º, Xavier Moreno (Equador), 4.07.29
45.º, Sándor Rácz (Hungria), 4.12.18
46.º, John Nunn (Estados Unidos da América), 4.34.55
Desclassificados: Edward Araya (Chile), Ivan Banzeruk (Ucrânia), Junghyun Yim (Coreia do Sul), Håvard Haukenes (Noruega), Emerson Hernández (El Salvador), Sandeep Kumar (Índia), Andrés Chocho (Equador), Ian Rayson (Austrália).
Desistentes: Fredy Hernández (Colômbia), Maciej Rosiewicz (Geórgia), Erik Tysse (Noruega), Predrag Filipovic (Sérvia), Tianfeng Si (China), Yerenman Salazar (Venezuela).