A delegação portuguesa. Foto: arquivo O Marchador. |
Pela primeira vez a Taça do Mundo de Marcha disputava-se no continente asiático. Pequim, a cidade anfitriã, acolhia 264 atletas, em representação de 36 países. Os atletas chineses, e particularmente a sua equipa feminina, obtinham resultados interessantes ao mais alto nível. A marcha feminina assinalaria a sua estreia, apenas alguns anos mais tarde, nos Mundiais de 1999 e nos Jogos Olímpicos de 2000 mas já se tinham registado vitórias nas Taças do Mundo de Xu Yongjiu, em 1983, Yan Hong, em 1985, e Wang Yan, em 1993.
Por cá, e fruto do bom trabalho desenvolvido pelo setor de marcha da FPA, Portugal apresentava-se, pela primeira vez, com as equipas masculinas (20 e 50 km), e feminina (10 km), num total de 12 atletas.
Susana Feitor voltou a cotar-se como a melhor representante nacional, obtendo o 15.º lugar. Como companheiras de estrada, Isilda Gonçalves (63.ª), Sofia Avoila (74.ª), e Lígia Gonçalves (86.ª), as mesmas de Monterrey. Nos 20 km masculinos competiram José Urbano (47.º), João Vieira (66.º), Sérgio Vieira (72.º) e Virgílio Soares (87.º), enquanto que nos 50 km, o selecionado luso apresentou-se com José Magalhães (35.º), Augusto Cardoso (61.º), Luís Ribeiro (71.º) e José Pinto (78.º).
A delegação portuguesa, chefiada pelo dirigente federativo, Fernando Boquinhas, foi enquadrada tecnicamente por Luís Dias, treinador nacional de marcha, e o técnico Jorge Miguel. A fisioterapeuta algarvia, Gilda Patrício, prestou o apoio à equipa na recuperação física dos atletas.
A seleção chinesa teve um grande desempenho com vitórias individuais nas três provas, e títulos coletivos nos 20 km masculinos e 10 km femininos. O México arrecadou o triunfo nos 50 km.
“O ambiente do grupo foi fantástico. Apesar da longa e fatigante viagem, mais de 30 horas, com escala em Londres, foram momentos muito agradáveis”, conta-nos José Magalhães, o porta-bandeira da seleção portuguesa.
“Estivémos 10 dias em Pequim, estada que permitiu-nos conhecer um bocado mais sobre a cultura chinesa, os seus lindos templos e os hábitos culinários das gentes, humildes e simpáticas. Enfim, inesquecível!”, prossegue José Magalhães, hoje em dia treinador e participante assíduo em provas de veteranos da especialidade.
Para Magalhães, o objetivo traçado com o seu treinador, Luís Dias, era o de realizar um tempo aproximado das quatro horas. Fez 4.02.57 mas ficou com a sensação de que poderia ainda ter feito melhor.
“Recordo-me que antes da minha prova, e como não era, nem é, hábito ... levarmos cozinheiro, fui eu que fui à cozinha preparar o pequeno-almoço, eram cinco horas da madrugada. E com a preciosa ajuda da nossa ‘coqueluche’, a Sofia Avoila”.
“Tenho saudades de todo esse grupo de atletas, treinadores e restante comitiva com quem ainda tive o prazer de privar durante mais alguns anos”, conclui José Magalhães, campeão nacional de 50 km por quatro vezes.