José Urbano, Beate Anders (RDA), Kerry Saxby (Austrália) e Ileana Salvador (Itália). Fotos: O Marchador e Vittorio Visini. |
L’Hospitalet de Llobregat, localidade integrada na província de Barcelona e que fora palco, durante duas décadas, de um muito interessante grande prémio internacional, acolheu a 14.ª edição da Taça do Mundo de Marcha. O evento contou com a participação de 331 atletas representando 31 nações. Frants Kostyokevich (Rússia) e Simon Baker (Austrália), nos 20 e 50 km masculinos, respetivamente, e Beate Anders (RDA), nos 10 km femininos, foram os vencedores individuais.
Para os marchadores portugueses, L’Hospitalet, na década de oitenta, constítuia uma referência muito importante no plano competitivo internacional. De carrinha e por vezes de comboio, os nossos melhores atletas percorriam os cerca de 1.200 quilómetros que distavam Lisboa de Barcelona e era sempre com enorme entusiasmo que o faziam.
Desses tempos recordamo-nos dos espetaculares duelos protagonizados pelo espanhol José Marín e pelo checo Josef Priblinec na discussão pelo triunfo até aos últimos metros, sob constantes aplausos de um numeroso e entusiástico público.
Por cá, Adriano Pereira, o técnico nacional de marcha, preparava intensamente a equipa, que estagiara no belo Hotel Urgeiriça, a 25 km de Viseu, localizado numa tranquila e bela zona de serras e vales, rodeados de pinhais e campos de cultivo.
Em L’Hospitalet, sob temperaturas elevadas, a seleção portuguesa, chefiada pelo dirigente federativo José Paulo Moreira, apresentou-se, nos homens, com a seguinte constituição: nos 20 km, José Urbano (12.º), o melhor da representação lusa, Hélder Oliveira (67.º), Paulo Revêz (75.º), e Augusto Cardoso (91.º). Nos 50 km, a equipa esteve menos feliz com as desclassificações de José Pinto e Paulo Pires, salvando a “honra do convento” Jorge Esteves (60.º) e José Magalhães (69.º). Coletivamente, Portugal foi 12.º nos 20 km e 25.º nos 50 km.
José Urbano que, durante o período de 1986 a 1999, competiu ao mais alto nível internacional, com presenças nos Jogos Olímpicos de Seul’88, Barcelona’92 e Atlanta’96, e ainda em seis Campeonatos Mundiais (Roma, Tóquio, Estugarda, Gotemburgo, Atenas e Sevilha), hoje em dia um dos melhores e mais prestigiados massagistas desportivos, relata-nos a experiência vivida em L’Hospitalet:
“Recordo-me que o José Pinto, o grande rival desses tempos, tinha batido, vinte dias antes, no Montijo, o meu recorde nacional dos 20 km marcha. Ora, ainda me lembro perfeitamente. Dado o tiro de partida, saí “à doida”, como por vezes era meu hábito, apostado, dessa vez, em conseguir baixar o melhor tempo de então, que era de 1.24.05. Só não imaginaria que me saísse tão bem. Foi fantástico”.
E, de facto, José Urbano alcançava na Taça do Mundo um surpreendente e magnífico resultado, com uma marca de pasmar – 1.22.19. Suplantaria por mais duas vezes o recorde nacional: 1.22.04, em San José (EUA), 1991, e 1.21.41, no Montijo, 1992, posição que duraria até abril de 1997.