Vera Santos a caminho da medalha de bronze. Foto: Getty Images |
A Rússia bem pôde brindar, com vodka em abundância, o saboroso triunfo na Taça do Mundo de Marcha que teve lugar em Cheboksary, República da Chuvasquia, região autónoma da Rússia, em maio de 2008. Coletivamente, nada escapou aos russos que, além do mais, evidenciaram enorme supremacia no plano individual arrebatando nada menos que 15 das 20 medalhas em disputa.
Para a história ficará o fabuloso recorde mundial de 3.34.14 estabelecido pelo russo Denis Nizhegorodov nos 50 km. Melhorou em 1 minuto e 33 minutos o anterior máximo que pertencia ao australiano Nathan Deakes (3.45.47 em 2006). Denis não esquecerá tão cedo a sua proeza, pois só desta prova recebeu 80.000 dólares, 50.000 pelo recorde e 30.000 pelo título, o que, convenhamos, não é coisa de pouca monta...
Mas outros momentos muitíssimos agradáveis foram proporcionados, especialmente pelo magnífico 2.º lugar da seleção nacional feminina nos 20 km marcha e pela estóica prova de Vera Santos, medalha de bronze. Para quem esteve em Cheboksary foi certamente um momento aprazível. Para quem, em Portugal, seguiu a excelente transmissão da prova, via internet, na qual o relator, expressando-se na língua inglesa, se referiu, várias vezes às atletas portuguesas foi, igualmente, muito gratificante. Muito boas foram, também, as prestações de Susana Feitor (10.ª) e de Ana Cabecinha (11.ª) com recorde pessoal, todas realizando tempos abaixo da uma hora e trinta que figuram como os melhores de todas as taças do mundo até ao momento realizadas. Inês Henriques (19.ª) e Maribel Gonçalves (26.ª) completaram a excelente equipa feminina.
Os homens (20 e 50 km) tiveram um bom desempenho classificando-se ambas as equipas no 7.º lugar. Nos 20 km a seleção apresentou-se com João Vieira (15.º), Sérgio Vieira (18.º), Diogo Martins (49.º) e Pedro Isidro (51.º). Nos 50 km, competiram António Pereira (16.º) num tempo (3.53.11) que é o melhor alguma vez feito por portugueses em taças do mundo, Augusto Cardoso (31.º), Jorge Costa (32.º) e Pedro Martins (40.º). Dionísio Ventura desistiu. Igualmente agradável foi a prestação dos juniores (10 km) com o 22.º lugar de Luís Lopes (43.28), e os 15.º e 17.º lugares de Ana Conceição e Catarina Godinho, respetivamente, conseguindo o 6.º lugar para a equipa.
Carlos Carmino, técnico nacional de marcha, foi o responsável técnico da comitiva que também teve a enquadrá-la os treinadores Jorge Miguel, Paulo Murta e José Magalhães. O Dr. Pedro Branco (médico) e Rachid Boukarov (fisioterapeuta) integraram a comitiva oficial. Fernando Boquinhas, dirigente da Federação Portuguesa de Atletismo, chefiou a delegação.
Vera Santos, brilhante em Cheboksary com um fantástico recorde pessoal de 1.28.17, descreve-nos as suas impressões:
“Cheboksary já me deixara boas recordações no ano de 2003 quando aí estive pela primeira vez. Competir na Rússia é um grande impacto para qualquer atleta devido à excelência dos marchadores daquele país e ao entusiasmo e apoio do público, sempre numeroso, que assiste às competições”.
“Em 2008, na Taça do Mundo, estava com muita confiança pois foi muito boa a preparação que realizara. Ora, com o desenrolar da competição verifiquei que podia obter uma boa classificação. Na última volta a luta foi tremenda para o terceiro lugar. A atleta russa contava com o forte apoio do público que insistentemente gritava com ela. No fim fui eu a conquistar a medalha de bronze. Foi um momento marcante na minha carreira desportiva e no da seleção feminina com a conquista da medalha de prata”.