Os marchadores mais jovens não têm tido oportunidade de privar com esta figura destacada da história da marcha portuguesa, mas quem se dedica à especialidade há mais anos conhece bem o nome de Aires Denis. Nos primeiros meses após o 25 de Abril de 1974 constituiu-se na Póvoa de Santa Iria, perto de Lisboa, um dos primeiros núcleos de desenvolvimento da marcha em Portugal.
O entusiasmo vinha de um cidadão francês, Raymond Ysmal, que atraiu o colega e amigo Aires Denis para a dinamização de actividade ligada a esta disciplina olímpica do atletismo. Rapidamente o amigo português tomou a acção impulsionadora a peito e, depois da constituição de um grupo de praticantes entre o pessoal das oficinas da Telemec, onde ambos trabalhavam, avançou para o apoio à criação de uma secção de marcha no União Atlético Povoense. Mas o passo mais importante estava para ser dado, com os contactos junto da Federação Portuguesa de Atletismo e da Associação de Atletismo de Lisboa com vista ao reconhecimento da marcha como disciplina do atletismo com os mesmos direitos das restantes.
A federação começou por ignorar o caso, enquanto a AAL (sobretudo através de Mário Paiva) apadrinhou o esforço de Aires Denis e companheiros, integrando o dirigente povoense na estrutura directiva. Seguiu-se a realização das primeiras provas de marcha ao fim de seis décadas de inacção (tinha havido marcha nos Jogos Olímpicos Nacionais, em 1911/1912) e, já no final de 1982, a criação do Clube Português de Marcha Atlética, o primeiro a nascer da marcha.
Por motivos de saúde, há alguns anos que Aires Denis está afastado da modalidade, mas a marcha portuguesa não o esquece.