sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

A primeira participação de marchadores portugueses no estrangeiro

Partida dos 10.000 m marcha em Serrahima 1978: da esq.ª para
a dt.ª, Gumersindo Carné, José Dias, Luís Dias, Jorge Llopart,
Louis Marquis e José Marín. Foto: arquivo «O Marchador»

Há 40 anos marchadores portugueses competiram pela primeira vez numa competição internacional realizada no estrangeiro. Encontros muito aguardados eram aqueles que se realizavam anualmente entre as Seleções de Madrid, Barcelona e Lisboa, considerados momentos altos do atletismo português e que tiveram lugar entre 1973 e 1981.

A especialidade da marcha atlética em Portugal iniciara-se na época de 1974/75 e para o torneio de 1978 surgiria a proposta de integração de uma prova de marcha. José Dias e Luís Dias foram os atletas escolhidos para integraram a Seleção de Lisboa que, em Barcelona, no Estádio Joan Serrahima, disputou o VI Torneio Triangular Barcelona-Madrid-Lisboa, que contou ainda com a participação de atletas do Cantão Suíço de Genebra.

Nunca antes marchadores portugueses tinham tido ocasião de apreciar de tão perto a arte de marchar dos grandes campeões. Naturalmente, os portugueses foram os últimos classificados, mas ganharam em aprendizagem.

Os primeiros seriam nada menos que José Marín e Jorge Llopart, representantes de Barcelona. O primeiro viria a ser campeão europeu de 20 km, em Atenas, quatro anos depois, conquistando ainda a medalha de prata nos 50 km; o segundo sê-lo-ia nesse mesmo ano de 1978, em Praga, e conquistaria a medalha de prata olímpica dois anos mais tarde, nos Jogos de Moscovo.

Naquele mês de maio de 1978, a diferença entre os espanhóis e os portugueses era tal que, regressados a penates, os portugueses diriam que até competirem em Barcelona julgavam marchar, mas, na verdade, apenas andavam. Quem marchava eram os outros. Conclusão exagerada, mas reveladora da forma como esta experiência marcou os jovens benfiquistas.

Com os 53.22,1 m registados, Luís Dias estabelecia um novo recorde de Portugal. E para que não ficassem dúvidas, logo o Colégio de Juízes da Federação Catalã de Atletismo emitiu um certificado para efeitos de homologação garantindo que a marca obtida pelo atleta português fora conseguida em condições regulamentares.