A publicação de apresentação da equipa portuguesa. Foto: O Marchador |
A quarta
edição da Taça da Europa de Marcha realizou-se apenas passado um ano após a
antecedente, e isto porque passou a alternar com a Taça do Mundo de Marcha,
esta em anos pares, situação análoga a de outros eventos continentais.
Com o
virar da década e do século e por mérito do maior expoente português da
disciplina, Portugal já apresenta atletas referenciados entre os favoritos para
as mais importantes competições internacionais, com Susana Feitor a assumir
esse papel tanto na Taça da Europa de Dudince como por ocasião dos Campeonatos
Mundiais de Edmonton, em agosto deste mesmo ano. E nem o facto destas duas
prestações ter sido marcada pelo insucesso diminuiu o prestígio que, através
dela, a marcha portuguesa atingira no panorama internacional.
O contingente
português a Dudince foi apresentado pelo Setor de Marcha da Federação
Portuguesa de Atletismo numa publicação (capa a cores), contendo todas as
informações relevantes do evento, e os dados pessoais e desportivos dos atletas
lusos, ilustrados com fotos, bem como a identificação dos Oficiais, como era
usual fazer-se, desde que o nosso país iniciou a sua participação nas Taças da
Europa e do Mundo (normalmente com o arranjo gráfico de Altino Mesquita), um
modo de divulgação (nos tempos de hoje pouco ou nada se faz nessa matéria) que
se revelou eficaz junto dos media e que, hoje em dia, constituem importantes
documentos de trabalho sobre a história da marcha atlética em Portugal.
No texto
de apresentação da seleção portuguesa na Taça de 2001 dizia-se que “…Portugal tem um
papel de relevo a desempenhar, já que da comitiva nacional faz parte uma das
grandes figuras mundiais da disciplina, a rio-maiorense Susana Feitor, em quem
a Europa da marcha também terá os olhos postos. Alinhará nos 20 km femininos,
distância onde detém este ano a quarta melhor marca mundial. “ E, pela
primeira e única vez em competições desta natureza, que nos lembre, a RTP
fez-se deslocar uma equipa de reportagem para a transmissão do evento.
João
Vieira foi o nosso melhor representante, com o selecionado luso a
classificar-se coletivamente em três provas, nos 20 km femininos, nos 10 km
juniores femininos e nos 50 km masculinos, aqui com a melhor prestação de todas
ao alcançar o 6.º lugar, com Pedro Martins, Jorge Costa, Luís Gil e Virgílio
Soares.
Na
reunião técnica, realizada na véspera da competição, foi aprovada a
implementação, pela primeira vez, da chamada “regra de emergência”, sem que
houvesse qualquer voto contra das delegações presentes, condição indispensável
para a sua eventual utilização, e que consistia na possibilidade do juiz-chefe
poder desclassificar diretamente um atleta na parte final da competição (ainda
não se estabelecera o momento em que tal decisão poderia ocorrer – nos anos
seguintes, definiu-se que seriam os últimos 100 metros de prova - isto sem
necessidade de convergência com outros juízes de marcha. E Susana Feitor seria
uma das vítimas da decisão individual do JC ao ser desclassificada quando
seguia isolada a caminho da meta, na última volta do circuito.
Dos
Oficiais designados pela Associação Europeia para a competição, havia dois
portugueses: José Dias, que atuou na qualidade de juiz internacional de marcha,
e Luís Dias (então membro da Comissão de Marcha da AE e técnico nacional), que
integrou o Júri de Apelo.
Nessa
edição da Taça da Europa, a Associação Europeia aproveitou a oportunidade para
realizar uma ação de formação e certificação de novos juízes internacionais,
tendo-se registado a presença dos portugueses Eduardo Gonçalves e João Pires,
ambos do painel nacional de grau A, e integrados no Conselho de Arbitragem da
Associação de Atletismo de Santarém. Concluindo os seus exames, que incluíram a
análise das competições, com sucesso, Portugal passaria a ter, deste modo, o
maior contingente de juízes internacionais de marcha de sempre, prova da
superior qualidade do ajuizamento no nosso país. Já eram juízes internacionais,
José Dias, que entrou no painel em 1993 (e atuou nos mundiais de juniores, em
1994), José Ganso e Ana Toureiro, certificados em 2000.
Pedro
Martins: “Três anos depois, voltávamos a Dudince, com um
cenário semelhante, e com duas alterações de fundo:
1- Prova Feminina de 20kms num circuito de 2
km;
2- A tal “regra de emergência” com a qual
Susana Feitor veio a ser desclassificada na última volta da prova.
A "ação de
formação e certificação de novos juízes internacionais" também se fez
notar, pois os atletas sentiram-se mais observados no sentido regulamentar,
embora isso acabe por trazer consequências positivas para a disciplina. E marchar
é evoluir num determinado sentido, o mais rápido possível, respeitando os dois
aspetos regulamentares: Flexão e Suspensão.