Os homens de 20 e 50 km em Dudince-1998. Fotomontagem: O Marchador |
Dudince, na Eslováquia, região com grandes
tradições na marcha atlética, principalmente pelos seus 50 km, que há longos
anos têm lugar naquela cidade, localizada junto à fronteira húngara, organizou
a segunda edição da Taça da Europa, com a delegação portuguesa, chefiada por
José Dias, a aterrar em Budapeste e a ter de passar por um demorado processo
burocrático, aquando na passagem da fronteira que liga a Eslováquia e a Hungria
(ambos os países entrariam no espaço da União Europeia a 1 de maio de 2004).
Da prestação da seleção nacional, que levou
equipas completas para as provas dos 20 km e 50 km masculinos e dos 20 km
femininos (ainda não havia provas para juniores), o melhor resultado individual
foi estabelecido pelo benfiquista José Urbano. No entanto, houve a destacar o
excelente desempenho da seleção masculina (ainda nesta edição da Taça da Europa
com a classificação coletiva a apurar-se através do somatório da pontuação
obtida nas duas provas), que ocupou o 5.º lugar, até então, o melhor resultado
coletivo da marcha atlética portuguesa ao mais alto nível.
José Urbano, João Vieira, Augusto Cardoso e Sérgio
Vieira, nos 20 km, e Pedro Martins, José Magalhães, Virgílio Soares e José
Pinto, nos 50 km, foram os protagonistas daquela excelente prestação das cores
lusas e que mereceu grande destaque na capa de “O Marchador”, impresso de maio
de 1998, com o título de “A Turma dos Valentões”.
Na comitiva portuguesa acompanhou a delegação
portuguesa o então presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Silvino Sequeira,
que se deslocou com o intuito de estabelecer pontos de referência quanto á
possibilidade de realização de uma competição internacional em idênticos
moldes.
Silvino Sequeira, o autarca que, em grande medida,
foi o responsável pela construção do parque desportivo da cidade desportiva de
Rio Maior, disse então: “Foi uma
agradável surpresa pelo convívio e pelo alto sentido de solidariedade existente
entre as pessoas. Como presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, esta prova
assume uma importância maior porque muitos jovens munícipes pertencem a esta
selecção. Rio Maior faz parte da história da marcha em Portugal. Espero ter
mais oportunidades de contar com gente tão boa, tão solidária. A Federação
Portuguesa de Atletismo está de parabéns com os atletas, com o quadro técnico,
com o quadro dirigente e com o quadro médico.”
A competição constituiu, também, a oportunidade
para uma primeira avaliação dos juízes internacionais de marcha europeus (nesse
mesmo ano outro grupo de juízes, entre os quais o português José Dias, haveria
de ser avaliado em Laval, França), com vista à constituição do primeiro painel
certificado da IAAF, composto por 61 elementos dos vários continentes.
Pedro Martins, o marchador português com o melhor
desempenho individual registado em Taças da Europa, na distância dos 50 km (a
par de Augusto Cardoso) é nosso convidado para abordar, com o seu olhar, cada
uma das edições da Taça da Europa de Marcha:
“Dudince,
uma zona de termas e com muitos espaços verdes. Nesse ano, o percurso para os
homens era de 2.000 metros e para as mulheres penso que não chegava aos 1.000 m
(com acertos na partida). As amplas viragens tornavam as provas que ali se
realizavam, relativamente rápidas e agradáveis de participar.
Lembro-me que era a minha segunda prova de 50 km. Levei duas
"faltas" muito cedo (ainda antes dos 10 km), mas com esforço e
cautelas técnicas até ao fim, consegui concluir e ser ainda o primeiro
português nos 50 km”.