Vera Santos e Carla Monteiro, as juniores que obtiveram o 4.º lugar coletivo em Eisenhuttenstadt-2000. Fotomontagem: O Marchador |
Na terceira edição do evento, além das
habituais provas dos 20 km masculinos e femininos e dos 50 km masculinos, houve
a novidade da inclusão dos 10 km juniores (ambos os sexos), competições
realizadas numa área amplamente arborizada e onde os termómetros subiram a
níveis elevados.
Com a equipa dos 50 km a classificar-se num
agradável sétimo lugar (o atleta da Lousã, Virgílio Soares, foi o melhor
representante luso na distância, em 20.º lugar) foi, contudo, na prova dos 10
km juniores femininos que a delegação portuguesa obteve o seu melhor resultado,
com as nossas jovens atletas, Vera Santos, no 8.º lugar, e Carla Monteiro, na
13.ª posição, a evidenciaram-se com a obtenção do quarto lugar coletivo (a
apenas três pontos da Alemanha, a seleção anfitriã), o que até aos dias de
hoje, neste escalão etário, mais nenhuma seleção atingiu tal patamar.
Os tempos então obtidos por Vera Santos e
Carla Monteiro deram-lhes a possibilidade de estarem presentes nos Campeonatos
Mundiais de Juniores, que tiveram lugar nesse ano em Santiago do Chile, a
primeira obtendo um excelente 5.º lugar, a segunda melhor prestação de todos os
tempos alcançada por uma especialista, isto depois dos sucessos de Susana
Feitor em 1990 (ouro) e 1994 (prata) e, note-se que, em todo o historial da
competição, apenas mais quatro medalhas (no conjunto das outras disciplinas do
atletismo) foram obtidas por atletas portuguesas.
Em funções oficiais no evento estiveram dois
portugueses: José Dias, que integrou á equipa de juízes internacionais de
marcha, e Luís Dias, que fez parte do Júri de Apelo, que também integrou Irena
Szewinska, a famosa velocista polaca que ganhou 7 medalhas olímpicas, três das
quais de ouro.
Por ocasião do evento, a Comissão de Marcha
da Associação Europeia de Atletismo, que integrava o português Luís Dias,
reuniu-se com vista à análise da evolução da especialidade no continente
europeu, tendo proposto medidas à AE, tanto no âmbito técnico como no referente
ao ajuizamento das provas de marcha.
Pedro Martins descreve-nos o que lhe ficou na
retina. “Lembro-me que o percurso foi desenhado num
parque arborizado, com um perímetro de 2000 metros, embora com uma parte do
piso algo danificado por algumas raízes de árvores que já começavam a levantar
alcatrão, o que fazia com que os atletas fizessem alguns desvios para procurar
o melhor piso. Mas de uma forma geral, um percurso muito rápido.
Sem
dúvida, a prestação da equipa júnior feminina constituiu uma agradável
surpresa, com as atletas a alcançarem individualmente, marcas que deixam
saudades...”