Susana Feitor em Miskolc-2005. Foto: Tim Watt |
Em 20 anos de presença contínua na competição, a seleção portuguesa
conquistou um título nos 20 km femininos (2005), foi vice-campeã, também nos 20
km femininos (2013), e ainda conquistou duas medalhas de bronze, uma nos 50 km
masculinos (2003) e outra nos 20 km femininos (2015). De registar, ainda, a
obtenção, sempre no plano coletivo (o de maior significado), de cinco quartos
lugares, quatro quartos lugares, seis sextos lugares, cinco sétimos lugares, e
uma oitava posição.
Este ano, Portugal apresenta-se à Taça da Europa com a mais pequena
delegação de sempre e apenas podendo classificar-se coletivamente com apenas
duas equipas (10 km juniores femininos e 20 km femininos), o que raramente tem
acontecido em anos anteriores, o que merece, no nosso ponto de vista, uma
reflexão sobre o tipo de trabalho que vem sendo feito atualmente pelo Setor de
Marcha da FPA. Há um claro desinvestimento no setor da formação (em contraste
com outras disciplinas do atletismo nacional) e disso são exemplos a ausência
(outra vez) da marcha atlética no escalão de iniciados do Torneio Nacional
Olímpico Jovem (a seu tempo abordaremos o assunto) e nos Campeonatos do
Desporto Escolar, levando os jovens, naturalmente, a optar por outras áreas do
atletismo onde terão mais opções no plano competitivo.
A título individual, a grande referência da marcha atlética portuguesa
na Taça da Europa é, sem sombra de dúvidas, Susana Feitor, atleta que nasceu e
cresceu em Alcobertas, na Serra dos Candeeiros, em Rio Maior, tendo começado a
dar nas vistas precisamente pelo escalão de iniciados (aos 15 anos já era
campeã mundial de juniores). Representou o Clube de Natação de Rio Maior
durante grande parte da sua trajetória desportiva e foi a principal “culpada”
da forte aposta da Câmara Municipal de Rio Maior na marcha atlética, com a
realização, há vários anos, do Grande Prémio Internacional.
Atualmente, a atleta ribatejana está a colocar um ponto final na sua
carreira (já o referiu publicamente), empenhada agora na realização de vários
outros desafios, que não a deixam com tempo suficiente para os treinos.
Recentemente, foi eleita para a Direção da Academia Olímpica de Portugal e tem
em suas mãos a planificação da participação lusa nas Universíadas de Verão, em
Taipé, onde estará na qualidade de Chefe de Missão. Recorde-se que ela própria,
enquanto atleta e estudante universitária (está a tirar o Curso de Gestão das
Organizações Desportivas), já participou em algumas edições do evento e até
obteve uma medalha de prata (20 km marcha), na de Pequim, em 2001.
No plano individual, é a única atleta que foi ao pódio de uma Taça da
Europa. Conquistou a medalha de bronze na primeira edição do evento, em 1996,
na Corunha (Espanha), e na sexta edição, em 2005, na cidade húngara de Miskolc,
tendo ainda integrado as seleções que alcançaram os pódios em 2005, 2013 e
2015. De 1996 a 2015, apenas falhou (lesionada), a presença na edição de 2008.
Agora, aos 42 anos de idade, fica por se saber que prova de marcha (alguma de
20 km) escolherá para cortar a sua última meta enquanto marchadora, num
momento, que se prevê, seja de consagração e homenagem a Susana Feitor que
participou pela primeira vez numa competição internacional, com 14 anos, nos
Campeonatos Europeus de Juniores, em Varazdin, a norte de Zagreb, na então
Jugoslávia, hoje Croácia.