Imagem: Clker. Montagem: O Marchador |
Após vários dias de incerteza sobre
o futuro da marcha atlética no programa das grandes competições mundiais, a
Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA) decidiu na reunião
do Conselho realizada em Londres nos dois últimos dias não propor qualquer
alteração de programas até aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Sebastian
Coe, presidente do organismo, garantiu esta quinta-feira em conferência de
imprensa após o final da reunião de dois dias em Londres, que nenhuma
disciplina será retirada do programa do atletismo dos Jogos Olímpicos ou
riscada dos campeonatos do mundo da modalidade nos próximos três anos.
Sem se referir especificamente à
marcha atlética, Sebastian Coe declarou: «Discutimos o programa dos Jogos
Olímpicos de Tóquio e concordámos em não propor a exclusão de qualquer
disciplina, uma vez que os atletas já levam um ano de treino no seu ciclo
olímpico rumo aos Jogos de Tóquio.»
No entanto adiantou outro factor
relevante na tomada de decisão do Conselho da AIFA: é que entre os atletas que
têm os Jogos Olímpicos de 2020 nos objectivos «alguns dedicaram grande parte da
juventude a preparar-se para o evento com que se comprometeram», referindo-se
ao facto de haver atletas que estão há anos a apostar as respectivas carreiras
no sonho olímpico, dedicando-lhe a fase mais produtiva das carreiras que vêm
mantendo.
Fica, assim, um pouco aliviada a
pressão sobre os atletas marchadores, que vêem serem mantidas as provas da sua
disciplina (20 km masculinos e femininos e 50 km masculinos) nas grandes
competições mundiais, ainda que nada garanta que a realidade se mantenha após os
Jogos de Tóquio. Sobre isso, Sebastian Coe declarou: «Iremos continuar a
evoluir e a inovar, discutindo o assunto [do programa] internamente e com o
Comité Olímpico Internacional (...) As discussões e as propostas que estão a
desenvolver-se serão objecto de acordo dentro da nossa modalidade e terão
aplicação depois dos Jogos de 2020, após consulta alargada dentro e fora do
atletismo nos próximos meses.»
Numa primeira reacção à decisão da
AIFA, o recordista mundial dos 50 km marcha, o francês Yohann Diniz,
congratulou-se com «a decisão unânime do Conselho da AIFA de recusar o fim dos
50 km marcha», que no seu entender ficou a dever-se «ao empenho dos marchadores
de nível mundial e às numerosas manifestações de apoio que receberam.» E
concluiu: «Temos de permanecer vigilantes e de continuar a defender a
disciplina. Parabéns a todos! Viva a marcha atlética!»
Recorde-se que em cima da mesa da
reunião de Londres esteve um tema que apontava para a possibilidade de
eliminação dos 20 e dos 50 km marcha e introdução de uma prova de meia-maratona
marcha depois dos mundiais de marcha por selecções de 2018. O surgimento de
informação sobre tal proposta apanhou de surpresa atletas, treinadores e demais
envolvidos na marcha internacional, tendo dado origem a um abaixo-assinado em
defesa da manutenção dos 50 km nos programas oficiais do atletismo. A petição
reuniu mais de 9300 assinaturas.