Imagens: Marca/EFE, UPC-Barcelona Tech. Montagem: O Marchador. |
O jornal espanhol “Marca” publicou esta semana uma interessante peça quanto ao desenvolvimento de uma nova tecnologia que pode realmente mudar o rumo, ou melhor, aprimorar ou melhorar grandemente os níveis de eficiência do ajuizamento de provas de marcha atlética, sistema esse implementado pela Universidade Politécnica da Catalunha e que se refere à deteção num atleta durante uma prova da especialidade, com alto grau de precisão, da perda de contacto com o solo dos dois pés ao mesmo tempo.
Estudos semelhantes foram levados a efeito por essa mesma Universidade em finais de 2014 e que apontavam para a utilização de umas palmilhas eletrónicas, anunciados no nosso blogue a 24 de novembro de 2022 [aqui], mas que se revelaram infrutíferos.
Agora, o que está a ser publicitada é a utilização futura, talvez para se testar até 2025, nuns Mundiais de Seleções de Marcha Atlética ou em outra importante competição do calendário mundial, de um chip, semelhante ao daqueles que os atletas colocam nos atacadores dos ténis e que foi testado, de forma não oficial, nos Nacionais de Espanha Sub-23, em julho do corrente ano, com sucesso, segundo revelam os investigadores.
A assessoria do projeto está a cargo do experiente Valentí Massana, graduado em Física nos anos 90 e que conseguiu compatibilizar a sua carreira de atleta de alta competição (campeão mundial dos 20 km marcha em Estugarda 1993 e medalha de bronze nos 50 km marcha dos Jogos Olímpicos de Atlanta 1996) com os estudos universitários.
Luis Saladie, diretor de Competições e Eventos da Real Federação Espanhola de Atletismo, um dos mais conceituados nomes nesta área a nível internacional, com inúmeras presenças nas principais competições internacionais, ele próprio formador e examinador de juízes de marcha, alerta na “Marca” a necessidade de se regular o tempo permitido de perda de contacto com o solo, principalmente quando se aborda a questão na base de milésimos de segundos.
A regra 54, aplicável à marcha atlética, define no seu artigo 54.3.2 que “os Juízes de Marcha terão de atuar de forma independente e que o seu julgamento basear-se-á em observações visuais (a olho nu)”. Evidentemente que atuando nas principais competições planetárias os melhores e mais experimentados juízes do principal painel de especialistas da World Athletics, ainda assim as posições assumidas no coletivo (são necessários, pelo menos, 4 juízes, num total de 6, 7 ou 8, a opinar da mesma forma para que um atleta possa ser desclassificado), não estão, por vezes, isentas de comentários desfavoráveis por parte de atletas e treinadores.
A marcha atlética é uma disciplina que surgiu logo nas primeiras edições dos Jogos Olímpicos – em 1908, nos de Londres, e tem um caráter universal, sendo frequente que nos lugares top-10 de grandes eventos internacionais surjam representantes dos 5 continentes.