Aleksandr Ivanov, após o mundial de Moscovo, em 2013.
Foto: Atletizm Dünyasi
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O marchador russo Aleksandr Ivanov foi desapossado da medalha de ouro ganha nos 20 km marcha masculinos dos mundiais de 2013, em Moscovo. A sanção foi imposta pela Federação Russa de Atletismo devido a anomalias detectadas no passaporte biológico do atleta, num processo que se encontrava pendente desde há cerca de um ano por recurso do atleta. A notícia foi divulgada esta sexta-feira pela Federação Russa de Atletismo, que acrescentou ter sido aplicada ao atleta uma pena de suspensão de três anos, contados a partir de 2 de Maio de 2017, além de serem anulados todos os resultados alcançados pelo atleta entre Junho de 2012 e Agosto de 2014.
Sendo um dos atletas da escola de marcha de Saransk, antes dirigida pelo treinador Viktor Chyogin, erradicado do desporto devido ao envolvimento nos processos de dopagem dos seus atletas, Aleksandr Ivanov era um dos poucos marchadores internacionais russos em actividade que ainda não tinham sido suspensos por dopagem.
Com a desclassificação de Ivanov, que em Moscovo tinha registado 1.20.58 h, a medalha de ouro desta prova dos mundiais de 2013 passa para o chinês Cheng Din (1.21.09), enquanto o espanhol Miguel Ángel López (1.21.21) sobe a segundo, trocando a medalha de bronze pela de prata. Quem entra nos lugares do pódio é o português João Vieira (1.22.05), que fora o quarto na meta, com um segundo de vantagem sobre outro russo, Denis Strelkov.
Desta forma, passam a ser três os marchadores portugueses medalhados em campeonatos do mundo de atletismo, numa lista de que, além de João Vieira, constam os nomes de Susana Feitor (bronze nos 20 km femininos em Helsínquia-2005) e Inês Henriques (ouro nos 50 km femininos em Londres-2017).
Mas, atendendo ao período da anulação de resultados de Aleksandr Ivanov, o russo perde também a medalha de prata obtida com 1.19.45 h nos europeus de 2014, em Zurique, onde fora segundo também nos 20 km marcha, atrás de López (1.19.44) e adiante de Strelkov (1.19.46). O quarto, agora a receber a medalha de bronze, tinha então sido o ucraniano Ruslan Dmytrenko (1.19.46), numa prova em que apenas dois segundos tinham separado na meta o primeiro do quarto classificados.
Como já vem sendo infeliz hábito, cabe perguntar quem vai agora compensar dos prejuízos sofridos (morais e materiais) aqueles que nos momentos destas provas e nos tempos seguintes ficaram impedidos de ouvir os respetivos hinos, de serem consagrados como campeões ou de subirem aos pódios a que justamente tinham direito. Ficando pelo caso nacional português, note-se que, sendo só agora posicionado no terceiro lugar dos mundiais de Moscovo, João Vieira foi privado, por exemplo, de apoios mais relevantes a que teria direito como medalhado num campeonato do mundo do que como «simples» finalista.