Lebogang Shange, na perseguição aos primeiros lugares e
após a prova nos mundiais de Londres.
Fotos: Roger Sedres/ImageSA
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Com a surpreendente quarta posição alcançada na prova dos 20 km marcha dos campeonatos mundiais de atletismo, que recentemente tiveram lugar na capital britânica, o sul-africano Lebogang Shange esteve ao mais alto nível, chegando a dar a sensação, nos últimos quilómetros da prova, de que chegaria à medalha.
Faltou muito pouco a este excelente atleta – o bronze ficou a apenas 14 segundos –, o primeiro sul-africano de cor negra a evidenciar-se ao mais alto nível mundial da marcha atlética após o período do apartheid. Bateu por 48 segundos o recorde do seu país (1.19.18), que era dele próprio desde que, em 2016, completou os 20 km de Adelaide em 1.20.06.
Quase como uma locomotiva que vai acelerando no seu percurso, Shange, que a meio da prova, era apenas o vigésimo classificado, a 23 segundos do grupo da dianteira, foi encetando uma fantástica recuperação e assumindo, quase sem se dar por ele, a liderança perante a incredulidade do russo Shirobokov, que haveria de conquistar a medalha de prata. Pagou caro o esforço despendido nas derradeiras voltas ao circuito mas, ainda assim, os seus cinco quilómetros finais foram percorridos a menos de 19 minutos.
É um atleta habituado a quebrar recordes em grandes competições internacionais. Nos mundiais de Pequim, em 2015, obtivera o tempo de 1.21.43, alcançando a 11.ª posição. Será uma das figuras nos próximos Jogos da Commonwealth, que terão lugar na Austrália, em 2018.
Em 2016, nos Jogos do Rio, Shange ficou muito desapontado com o seu resultado (um desolador 44.º lugar), que atribuiu, em parte, às muitas horas de viagem realizadas a poucos dias da competição e ao desgaste que isso naturalmente provocou.
Agora foi muito diferente. Nenhum pormenor foi descurado. O atleta, de 27 anos de idade, contando com o apoio de Chris Britz, seu treinador, passou dois meses na Austrália (2.º, com 1.21.00, nos Campeonatos da Oceânia), perdeu as celebrações do Natal em família e permaneceu três meses na Europa.
Qual o próximo passo na carreira deste simpático atleta? Procurar chegar a uma medalha, se não for no próximo Campeonato de Nações, em Taicang, na China (2018), nos mundiais de Doha, em 2019. E não está nada longe do recorde africano dos 20 km marcha, que o tunisino Hatem Ghoula detém com a marca de 1.19.00. Foi obtido há 20 anos, na cidade alemã de Eisenhüttenstadt, por este que é o único atleta africano a ter obtido uma medalha em provas de marcha de mundiais de atletismo – bronze em Osaca, na edição de 2007.