O triunfo de Smerdova na Taça da Europa de Marcha de Podebrady. Fotos: Comité organizador local. Montagem: O Marchador |
Yana Smerdova, sem país, sem hino nacional, sem treinador, competiu sob
bandeira neutra e triunfou na prova de 10 km sub-20 da Taça da Europa de Marcha
em Podebrady, na República Checa.
Jovem de 19 anos, natural de Penza, Rússia, levantou os braços ao
cortar a meta no domingo, dia 21 de Maio, superando todas as adversárias na
última volta, mas sem equipa de apoio para partilhar a sua alegria.
De regresso a casa concedeu uma entrevista ao diário desportivo russo «Sport
Express» com respostas bem ponderadas e acertadas.
Em 12 edições de Taça da Europa de Marcha foi a primeira vez que um
vencedor de uma prova não vestiu as cores do seu país, não ouviu o hino
nacional nem viu a sua bandeira ser hasteada …
À pergunta se sentiu-se triste, respondeu com toda naturalidade que sim.
Que lhe faltou o apoio do treinador, dos amigos, mas que estava pronta para
ganhar. Disse ter feito uma prova inteligente com um «sprint» no último quilómetro,
que se sentiu segura e queria mostrar que os russos continuam a ser bons
marchadores apesar dos casos de doping, mas também há quem trabalhe bem.
Quando lhe perguntaram se não queria levar algumas fitinhas no cabelo
ou pulseiras com a bandeira russa, Yana respondeu que patriotismo deve ser
mostrado na prova, com bons resultados, preferindo não provocar a ninguém…
Sonha com a obtenção de mínimos para as grandes competições internacionais e
está segura que no próximo ano conseguirá fazê-los. Também já tem alguma experiência
internacional pois em 2014 participou nos Campeonatos da Europa de Pista de
sub-18 ficando em segundo lugar.
Durante a entrevista foi conseguindo evitar mais provocações da
jornalista que várias vezes lhe perguntou se tinha alguma ligação a Saransk,
inclusivamente nomeando-a «neta» de Viktor Chegin, já que o atual treinador
Aleksey Voevodin foi atleta do Chegin durante algum tempo e também apanhado nas
malhas do doping.
Mas a atleta lá foi dizendo que nunca foi convidada para treinar em Saransk
e que não tem qualquer ligação com o Centro de Treino daquela cidade, apenas desejando
mostrar que é possível fazer concorrência aos marchadores da Mordóvia.
Colaboração: Kristina Saltanovic