sábado, 20 de novembro de 2010

José Magalhães - uma vida num só clube (grande)

José Magalhães, treinador de atletas internacionais, foi um excelente especialista nos 50 km marcha, onde alcançou por quatro vezes o título de campeão nacional. Várias vezes internacional, esteve em dois Jogos Olímpicos (Barcelona-92 e Atlanta-96). De uma conduta exemplar na competição ou fora dela, Magalhães oferece aos leitores de “O Marchador” o relato de uma vida num só clube, o Atlético Clube Alfenense.

Por razões de mudança domiciliária e por motivos de não gostar do ambiente da juventude do sítio onde passei a viver, arrastei comigo alguém para fazer umas corridas. Ajudei a construir a secção de atletismo no Alfenense e filiamo-nos na Associação de Atletismo do Porto em 1977. Tirei uns cursos de monitor, fiz umas reciclagens e frequentei em Coimbra um curso de treinador em 1980.

Treinei as várias disciplinas do atletismo, sempre com muitos jovens por esses anos fora, até que em 1987 o Augusto Cardoso demonstrou grande aptidão para a marcha atlética e, como não tínhamos um local para treinar, éramos obrigados a fazer esses treinos na Estrada Nacional 105, que atravessa toda a vila de Alfena.

Nessa altura, fazer marcha era (como se diz na boca do povo) «mariquice» e, com 34 anos de idade, acompanhei-o na rua e fiz dele o atleta que encontramos nos dias de hoje. Mesmo assim foi preciso eu conciliar a minha disponibilidade com a sua actividade profissional.

Como comecei a demonstrar valor, começaram a aparecer convites e alguns subsídios de clubes do continente – e até cheguei a ter duas propostas da ilha da Madeira e dos Açores, algo que nunca foi possível no Alfenense!

Em Portugal continental, os convites surgiam de clubes como o Boavista F.C., o F.C. Porto, mas foi aos 42 anos que surgiu o melhor convite. Foi do S.L. Benfica e este com o melhor subsídio do que os dos outros clubes atrás referidos. Nunca aceitei esses convites, não por não gostar destes clubes mas simplesmente para não dar razão e acabar o que eu ajudei a construir.

Se pensam que tive tarefa fácil, por já estar há 36 anos neste pequeno «grande clube», enganam-se, tal e qual como quando comecei a ter atletas e a fazer estágios pela federação. Ainda hoje estou à espera que paguem as minhas deslocações e do atleta aos primeiros estágios que fizemos. E já lá vão vinte anos!

Tal como no Alfenense cheguei a ter alguns salários enterrados no clube e ainda tive directores que me fizeram a vida negra, mas, como os homens passam e o clube fica, fui-me ficando pelo grande clube sem subsídios, fui fiel a um só clube, sem ter histórias de outros clubes para mais tarde contar, porque, apesar de estar só num clube, teria muitas para contar!

Por exemplo, nos anos 1995 e 1996 tive um patrocínio da Adidas! Aqui tenho que agradecer ao Jorge Miguel o facto de ele e a Susana estarem ligados à Adidas, o que me deu uma ajuda. Em 1997 fiquei sem o patrocínio. Tentei através de outras pessoas arranjar um, o que ia acontecendo se não fossem os tais homens ditos directores do meu clube.

Conheci um vendedor de equipamentos de várias marcas desportivas e ele tinha uma casa de desporto em que vendia material dessas marcas. Falei com ele e pediu-me o currículo. Sem dúvida, através dele iria conseguir um bom contrato com a Diadora. Nessa altura, o contrato seria para dois anos, num valor de 400 contos. Mais uma vez será que pude contar com certos homens ligados ao Alfenense?

Ora, mais uma vez estes iriam desapontar-me, certo e direitinho. Ora vejam: para eu conseguir esse contrato, o Alfenense teria que justificar com um documento no valor de 18 contos com a Diadora portuguesa; esta por sua vez justificava o valor atrás com a Diadora mãe (italiana).

Claro que eu iria ficar rico, caso fizesse este contrato, e o Alfenense pobre – é a lei da vida. Ao fim de vinte anos no clube e com dois Jogos Olímpicos feitos pelo Alfenense, fez-se uma reunião de direcção mais o homem que me iria arranjar patrocínio, mas no fim, por causas que ainda hoje não entendo, ficou tudo em águas de bacalhau. Seria o facto de eu ir andar bem vestido e eles não que os estava a incomodar? Não sei.

Esta foi uma de muitas que me fizeram. No entanto, continuo por lá, até um destes dias. Sou contra vários atletas que mudam de um clube para outro por um simples sorriso, ou então acham que vão representar outro clube maior do que aquele que lhes deu a mão quando iniciaram a actividade.

Visto isto, tendo em conta o quanto fiz pelo Alfenense e por muitos atletas que passaram pelas minhas mãos, de certeza que faria o mesmo várias vezes.

Em jeito de rodapé, ao falar no Augusto não estou a esquecer-me dos outros atletas, mas foi por causa dele que eu comecei a fazer marcha atlética. E isso tenho a agradecer-lhe a ele.

José Magalhães

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

José Dias e Joaquim Graça no novo painel da AIFA

A AIFA anunciou hoje que os juízes internacionais de marcha José Dias e Joaquim Graça integram o nível mais alto do novo painel (2011-2014) de juízes da especialidade da federação internacional (nível III), após conhecidos os resultados do curso realizado em Paris, no fim do mês de Outubro.
É uma excelente notícia para a arbitragem portuguesa que, pela primeira vez, inclui dois elementos no restrito grupo dos melhores juízes de marcha do mundo, seleccionados após exaustivos e exigentes exames.
José Dias, juiz de categoria nacional, filiou-se em 1980 no Conselho de Arbitragem da Associação de Atletismo de Lisboa e integra o Grau A do painel nacional desde a sua constituição, em 1990, tendo ingressado no nível III do painel da AIFA em 1993.
Os Campeonatos Mundiais de Juniores, realizados em Lisboa, em 1994, constituíram a sua primeira actuação em competições organizadas pela AIFA. A sua nomeação para os Jogos Olímpicos de 2004 e 2008 foram os momentos mais altos da carreira na arbitragem. Avaliado em 1998, 2002, 2006 e agora, em 2010, sempre obteve aprovação.
Joaquim Graça, árbitro (oficial técnico nacional), também filiado no Conselho de Arbitragem da A.A. de Lisboa, desde 1996, ingressou no Grau A do painel nacional em 2003, e no ano passado participou em Leeds, com aprovação, na certificação levada a efeito pela Associação Europeia de Atletismo vendo o seu nome incluído, pela primeira vez, no painel de juízes de marcha de área (nível II da AIFA). Por, entretanto, ter-se classificado nos primeiros lugares da certificação de Leeds teve direito a candidatar-se à certificação para o painel de nível III, com o sucesso agora conhecido.
No panorama internacional actuou, em Junho deste ano, nos Campeonatos Ibero-americanos, em San Fernando, Cádiz, e também no Grande Prémio “Cantones de La Coruña”.

18.º Grande Prémio (e 10.ª Légua) das Galinheiras, 20 de Novembro

Consulte o regulamento do 18.º Grande Prémio (e 10.ª Légua) de Marcha Atlética das Galinheiras na secção de «Calendário», ao cimo da página.
Na secção «Estatística» encontra-se disponível o historial da competição.
Até ao momento (18.30 horas) é possível apurar 190 atletas inscritos, em representação de 27 clubes e oriundos de 11 distritos do país. Está prevista também a participação de duas equipas estrangeiras, uma espanhola e uma lituana.

FPA divulgou mínimos para competições nacionais em 2011

A Federação Portuguesa de Atletismo divulgou os mínimos de acesso para as principais provas de marcha do calendário federativo.

Para acederem aos Campeonatos Nacionais de pista coberta nas provas de 5.000 metros masculinos e 3.000 metros femininos, os atletas terão de obter as seguintes marcas: absolutos, 23.30/15.30, sub 23, 25.00/17.00, e juniores, 25.30/17.30.

Para os Campeonatos de Nacionais de pista ao ar livre, os mínimos exigidos serão os seguintes: 10.000m absolutos masculinos e femininos, 49.00/58.00, sub 23, 55.00/1.04.00, juniores, 57.00 (25.30 nos 5.000m)/1.06.00 (29.00 nos 5.000m), e nos 5.000 metros juvenis, 29.00/31.00.

Os mínimos serão idênticos aos estabelecidos para a época anterior, com excepção da prova masculina dos Campeonatos de Portugal (absolutos), agora facilitada a sua entrada em 30 segundos. De salientar que nos últimos campeonatos 24 atletas possuíam mínimos, 19 fizeram a sua inscrição e apenas 9 participaram. Em épocas não muito distantes os mínimos situaram-se na casa dos 22 minutos e foi maior a participação.

Será de lembrar que, num histórico recente, em 2008 e 2009, a federação tinha já facilitado o acesso ao conjunto das provas de marcha atlética dos seus campeonatos em 21 minutos.


Na Taça FPA de Marcha (pista), realizada desde 2000, é a segunda vez que serão estabelecidos mínimos que serão iguais aos da última edição. Serão, nos seniores, de 2.00.00 h nos 20.000 metros masculinos e de 1.12.00 nos 10.000 metros femininos, nos juniores, nos 10.000 metros, de 59.00 nos masculinos e de 1.14.00 nos femininos, e nos juvenis, nos 5.000 metros, de 36.00 nos masculinos e de 41.00 nos femininos.

Para uma competição de âmbito nacional como é o caso da Taça FPA, parece-nos, em certos casos, que os mínimos (a ser cumprida essa exigência, o que não se verificou em 2010 para 12 participantes) são demasiado acessíveis. Atente-se que num quilómetro, uma atleta juvenil pode marchar em mais de 8 minutos e uma atleta júnior ou sénior em mais de 7 minutos, o equivalente a uma caminhada mais apressada.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Centro Comunitário da Quinta do Conde organizou prova de marcha atlética

O Centro Comunitário da Quinta do Conde (Sesimbra) organizou, no dia 14 de Novembro, a IV milha urbana e incluiu no programa, pela primeira vez, uma prova de marcha atlética para ambos os sexos.
Fundado a 17 de Novembro de 1987, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos e tem mais de uma centena de trabalhadores a prestar apoio a meio milhar de famílias necessitadas.
Se bem que a participação na prova de marcha não tenha sido muito numerosa neste primeiro ano de lançamento, é de louvar a iniciativa.
No sector masculino Nuno Santos (C.F. “Os Belenenses”) triunfou com o tempo de 7.25, Pedro Santos (CP Corroios) foi o segundo com 7.34, seguido de Carlos Paiva (CA Galinheiras) com 8.01. No sector feminino, saiu vitoriosa Ana Silva, atleta da Casa do Povo de Corroios, com 8.36.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Apresentação de Brian Hanley na conferência de Leeds

O blogue "O Marchador" publica na secção "Técnica" (ao cimo da página) a apresentação de Brian Hanley na 1.ª Conferência Europeia de Marcha Atlética, realizada em Leeds, nos dias 5 a 7 de Novembro.
Brian Hanley é um especialista em biomecânica a desenvolver investigação na Universidade de Leeds (Inglaterra), onde tem levado a cabo estudos profundos de aplicação desse domínio científico à marcha atlética. Esses estudos têm incluído numerosos testes com atletas em laboratório, além de investigações associadas às Taças da Europa de Marcha de 2007 e 2009, à Taça do Mundo de Marcha de 2008 e aos europeus de atletismo deste ano.

Francisco Reis outra vez nos lugares de honra

Francisco Reis classificou-se na segunda posição no Grande Prémio de Monks Hill, que teve lugar em South Croydon, Surrey, Inglaterra, a 13 de Novembro.

O ex-internacional português, que representa o Ilford AC, percorreu as sete milhas da prova (11.263 metros) em 55.09 m, chegando à meta apenas oito segundos depois de Mark Easton, atleta do Surrey WC, clube organizador, e à frente do seu colega de equipa, Steve Uttley (1.00.21).

Reis, que demonstrou estar a atravessar um excelente apuro de forma, referiu as difíceis condições do percurso, um "sobe-e-desce”.

A prova feminina, realizada na mesma distância, foi ganha pela júnior Kelsea Howard, do Tonbridge AC, com 1.00.21 h.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Apresentação de João Vieira em jornada técnica

O blogue "O Marchador" publica na secção "Técnica" (ao cimo da página) a apresentação de João Vieira nas Jornadas Técnicas de Marcha Atlética realizadas em Leiria, no dia 13 de Novembro de 2010.

O marchador, ingressado recentemente no Sporting Clube de Portugal, é o responsável pelo seu próprio programa de treinos desde 2006 e relata a sua preparação para os 20 km marcha dos Campeonatos da Europa de Barcelona onde obteve a medalha de bronze.

Galinheiras faz 18.º grande prémio

O Centro de Atletismo das Galinheiras leva a efeito, dia 20 de Novembro, a 18.ª edição do grande prémio de marcha atlética (10.ª légua). O programa tem início às 14h00, com as provas de benjamins masculinos e femininos de 1 km. Todas as provas são realizadas na pista “Prof. Mário Moniz Pereira”, na Alta de Lisboa.
De acordo com o regulamento (ver secção “Calendário”, ao cimo da página), haverá prémios individuais para os dez primeiros de cada escalão, um prémio especial com o nome do dinamizador da iniciativa, José Henriques, para os melhores tecnicistas (benjamins e infantis), prémios-surpresas para os participantes na prova especial para deficientes e taças para as dez primeiras equipas da geral colectiva.
A entrega dos prémios decorrerá, como habitualmente, na sede do clube organizador, sendo servido um beberete.
Esta edição da prova serve de reconhecimento à ex-atleta Luísa Morais, que competiu pelo clube no período de 1987 a 1994 e fez parte das equipas que alcançaram os títulos nacionais de seniores femininos de marcha atlética em 1991 (Santa Maria da Feira) e 1992 (Rio Maior).
Como sempre, esta iniciativa só é possível dada a determinação de José Henriques (na foto), presidente e treinador do clube, cujo empenho tem permitido oferecer aos jovens daquele bairro lisboeta oportunidades de salutar prática desportiva.
Curiosamente, José Henriques, recorde-se, foi especialista do salto com vara na década de 60, em representação do Sport Lisboa e Benfica, e enquanto atleta um dos seus maiores feitos ocorreu no dia 7 de Agosto de 1966, em Lisboa (Estádio Nacional), ao estabelecer um novo recorde de Portugal na especialidade, com 4,10 m.
Este blogue disponibiliza na secção «Estatística» o historial da competição, de 1985 a 2009.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

FPA anunciou locais para competições nacionais em 2011

A Federação Portuguesa de Atletismo divulgou no seu portal a maior parte dos locais onde se realizarão as principais provas do calendário federativo.

Janeiro e Fevereiro serão os meses em que a pista coberta entrará em acção e a marcha terá assento com as provas de 5.000 metros (masculinos) e de 3.000 metros (femininos).

A grande questão de momento prende-se com a incerteza da utilização da Nave Desportiva de Espinho para os Nacionais de Juniores (22-23/1), para uma das fases de apuramento dos Nacionais de Clubes (29-30/1) e para a final do Campeonato de Clubes (12-13/2), devido à provável realização no local de um megajulgamento de um caso de alegadas burlas a seguradoras, envolvendo 43 arguidos.

Tudo parece indicar que as referidas provas se transfiram para a pista da Expocentro, em Pombal, a par da já anunciada realização no local de outra das fases de apuramento dos Nacionais de Clubes (29-30/1), do Nacional de Sub-23 (5-6/2) e dos Campeonatos de Portugal (26-27/2).

No dia 19 de Fevereiro serão realizados na Batalha os Campeonatos de Portugal de Marcha Atlética (estrada), anunciados no blogue na sexta-feira, logo que oficialmente divulgados pela FPA.

Em relação às provas de pista ao ar livre, teremos as fases de apuramento dos Campeonatos de Clubes em Braga, Leiria e Lisboa (28-29/5), os Nacionais de Juvenis em Leiria (18-19/6), a final das I e II Divisões na Covilhã (25-26/6), os Nacionais de Sub-23 em Guimarães (2-3/7), os Nacionais de Juniores e os Campeonatos de Portugal, ambos em Lisboa, no Estádio Universitário, a 9-10/7 e 30-31/7, respectivamente.

Sem locais ainda definidos estão a Taça FPA de Marcha (8/5), os Nacionais de Clubes da III Divisão (25-26/6) e a Final Nacional do Olímpico Jovem (4-5/6).

A propósito do Olímpico Jovem Nacional, importante manifestação desportiva nacional no âmbito dos escalões de iniciados e juvenis, espera-se, com expectativa, pelo anúncio do programa-horário e que a FPA decida, sensatamente, pela reinclusão da prova de marcha de iniciados (a par da prova de juvenis) no programa competitivo.

AIFA ratifica máximo mundial de juniores

O anterior máximo mundial (38.28) pertencia ao russo Stanislav Emelyanov, actual campeão europeu dos 20 km (nascido em 1990), desde 19 de Setembro de 1999, igualmente estabelecido numa final do Challenge, realizada em Saransk, Rússia, e na qual foi 2.º classificado.
A marca de 37.44 m registada a 18 de Setembro de 2010 pelo atleta júnior chinês Zhen Wang (na foto ao centro – nascido em 1991), durante a final do Challenge da AIFA (prova de 10 km marcha, que venceu), foi ratificada pela Associação de Federações Internacionais de Atletismo como recorde mundial da distância.
Wang competiu este ano nos 20 km de Rio Maior, classificando-se em 3.º lugar com 1.20.42 h, e no ano passado, em Jinan (China), obteve 3.53.00 h nos 50 km!
Para se homologar um recorde do mundo de uma prova de marcha realizada em estrada é necessário, entre outros requisitos, que três dos juízes de marcha pertençam ao painel internacional (nível II ou III da AIFA) e que o circuito da competição seja medido e remedido por um medidor de grau A ou B, reconhecido pela AIFA/AIMS.

domingo, 14 de novembro de 2010

Lisboa forma juízes de marcha

O Conselho de Arbitragem da Associação de Atletismo de Lisboa vai realizar a 19 e 20 de Novembro, em Lisboa, nas instalações da pista “Mário Moniz Pereira”, um curso de formação de juízes de marcha para acesso ao painel da especialidade. A iniciativa é dirigida aos juízes de atletismo da AAL, prevendo-se a participação de juízes de outras associações. O curso terá prelecções a cargo de José Dias, Luís Dias e Joaquim Graça, igualmente avaliadores.
A avaliação terá por base um exame escrito (30 pontos), um exame oral (20 pontos) e um exame prático (50 pontos), este último integrado no 18.º Grande Prémio das Galinheiras.

sábado, 13 de novembro de 2010

Guilherme Jacinto - quando se pode ou deve começar algo?


Guilherme Jacinto, dedicado atleta veterano da Casa do Povo de Corroios, e assíduo participante nas provas de marcha, oferece aos leitores de “O Marchador” o relato de uma vivência de quase um quarto de século nas lides do atletismo.
Foto: Atletismo
Magazine
Como diz o provérbio, nunca é tarde para aprender ou começar alguma coisa. Assim se passou comigo em relação à marcha atlética, pois foi já aos 62 anos, mais ou menos, que se deu o início da minha presença na marcha. Mas vamos a um pequeno historial.

Hoje, a juventude reclama, e com razão, falta de condições, mas na minha juventude era bem pior. Eu, por exemplo, treinei futebol no clube da terra, mas apenas para servir de ginásio, o que era raro na época. Era a minha preparação física, apenas porque futebol em mim não existia, não havia jeito algum. Pratiquei como amador ciclismo, mas treinar durante a semana, ao sábado borga e corrida ao domingo, situações incompatíveis. Os anos passaram, profissionalmente estive sempre bem, fui evoluindo sempre. Surgem casamento e dois filhos. São esses dois pequenos seres que, já com algum peso, são meus colegas na ginástica e me empurram para o atletismo, tinha eu já 40 anos de idade.

Depois de apanhar o bichinho fiquei só, porque os meus amiguinhos abandonaram a corrida. Mas, pronto, fui evoluindo até fazer a «meia» em 1 hora e 13 minutos e a maratona em 2 horas e 48 minutos. Aos 48 anos surge uma operação ao estômago, que fez com que parasse por uns meses. Fui operado em Março mas em Setembro fiz a corrida do «Avante!» (Loures-Odivelas-Loures). Correu bem mas no ano seguinte fiz menos 15 minutos na mesma prova. E muitos bons resultados vieram seguidamente.

Alguns anos mais tarde, por motivos psíquicos (o pior tempo da minha vida), tive que abandonar.

Estamos quase a chegar à marcha.

Quando há muita força e bons amigos consegue-se dar a volta por cima das más situações, e é ao dar essa volta que sinto vontade de voltar. Ao recomeçar a preparação física na pista da Sobreda vou encontrar velhos amigos que me entusiasmam e o que eu julgava que iria ser apenas manutenção passou a ser competição quase contínua. Pisei muitos pódios já com mais de 60 anos e ainda hoje se vai pisando alguns.

E é nesta altura que o meu grande amigo Francisco Rodrigues, ao saber que eu já andava a correr outra vez, me chamou para a Casa do Povo de Corroios. Tu vais correr aqui e vais colaborar com o Mário Rato, pois o Rato e eu já nos conhecíamos há muitos anos. Foi um prazer satisfazer esse pedido do Rodrigues.

Mas, claro, escusado será dizer, qualquer atleta que se aproxime do Mário Rato tem que ver se tem jeito para a marcha, é obrigatório. Convenceu-me, comecei com dedicação e empenho, mas sem deixar a corrida, simultaneamente ia praticando as duas modalidades.

É aos 63 anos que faço a primeira prova de marcha, na linda cidade alentejana de Grândola: 5000 m em 39 minutos, sem faltas. No ano seguinte, no mesmo percurso, faço em 29 minutos. Quem gosta não para – eu ainda cá ando.

Em 2005, europeus de estrada em Vila Real de S. António, medalha de prata nos 10.000 metros, com o tempo de 56.48 m, no dia seguinte fiz a meia-maratona (6.º classificado). No mesmo ano, mundiais de San Sebastian, pela primeira vez 20 km, em duas horas. Na última volta era 3.º, mas perdi dois lugares até à chegada. Mesmo assim fiquei dois lugares à frente do medalha de ouro de M60. Foi nesse ano que passei a ser M65. Já tinha feito os 5000 metros em pista (9.º, 27.45 m), também fiz 10.000 m corrida em pista (7.º, 41 minutos). Foi o meu grande amigo Armando Aldegalega o medalha de prata.

A nível nacional, em provas do Inatel, passei a ser campeão nacional em todas as distâncias em que participei como M65, batendo todos os recordes das mesmas distâncias.

Em 2007, mundiais de Riccione. Estava muito bem, mas uma massagem mal sucedida activou a dor ciática e as coisas correram pior do que julgava. Nos 5000 m, 5.º lugar, com 28 minutos; nos 10.000 m, 6.º, 59.52 m; e nos 20 km, aos treze desisti. Foi a minha primeira desistência, mas a ciática não quis que fosse além.

Ano de 2008: duas vezes operado à coluna. E aqui vamos em frente! Agora M70, já campeão em algumas distâncias e com recordes batidos. Já pensei parar mas, quando a época começa, a vontade de continuar também. No entanto, quando um dia parar, olharei para trás e direi: gostei, foi muito bom e ganhei mais um grande grupo de amigos, a juntar a muitos outros que já cá estavam. Obrigado!

Guilherme Teotónio Jacinto

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Apresentação de Andi Drake na conferência de Leeds

O blogue "O Marchador" publica na secção "Técnica" (ao cimo da página) a apresentação de Andi Drake (GBR) na 1.ª Conferência Europeia de Marcha Atlética, realizada em Leeds, nos dias 5 a 7 de Novembro.
Andi Drake é o director do Centro Nacional de Marcha Atlética da Grã-Bretanha, a funcionar na Universidade de Carnegie, Leeds, Inglaterra, e tem vários trabalhos publicados no âmbito da fisiologia e da biomecânica.
Drake possui larga experiência no acompanhamento do treino de atletas internacionais ingleses.

Batalha palco dos Campeonatos de Portugal de Marcha em 2011

 

A Batalha vai receber no dia 19 de Fevereiro de 2011 os XXVII Campeonatos de Portugal de Marcha Atlética, em estrada.

Vila geograficamente situada no distrito de Leiria e distante de Lisboa 120 km e do Porto 200 km, foi fundada pelo rei D. João I, juntamente com o Mosteiro de Santa Maria da Vitória (mais conhecido como Mosteiro da Batalha), em agradecimento ao suposto auxílio divino (Virgem Maria), concedido na vitória da batalha de Aljubarrota, travada em 14 de Agosto de 1385.

A Batalha tem actualmente uma população estimada em cerca de 16.000 habitantes e o seu “ex-líbris” é, sem dúvida, o Mosteiro da Batalha, construído ao longo de quase século e meio (de 1386 até cerca de 1517), durante o reinado de sete reis de Portugal. É considerado pela UNESCO património mundial desde 1983.

É a primeira vez que no distrito de Leiria se realizarão os Campeonatos, sendo expectável a presença de mais de duas centenas de atletas. Destinados aos escalões etários de juvenis a veteranos, as provas rainha serão os 50 km nos homens (única vez no ano que tal distância olímpica se disputa no nosso país), e os 20 km, nas senhoras. Habitualmente fazem-se provas, em simultâneo, para os escalões mais jovens designando-se por Torneio “Marchador Jovem”.

Nas vinte e seis edições já concretizadas, os Campeonatos visitaram dez distritos: Aveiro, em 1987, 1991, 1996, 1998, 2003, e 2008, Setúbal, em 1988, 1993, 1999, e 2005, Porto, em 1986, 2002, e 2009, Viseu, em 1989, 1990, e 2001, Santarém, em 1992, 1995, e 1997, Lisboa, em 1985 (a primeira edição), e 1994, Beja, em 2004, e 2007, Portalegre, em 2000, Viana do Castelo, em 2006, e Algarve, em 2010.

Os atletas que mais títulos alcançaram no escalão sénior foram Pedro Martins, nos 50 km (7), de 1998 a 2003, e em 2005, e Susana Feitor (10), nos 10 km em 1995, nos 20 km de 1997 a 1999, de 2001 a 2004, em 2007 e 2008.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Apresentações de Brent Vallance e Antonio La Torre na conferência de Leeds

O blogue "O Marchador" publica na secção "Técnica" (ao cimo da página) as apresentações de Brent Vallance e Antonio La Torre na 1.ª Conferência Europeia de Marcha Atlética, realizada em Leeds, nos dias 5 a 7 de Novembro.
Brent Vallance é o responsável pela orientação técnica do marchador australiano Jared Tallent, duplo medalhado nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, com segundo lugar nos 50 km e terceiro lugar nos 20 km.
Antonio La Torre é o treinador do italiano Ivano Brugnetti, campeão olímpico dos 20 km nos Jogos de Atenas (2004) e campeão mundial da mesma distância em 1999 (Sevilha).
Qualquer destes treinadores acompanha outros marchadores internacionais dos respectivos países, tendo experiências de muitos anos na orientação de atletas de alto nível.

O sítio da marcha italiana

A Associação Italiana da Marcha tem em linha um «site» com informação variada, regularmente actualizada, numa página bastante interessante. Accionando www.marciaitaliana.com entra-se em destaques noticiosos ladeados por uma coluna de navegação a remeter para questões técnicas, calendário, resultados (italianos e internacionais), história, estatística, galeria fotográfica, além de um vasto arquivo de notícias.
Há ainda uma secção designada «La marcia dal mondo», onde é possível encontrar diversas publicações dedicadas à marcha publicadas mundo fora, incluindo folhas informativas de origem portuguesa. Tudo servido por um grafismo muito agradável e com fácil navegação.
E nem a língua oferece grandes dificuldades, mesmo para quem não domina o italiano. Os interessados podem acrescentar o respectivo contacto para receber regulamente informações por «e-mail».
A gestão do sítio virtual está a cargo de Nicola Maggio, juiz internacional de marcha italiano que assegura a actualidade do acompanhamento informativo e, com isso, presta um serviço de grande relevância não só para a comunidade de marchadores de Itália mas também para quem, fora do país, aceda a este espaço da rede mundial.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Festival de Marcha Atlética em Tlaxcala, México

Tlaxcala, cidade mexicana localizada no centro do país, a uma altitude de 2.278 metros, foi palco de um festival de marcha atlética no dia 6 de Novembro, reunindo uma centena de atletas, alguns dos quais vindos do Chile.
Nas provas principais do programa destaque, na prova masculina, para a vitória do atleta chileno Yerko Araya Cortes, nos 10 km com 42.57 m (10º classificado nos 20 km da Taça do Mundo de Chihuahua e medalha de prata nos Ibero-americanos de San Fernando), seguindo-se-lhe os atletas da “casa” Carlos Sánchez Cantera, com 43.13 m, e Rafael Román Avendaño Hernández, com 43:58 m.
Na prova feminina, também disputada na distância de 10 km, Angélica María Hernández (50.20 m) superiorizou-se à sua compatriota María Esther Sánchez (50.48 m), ambas internacionais do seu país, enquanto a terceira, Lizbeht Silva Miranda, também do México, realizou 52.04 m.
Referência ainda para a vitória de Jesus Tadeu Veja, nos 5km, na categoria de juvenis (menor), atleta que nos Jogos Olímpicos da Juventude, realizados em Singapura, se classificou no 7º lugar.
Embora não tenham participado as actuais “estrelas” mexicanas da marcha o evento contou, no entanto, com a presença Joel Sánchez (na foto), medalha de bronze nos 50 km dos Jogos Olímpicos de Sydney, a quem coube dar o tiro de partida.
O México é uma das potências mundiais da especialidade tendo já três dos seus atletas alcançado o ouro em Jogos Olímpicos: Daniel Bautista (20 km, Montreal 1976), Raúl González (50 km Los Angeles 1984), e Ernesto Canto (20 km Los Angeles 1984).

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Morreu Alex Oakley

A notícia tem já duas semanas mas só agora começou a circular entre os adeptos da marcha: o antigo marchador canadiano Alexander Oakley morreu no passado dia 24 de Outubro, de doença súbita.

Nascido a 28 de Abril de 1926 em St. John's, na província mais oriental do Canadá (Newfoundland e Labrador), Oakley cedo se revelou como desportista, mas só aos 30 anos se estreou nos Jogos Olímpicos, na cidade australiana de Melbourne, em 1956. À estreia da distância dos 20 km marcha no programa olímpico acabou por associar-se a infeliz estreia olímpica de Oakley, que seria desclassificado (na foto, com o n.º 4, à partida dessa prova). Quatro anos mais tarde, em Roma, obteria a sua melhor classificação em Jogos Olímpicos, terminando em 6.º lugar nos 50 km, com 4.33.08,6 h, numa prova ganha pelo britânico Donald Thompson (4.25.30,0). Dias antes tinha sido 9.º nos 20 km, com 1.38.46,0 h (ganhos por Vladimir Golubnichy, da URSS, com 1.34.07,2)

Apesar da tardia estreia olímpica, a carreira de Alexander Oakley não deixaria de ser longa, com participação num total de cinco edições dos Jogos Olímpicos, além de ter registado presença em diversas edições dos Jogos Pan-americanos, dos Jogos da Comunidade Britânica e nos Jogos Mundiais de Veteranos. Nos Pan-americanos de 1963 conquistou a medalha de ouro dos 20 km marcha.

Em 1976, quando dos Jogos Olímpicos de Montreal, registou a sua quinta presença em eventos do género. Mas mais tarde viria a descobrir-se que durante a carreira sempre mentira sobre a verdadeira idade. Conforme declararia mais tarde a propósito da participação nos Jogos de Montreal, não foi por recear não ser incluído na equipa que escondeu a idade mas para não embarassar a comunidade desportiva com uma presença olímpica aos 50 anos. No entanto, esta explicação de nada servia para o passado, já que desde os Jogos de Melbourne declarava ter menos três anos do que na verdade tinha.

Em Montreal concluiria os 20 km no 35.º lugar, com 1.44.08,8 h, tendo o jovem compatriota Marcel Jobin sido 23.º (1.34.33,4), numa competição ganha pelo mexicano Daniel Bautista (1.24.40,6).

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Costa Rica e Nicarágua dominam marcha nos Centro-americanos de Veteranos

Marchadores da Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá e Venezuela participaram no Campeonato Centro-americano de Atletismo para Veteranos (pista), que se realizou de 4 a 6 de Novembro, no Estádio Ecológico, Universidade da Costa Rica.
O programa incluiu provas de marcha, destinadas a ambos os sexos, nas distâncias de 10.000 metros, no dia 4, e 5.000 metros, no dia 6.
A Nicarágua, com sete medalhas de ouro, quatro de prata e duas de bronze, e a Costa Rica, país organizador, com seis de ouro, quatro de prata e três de bronze, foram os países que mais medalhas amealharam, treze cada.
Eis a lista dos vencedores:
5.000 m femininos
Categ. 40-44: Teresa Aguilera Navarro, México, 38.20,70
Categ. 45-49: María Magdalena Guzmán Rodríguez, El Salvador, 30.27,95
Categ. 50-54: Yamileth Mora Monge, Costa Rica, 34.21,60
Categ. 55-59: María Dolores Mora Pérez, México, 30.20,29

Categ. 60-64: María Pastora Morales, Nicarágua, 41.56,76
Categ. 70-74: Berta Alicia Calderon de Meza, El Salvador, 43.55,36
Categ. 75-79: Viginia Brenes Bolaños, Costa Rica, 41.35,36

10.000 m femininos
Categ. 40-44: Teresa Aguilera Navarro, México, 1.15.33,10
Categ. 45-49: María Magdalena Guzmán Rodríguez, El Salvador, 1.03.30,13
Categ. 50-54: Maritza Guevara, Nicarágua, 1.14.39,48
Categ. 55-59: María Luisa Bonilha, Nicarágua, 1.14.54,29
Categ. 60-64: María Pastora Morales, Nicarágua, 1.31.41,84

5.000 m masculinos
Categ. 40-44: Roberto José Alemán Zúñiga, Nicarágua, 42.28,95
Categ.
45-49: José Alejandro Leon Lara, El Salvador, 27.54,32
Categ. 50-54: Carlos Crócamo, Panamá, 34.15,20
Categ. 55-59: Raul López Guilles, Costa Rica, 31.20,36
Categ. 60-64: Melvin Alvarez Peña, Nicarágua, 31.20,92
Categ. 65-69: Hilario Barria, Panamá, 32.27,26
Categ. 75-79: Rodrigo Duran Camacho, Costa Rica, 42.07,80
Categ. 90-94: Armando Estañol Dorantes, México, 44.03,67

10.000 m masculinos
Categ. 45-49: Sergio Antonio Gutierrez Brenes, Costa Rica, 49.53,36
Categ.
50-54: Lorenzo Moreno, Panamá, 1.07.16,57
Categ. 55-59: Fabian Ignacio Monna Restrepo, Colombia, 53.08,23
Categ.
60-64: Melvin Alavarez Peña, Nicarágua, 1.00.53,76
Categ. 65-69: Carlos Eduardo Borel Salas, Costa Rica, 1.15.10,57

domingo, 7 de novembro de 2010

Juízes de marcha recebem novas indicações da AIFA

Na sequência dos trabalhos produzidos no seminário de Metz e no qual estiveram presentes os juízes internacionais de marcha, o Conselho da AIFA, em reunião realizada no mês de Agosto, em Kiev, por recomendação do Comité de Marcha, aprovou os procedimentos discriminados de seguida, vinculando imediatamente os juízes de marcha ao seu cumprimento.
raqueta amarela será sempre usada pelo juiz de marcha antes de ser emitida uma nota de desclassificação, com as seguintes excepções:
1. o atleta infringe, de modo óbvio, a regra estabelecida ganhando ilicitamente vantagem sobre os seus concorrentes;
2. o atleta infringe a regra na última parte da competição quando já é demasiado tarde para ser advertido;
3. nas competições em que o juiz-chefe dispõe de poderes especiais para proceder, ele próprio, à desclassificação de um atleta (últimos 100 metros).
Note-se que, salvo nas condições atrás descritas, o juiz de marcha terá obrigatoriamente de mostrar a raqueta amarela a um atleta antes de poder emitir uma nota de desclassificação.

sábado, 6 de novembro de 2010

Marchadores do catano!

Com o devido agradecimento, reproduz-se o texto «Marchadores do catano!», da autoria de Nuno Sebastião, originalmente publicado no blogue sebastian-rerun.blogspot.com em 28.07.2010

Marchadores do catano!

Vem este post a propósito da medalha de bronze conquistada pelo João Vieira nos 20 km marcha. Ao assistir à prova hoje de manhã enquanto me preparava para ir trabalhar dei comigo a reparar que o tempo obtido pelo João Vieira, 1.20.49, significa que ele a marchar faz à meia maratona um tempo na casa da 1h25, ou seja, faz uma marca que eu não desdenharia, actualmente, conseguir fazer a correr!

Mas não foi só hoje que fiquei impressionado com as capacidades dos marchadores. Recordo do meu passado atlético duas situações que envolveram dois ex-recordistas da marcha.

Uma, é estar a rolar, já a um ritmo bem simpático, na pista de terra batida que circundava a antiga pista de tartan do Benfica, e ser surpreendido com o José Urbano a pedir licença para passar por nós a marchar (estava a fazer séries, certamente a um ritmo abaixo de 4' ao km).

Outra, foi uma lição para aprender a ser humilde. Certo dia, cheguei ao Estádio da Luz e os meus colegas de treino já tinham abalado. Segui para o Estádio Universitário, e quando lá cheguei procurei companhia, não encontrei ninguém conhecido, até que vi o José Pinto, antigo marchador do Belenenses a correr no relvado. Juntei-me a ele e ao fim de algumas voltas em conjunto, armado em campeão, comecei apertar o ritmo convencido que o ia fazer descolar. Pois bem, não só não o descolei, como pouco depois juntou-se a nós o Rudolfo Lopes, e o ritmo ainda aumentou mais, de tal maneira que eu tive de ceder... e o José Pinto lá continuou com o Rudolfo Lopes em amena cavaqueira, como se não fosse nada com ele... voltei para o estádio da Luz com o rabinho entre as pernas... quem me mandou a mim meter com um gajo que conseguia marchar 50 km em 3h52. Foi bem feito!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Maria Alice Fernandes é a veterana mais medalhada


35 são os atletas veteranos que até ao momento já representaram as cores nacionais em provas de marcha dos Campeonatos da Europa e do Mundo na categoria, de pista coberta, ao ar livre e em estrada.

35 são também os eventos realizados entre 1986 e 2010, dos quais 21 em solo europeu e 14 no resto do mundo, com a maior participação lusa a verificar-se no único certame realizado em Portugal (Monte Gordo, Vila Real de Santo António), os Campeonatos da Europa de estrada, em 2005, em que se inscreveram 18 homens e 4 senhoras.

43 provas realizou Maria Alice Fernandes (habitualmente os atletas inscrevem-se em mais que uma prova de marcha do programa competitivo), seguindo-se-lhe José Bom (27) e Olívia Monraia (11).

32 foram as medalhas de ouro arrecadadas pela atleta de Lourosa, tendo igualmente subido ao lugar mais alto do pódium José Magalhães (4 vezes), José Bom (2), Jorge Costa (1), José Pinto (1), Paula Maurício (1) e Pedro Martins (1). No total, os representantes lusos recolheram 42 medalhas de ouro, 15 de prata, e 13 de bronze.

Reconhecendo o esforço e a dedicação dos nossos briosos atletas veteranos, alguns deles também treinadores e dirigentes nos seus clubes, “O Marchador” homenageia-os colocando a sua imagem na secção “Fotos”, ao cimo da página.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Jovem marchador eleito atleta «caloiro» do ano na Rússia

O marchador Valeriy Filipchuk foi eleito pelos internautas russos atleta estreante do ano, depois do terceiro lugar alcançado na Taça do Mundo de Marcha de Chihuahua e da vitória nos 10.000 m marcha nos mundiais de juniores de Moncton (Canadá).

O marchador júnior foi escolhido numa votação em linha realizada no sítio virtual da Federação Russa de Atletismo, tendo a vitória no sector feminino recaído em Kseniya Ustalova, corredora medalhada com prata nos 400 m nos europeus de Barcelona, onde ajudou também a selecção russa a ganhar a estafeta feminina de 4x400 m.

Apesar dos sucessos registados em 2010, são de 2009 as melhores marcas pessoais de Valeriy Filipchuk: 40.29,35 m nos 10.000 metros (Novi Sad, Sérvia, 25/7/2009) e 40.08 m nos 10 km (Adler, Rússia, 28/2/2009).

Filipchuk acabou por estar indirectamente envolvido também na escolha feita pela Federação Russa de Atletismo para melhor treinador do ano, já que o seu orientador técnico, Viktor Chegin, foi o eleito nessa categoria.

Chegin é um dos mais conceituados treinadores mundiais de marcha, tendo em 2010 orientado nada menos que nove marchadores medalhados internacionalmente: Olga Kaniskina, Anisya Kirdyapkina e Vera Sokolova, que conquistaram todas as medalhas dos 20 km femininos nos europeus de Barcelona, Stanislav Emelyanov, vencedor do 20 km masculinos nos mesmos campeonatos, Sergey Bakulin, medalhado de bronze nos 50 km também em Barcelona, e ainda Valery Filipchuk (ouro), Piotr Bogatyrev (bronze), Elena Loshmanova (ouro) e Anna Lukyanov (prata), medalhados nos mundiais de juniores de Moncton.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Paris reuniu juízes dos cinco continentes

No último fim-de-semana (30 e 31 de Outubro), por iniciativa da AIFA (Associação Internacional de Federações de Atletismo), meia centena de juízes de marcha acorreram à Cidade-Luz para realização de exames cujos resultados serão determinantes na constituição do novo painel internacional de juízes de marcha para o quadriénio de 2011-2014, composto de 30 elementos.
Estiveram presentes os actuais juízes internacionais de marcha (nível III da AIFA) com excepção do britânico Noel Carmody e da equatoriana Magdalena Caisabanda, por motivo de doença, bem como da australiana Jill Huxley, por, entretanto, ter atingido o limite de idade. Igualmente prestaram provas os melhores juízes de área (nível II da IAFA) dos cinco continentes, mediante o estabelecimento prévio de quotas.
Na mesa principal encontravam-se Pierre Weiss, secretário-geral da AIFA, representando o presidente Lamine Diack, Elio Locatelli, director da AIFA para a área do desenvolvimento, os examinadores Maurizio Damilano (Itália), presidente do Comité de Marcha da AIFA, Don Chadderton (Nova Zelândia), Peter Marlow (Grã-Bretanha) e Luís Saladie (Espanha) e ainda Vera Schuller, do “staff” da AIFA, no apoio aos aspectos administrativos.
Na sessão de abertura, Pierre Weiss traçou, em linhas gerais, as normas orientadoras da actividade e enunciou a pontuação exigida de acesso ou de manutenção no nível mais elevado do painel.
Usaram ainda da palavra Maurizio Damilano, que salientou o apoio da AIFA na contínua formação e certificação de juízes de marcha, e Luís Saladie, que, entre outros temas, identificou as competições a realizar nos próximos quatro anos e o número de nomeações para cada uma delas e expôs as recentes alterações à regra 230, aprovadas em reunião do Conselho da AIFA realizada no mês de Agosto, em Kiev, em resultado de amplas discussões quer no seminário de Metz, realizado em Abril e que contou com a participação activa dos juízes internacionais de marcha, quer na reunião do Comité de Marcha da AIFA, realizada em Chihuahua, no mês de Maio.
O novo painel será anunciado em meados deste mês, após reunião do Conselho da AIFA.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Estrangeiros e veteranos dominam Campeonatos EUA de 30 km

Teresa Vail
Foi de estrangeiros e de veteranos o domínio dos Campeonatos dos Estados Unidos de 30 km marcha, realizados a 31 de Outubro, em Rockland Lake State Park, no estado de Nova Iorque. Nos masculinos, o primeiro foi o equatoriano Andres Chocho, com 2.21.12 h, à frente do compatriota Mesías Zapata (2.23.06) e do colombiano Samuel Babativa (2.28.03). O primeiro atleta da casa foi o veterano Dave McGovern, com 2.39.23 h, sexto classificado na geral, que ainda teve pela frente o equatoriano Fausto Quinde (2.28.52) e o francês Aurelian Vadant (2.37.12).

Mais conforme os interesses dos EUA foram os resultados da prova feminina, onde se impôs Teresa Vail, também ela uma veterana, creditada com 2.31.30 h. A acompanhá-la na pódio estiveram Maria Michta, segunda, com 2.39.35 h, e Solomiya Login, terceira, com 2.44.51 h.

De assinalar que na prova masculina alguns atletas continuaram o esforço até aos 50 km, com Andres Chocho a estrear-se na distância com 3.54.42 h e Mesías Zapata a marcar 4.08.22 h. Também aqui o sucesso foi para os atletas do Equador, ambos superando os mínimos para os mundiais de 2011 (Daegu), ainda que no caso de Zapata se trate de mínimos B (4.09.00).

À margem dos campeonatos, o programa incluiu a realização de uma prova de 20 km, com triunfo do olímpico norte-americano John Nunn, com 1.25.08 h. Nos lugares imediatos classificaram-se Mauricio Arteage (Equador, 1.28.22), Dan Serianni (EUA, 1.34.15) e Edison Cayambe (Equador, 1.58.22).

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Yohan Diniz visa recorde mundial dos 50 mil metros

O marchador francês Yohan Diniz, campeão europeu em título dos 50 km marcha, anunciou estar a planear o ataque ao recorde mundial dos 50 mil metros marcha no próximo mês de Março. Para o efeito escolheu a pista da sua cidade, no estádio Georges Hebert, em Reims (norte de França), local onde tentará superar a marca com que, desde Setembro de 1996, o compatriota Thierry Toutain mantém a liderança da lista mundial de sempre na distância, com 3.40.57,9 h.

«Bem sei que são 125 voltas, mas acho que sou capaz de baixar as 3.40 h. Será uma boa preparação para os mundiais de 2011 e para os Jogos Olímpicos de 2012, além de me permitir actuar frente a todas as pessoas que me têm apoiado», afirmou Diniz, de 32 anos, durante o anúncio da tentativa de recorde.

Yohan Diniz, que já ganhara os 50 km nos Campeonatos da Europa de 2006, em Gotemburgo, alcançou nos europeus de Barcelona o que muitos comentadores consideraram a vitória mais clara de todas as provas do programa.

Comandando a competição desde o tiro de partida e impondo um ritmo tão elevado que toda a concorrência ficou para trás, detinha já uma vantagem de 53 segundos à passagem dos cinco quilómetros, avanço que foi aumentando com o desenrolar da competição.

Apesar de um tropeção aos 45 km que originou uma queda com algum aparato, viria a terminar a prova com a melhor marca mundial do ano, 3.40.37 h, quase dois minutos antes de chegar o medalhado de prata, o polaco Grzegorz Sudol.