A visita dos técnicos da WA a Sapporo. Fotos: Getty Images |
A delegação foi composta por Stéphane Bermon e Paolo Emilio Adami, respectivamente director e gestor do Departamento de Saúde e Ciência da World Athletics (WA), e teve por objetivo dar continuidade ao projeto de investigação sobre os efeitos de condições ambientais extremas sobre o desempenho competitivo no atletismo.
Utilizando bicicletas eléctricas para circular pelo percurso provisório das provas de maratona (ainda em fase de certificação), a equipa procedeu à recolha de dados relativos à temperatura, à humidade relativa e à presença no ar de quatro substâncias poluentes consideradas prejudiciais para a saúde e o desempenho dos atletas: ozono, dióxido de azoto e duas gamas de aerossóis (PM2.5 e PM10).
Em declarações no final da visita, a equipa técnica caracterizou a qualidade geral do ar como «muito boa, reflectindo um ambiente urbano normal, em condições regulares de tráfego».
A medição de temperatura foi feita com o mesmo dispositivo com que foi monitorizado o ambiente nos mundiais de Doha de 2019 e revelou valores entre 16,4 e 17ºC, o que permitiu a conclusão de que, «se daqui por um ano as condições forem iguais, os atletas farão provas excelentes». A equipa técnica referiu ainda que «a secção do percurso junto ao Parque da Universidade de Hokkaido é muito bonita, com muita sombra, entre lagos de nenúfares e pequenos ribeiros. Trata-se da zona do percurso com temperatura mais baixa, devido ao arvoredo».
Os dados recolhidos (cerca de 15 mil informações) foram registados com intervalos de dez segundos ao longo de mais de três horas, ficando arquivados para posterior análise mais detalhadas.
Quanto às substâncias poluentes, os resultados preliminares revelaram níveis abaixo dos limites máximos recomendados pela Organização Mundial de Saúde, com as tendências mais vulgares em ambientes urbanos onde se registam emissões provocadas pelo tráfego automóvel. No caso do ozono, notou-se um aumento ligeiro nas primeiras horas da manhã, como reacção normal ao aumento da luz solar e da presença de outros poluentes, como o dióxido de azoto.
A World Athletics considera que a investigação em curso ajudará a compreender melhor as condições climatéricas e ambientais que os atletas terão de enfrentar durante as provas de estrada do programa de atletismo dos Jogos Olímpicos do próximo ano, na situação de não haver restrições à circulação de veículos (ou seja, no cenário menos conveniente).
Restará saber se as expectativas agora reveladas em relação às provas de maratona (feminina, a 7 de Agosto; masculina, a 8 de Agosto – ambas às 7h00 da manhã) são extensíveis às provas de marcha, marcadas para as 16h30 de dia 5 de agosto (20 km masculinos) e de dia 6 (20 km femininos). Os 50 km (apenas masculinos) estão previstos também para dia 6, mas para começar às 5h30 da manhã.
Sapporo foi a cidade indicada em Outubro de 2019 pelo Comité Olímpico Internacional para acolher as provas de marcha atlética e de maratona dos Jogos Olímpicos de Tóquio, posteriormente adiados de 2020 para 2021 devido à pandemia de coronavírus. A razão da mudança destas competições de Tóquio para Sapporo prendeu-se com os receios relacionados com o calor e a humidade que costumam fazer-se sentir na capital japonesa na época do ano em que deverão ter lugar os Jogos Olímpicos.
A visita dos técnicos da WA teve lugar a convite do comité organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Fonte: Inside the games