A 24 de julho de 1980, realizou-se os 20 km marcha dos Jogos Olímpicos de Moscovo (a carismática mascote olímpica, o urso Misha, ficou na memória de muitos), marcados pelo boicote dos EUA, que fizeram pressão sobre governos de outros países, mas que alguns comités nacionais olímpicos não seguiram as recomendações oficiais, competindo sob a bandeira olímpica, entre os quais a Itália.
Mas, apesar de tudo, os melhores marchadores do mundo estavam lá todos. A prova foi marcada por peripécias no ajuizamento. Aos 12 quilómetros de prova, o mexicano Domingo Colín é desclassificado e, pouco depois, igual desfecho caiu sobre o campeão olímpico em título, o compatriota Daniel Bautista. Pouco antes do final da prova, o melhor atleta da casa, Anatoliy Solomin (hoje treinador da seleção ucraniana de marcha), é também desclassificado e Maurizio Damilano vê-se destacado a entrar triunfalmente no Estádio Lenine.
De uma família com fortes ligações à marcha atlética, o seu irmão gémeo, Giorgio Damilano, também foi um dos marchadores italianos de topo, campeão nacional em 1979 e integrando a comitiva italiana nesses Jogos de Moscovo, onde foi 11.º classificado nos 20 km. O treinador de ambos era o irmão Sandro Damilano, que viria a marcar uma carreira recheada de sucessos a nível internacional, tanto em Itália, no passado, como na China, no presente.
A partir da conquista da medalha de ouro em Moscovo, Maurizio Damilano registou outros grandes sucessos internacionais, sendo raro o ano em que não tenha registado pelo menos um grande feito. Em 1981 é vice-campeão europeu indoor, em 1982 ganha o título europeu indoor, em 1984 alcança a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1985 é segundo classificado nos mundiais indoor, em 1986 é vice-campeão europeu, em 1987 é campeão mundial no seu país natal, em 1988 conquista a sua terceira medalha em Jogos Olímpicos, bronze nos 20 km de Seul, e em 1991 conclui a brilhante série de resultados com a medalha de ouro nos mundiais de Tóquio.
Nascido em Scarmafigi, na província de Cuneo, cerca de 25 quilómetros a sul de Turim, Maurizio Damilano foi presidente do Comité de Marcha da IAAF, cargo que sucedeu em 1999 a Robert Bowman (EUA) e que o desempenhou até recentemente, extinto tal como outros comités, por via de uma restruturação operada na agora designada de World Athletics. Ele e os seus irmãos fundaram em Saluzzo um Centro de Alto Rendimento para a marcha atlética, que é frequentado pela seleção chinesa, vários meses ao ano, em preparação para os grandes eventos internacionais.