Peter Marlow. Foto (arquivo): East Anglian Daily Times. |
O britânico Peter Marlow, figura de grande prestígio da marcha atlética
internacional e atleta olímpico em Munique 1972, apresentou a sua demissão do
cargo que ocupava, desde há 43 anos, no Comité de Marcha da IAAF em protesto
contra as recentes decisões deste orgão.
A equipa do blogue «O Marchador» lamenta a saída de Peter Marlow mas
compreende as circunstâncias que motivaram a sua posição, homenageando-o pelo
trabalho desenvolvido ao longo de tantos anos e pelo elevadíssimo contributo prestado
ao desenvolvimento mundial da marcha atlética.
Recorde-se que o Comité de Marcha esteve reunido no Mónaco no
fim-de-semana 2/3 de fevereiro e, de entre as recomendações propostas [ver
peça, aqui], decidiu na alteração das principais distâncias das
competições para seniores que deverão passar dos atuais 20 km e 50 km para 10
km e 30 km a partir dos mundiais de 2023 (os 50 km deixarão de se realizar já
nos mundiais de 2021).
Enquanto se aguarda pelas decisões em definitivo na matéria, a serem
produzidas pelo Conselho da IAAF na sua próxima reunião (10/11 de março), são
vários os atletas (treinadores, dirigentes, etc.) que assumem publicamente a
defesa da continuidade das tradicionais distâncias de 20 km e 50 km,
nomeadamente o francês Yohann Diniz, campeão e recordista mundial, e o eslovaco
Matej Toth, campeão olímpico [aqui].
Se, por um lado, as recomendações são entendidas como uma necessidade
de desenvolvimento e adaptação aos tempos modernos, por outro, evidenciam um
corte radical com a identidade e tradição da marcha atlética, podendo
significar, em futuro mais ou menos próximo, o seu fim como disciplina do
atletismo.