Pietro Pastorini e o seu novo desafio na Etiópia. Foto: Jérôme Genet. Montagem: O Marchador |
Personalidade das
mais renomadas no mundo da marcha atlética, o treinador italiano Pietro
Pastorini iniciou novo desafio profissional ao integrar a equipa técnica da
selecção de atletismo da Etiópia. O objetivo é o de apresentar uma equipa
competitiva de marcha daquele país nos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio
(2020) e de contribuir para a formação de novos treinadores etíopes da
especialidade.
A caminho dos 80
anos, que cumprirá em 10 de Abril do próximo ano, Pietro Pastorini põe assim
uma experiência de quase 40 anos como treinador à disposição de um país que
procura afirmar-se na marcha com a mesma qualidade com que o tem feito há
décadas nas corridas de fundo.
Em declarações ao
jornal italiano «La Provincia Pavese», Pastorini explica ter sido convidado por
um emissário da federação etíope que lhe ofereceu uma oportunidade
extraordinária: «Isto demonstra como é valorizada a minha experiência
internacional e como ainda é lembrado o meu trabalho de divulgação feito em
Itália num sector do atletismo altamente técnico como é a marcha. Foi,
portanto, uma oferta que me lisonjeou e que não poderia recusar.»
Com os pormenores
contratuais ainda em fase de definição, Pastorini não deverá instalar-se a
tempo inteiro no país do Corno de África, onde passará períodos de duas semanas
orientando treinadores e atletas, alternando com fases de regresso à sua
Lomello natal, onde mantém o compromisso de treinar as irmãs suíças Laura e
Marie Polli e o jovem italiano Stefano Chiesa.
«Chiesa é uma
grande promessa, é uma aposta minha com vista aos Jogos de Tóquio. Não posso
atraiçoar-lhe o mais belo dos sonhos e por isso aceitei a incumbência de
orientar a equipa técnica da Etiópia com a condição de ter tempo para seguir em
Itália o desenvolvimento de Chiesa.»
A idade, essa
parece não incomodar o treinador italiano, uma referência da marcha
internacional, com seis Jogos Olímpicos a acompanhar atletas seus e ainda estes
últimos do Rio de Janeiro como comentador da RAI. Mas logo lhe saltam as
queixas: «Alguém na estrutura federativa da marcha negou o meu valor e o de
outros treinadores históricos, pondo-nos de parte. As melhores respostas chegam
com este meu compromisso pessoal e com aquele que assumiu com a selecção
chinesa o grande Sandro Damilano, de quem fui colaborador na selecção durante
quase dez anos.»
Sobre Alex
Schwazer, tem uma opinião bem clara: «Tive com ele uma excelente relação
técnica e afectiva. É uma autêntica máquina de marchar. Não compreendo o que se
passou. Ele não tinha necessidade nenhuma daquilo. Talvez se tenha rodeado de
pessoas que não merecem confiança. A verdade é que, com o Alex, o atletismo
perdeu um verdadeiro campeão, tão forte quanto frágil.»
Quanto à aventura
etíope, terá início logo que estejam ultimados os pormenores do contrato. Levar
a marcha a África será a nova missão de Pietro Pastorini, o homem de Lomello
que forjou dezenas de campeões e ofereceu à selecção italiana 14 medalhas em
grandes competições internacionais.