quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Susana Feitor em reunião da Agenda Olímpica 2020

A reunião de trabalho dirigida por Thomas Bach, presidente do COI.
Foto: Comité Olímpico Internacional
A marchadora portuguesa Susana Feitor foi uma dos onze desportistas participantes, esta segunda-feira, na reunião levada a efeito pelo Comité Olímpico Internacional (COI), no Museu Olímpico de Lausana. O encontro, uma mesa-redonda dirigida pelo próprio presidente do COI, Thomas Bach, serviu para discutir a Agenda Olímpica 2020, uma espécie de roteiro para o futuro do movimento olímpico, com um total de 40 propostas (20+20) entretanto apresentadas publicamente.

As recomendações são centradas em três temas principais: sustentabilidade, credibilidade e juventude. Entre as propostas mais significativas contam-se a alteração dos procedimentos de candidatura para a organização de Jogos Olímpicos (por adopção do princípio do convite às cidades com possibilidades de organização do evento para apresentarem projectos que correspondam às suas necessidades desportivas, económicas, sociais e ambientais a longo prazo); a passagem de um programa baseado nos desportos para um programa centrado nas provas (incluindo a limitação das acreditações para atletas, treinadores e demais membros das delegações, ao mesmo tempo que deixa de se impor o limite de 28 desportos no programa); ou ainda a criação de um canal de televisão olímpica (entrando em pleno na era digital e criando por essa via uma plataforma mundial de divulgação dos valores associados ao olimpismo, sobretudo entre os jovens).

Naturalmente, será importante ir analisando com atenção os desenvolvimentos sobretudo da recomendação número 10, sobre a transferência do centro do programa olímpico dos desportos para as provas, sobretudo pelo que isso pode implicar de perda da solidariedade entre provas da mesma modalidade desportiva. Esta questão é tanto mais importante para a marcha atlética quanto essa foi uma questão decisiva no momento em que, há menos de dez anos, o COI discutiu uma proposta que previa a exclusão da marcha atlética do programa olímpico. Então prevaleceu o princípio de um programa solidário, ou seja, a filosofia de que as modalidades se incorporam no programa olímpico pela sua globalidade e não pela força de alguns dos respectivos sectores em detrimento de outros. É assim que, por exemplo, a natação mantém as variantes de natação pura, saltos para a água, pólo aquático e natação sincronizada. E essa é também uma das razões (mas não necessariamente a mais importante) pelas quais o hóquei em patins (especialidade da modalidade mais abrangente que é a patinagem) nunca entrou para o programa olímpico – para não arrastar consigo as corridas de patins e a patinagem artística sobre rodas.

A versão final da proposta de Agenda Olímpica 2020 resulta de um ano de funcionamento de grupos de trabalho que incluíram membros do movimento olímpico e especialistas oriundos de outras áreas de actividade, nomeadamente de organizações significativas como as Nações Unidas, a Google/YouTube, a Transparency International, a Fundação Clinton e o Banco Mundial.

Entre os atletas presentes na reunião de Lausana contavam-se a esgrimista alemã Claudia Bokel, vice-campeã olímpica nos Jogos de Atenas de 2004 e presidente da Comissão de Atletas do COI, e o japonês Koji Murofushi, campeão (Atenas-2004) e vice-campeão olímpico (Londres-2012) de lançamento do martelo, director desportivo do comité organizador dos Jogos de Tóquio de 2020.

As 40 propostas que compõem a Agenda Olímpica 2020 serão discutidas e votadas pelos membros do COI na 127ª Sessão do COI, que terá lugar a 8 e 9 de Dezembro, no Mónaco.