Anezka Drahotová, ladeada pela irmã Eliska e por Oksana Golyatkina, no pódio do 10 mil m marcha femininos. Foto: Colombo |
Caso pouco comum (ainda que não inédito) na alta competição foi protagonizado pela marchadora checa Anezka Drahotová, vencedora, quinta-feira passada, da prova feminina dos 10 mil metros marcha dos europeus de juniores de Rieti. Numa demonstração de variedade de capacidades e de resistência assinalável, a nova campeã europeia de juniores de marcha foi também finalista, este sábado, nos 3000 m obstáculos.
O resultado desta segunda final não ficará especialmente assinalado na história dos campeonatos: Anezka classificou-se na nona posição, com uma marca que nem a título pessoal é especialmente significativa. O que impressiona neste desempenho é o facto de a atleta ter consigo chegar à final graças a um apuramento disputado no próprio dia em que venceu a competição de marcha.
Passavam poucos minutos das sete e meia da tarde em Rieti quando a Anezka Drahotová regressou à pista para entrar na segunda série da prova de obstáculos. Menos de dez horas antes concluíra de forma brilhante a prova de marcha, causando à formação da Rússia uma primeira desilusão, ao impor-se a Oksana Golyatkina na luta pelo ouro e pelo ceptro europeu (a irmã Eliska faria o mesmo segundos depois à também russa Nadezhda Leontyeva na busca do lugar restante do pódio).
Mas, na jornada da tarde, Anezka terminou no terceiro lugar a sua série de apuramento, garantindo um dos lugares de acesso directo à final (passavam as primeiras quatro). E até parecia que não tinha feito dez quilómetros de marcha (bem) acelerada na jornada matinal...
Foi o suficiente para um sucesso que até ajudou a afastar do caminho para a final a portuguesa Diana Almeida, a primeira a ficar de fora da corrida decisiva, mas que teve ainda o brilho de um resultado de melhor qualidade do que a marca obtida na final.
Em todo o caso, além da raridade do desempenho, este foi um exemplo de empenho e de interesse variados na prática desportiva, com uma atleta que parece não querer enveredar (pelo menos por agora) por uma via de especialização, que, em todo o caso, já nem poderia considerar-se precoce.
Ou talvez o velho lema olímpico do desporto pelo desporto.