Logótipo, facho e medalhas dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012 |
A prova terá início às 17h00 (a mesma hora em Portugal continental), mas só uma semana depois, dia 11, serão realizadas as outras duas competições de marcha do programa olímpico: os 50 km masculinos, às 9h00, e os 20 km femininos, de novo às 17h00.
Nas últimas semanas têm sido feitas algumas apresentações relevantes para os participantes nos Jogos Olímpicos de Londres, nomeadamente o desenho do facho para a estafeta que termina na cerimónia de abertura e o das medalhas a atribuir nas cerimónias protocolares de premiação (ver ilustração).
A um ano de distâcia é cedo para fazer previsões, mas tudo aponta para que, como vem acontecendo desde 2004 (Jogos de Atenas), volte a ser necessário deixar de fora uma potencial participante portuguesa na prova feminina de 20 km. O futuro próximo tratará de demonstrar se assim vai ser ou não, mas, passe o cinismo involuntário, pode dizer-se ser essa, apesar de tudo, uma confirmação de qualidade da marcha atlética portuguesa, pelo menos no que a atletas de topo do sector feminino diz respeito.
Em 2012, três atletas terão os títulos olímpicos em jogo na capital londrina, depois das vitórias nos Jogos de Pequim, em 2008: Olga Kaniskina (Rússia, 20 km fem.), Valeriy Borchin (Rússia, 20 km masc.) e Alex Schwazer (Itália, 50 km). Os mundiais de Daegu, com início marcado para o final deste mês, não deixarão de fornecer alguns indicadores nessa matéria, sendo aí esperados todos estes e mais alguns potenciais candidatos às medalhas olímpicas do próximo ano.
Historicamente, o italiano Ugo Frigerio foi o primeiro atleta a vencer provas da disciplina em edições consecutivas dos Jogos Olímpicos, ao ganhar os 10 km em Antuérpia (1920) e em Paris (1924). Aliás, em Antuérpia fizera a «dobradinha», vencendo também os 3000 metros marcha, no que de resto, não foi original, já que o britânico George Larner tinha conseguido igual sucesso em 1908, quando, em Londres, se impôos tanto nos 3500 metros como nas 10 milhas. Mas só nessa edição obteve vitórias.
Seria já depois da II Guerra Mundial que um marchador voltaria a conquistar medalhas de ouro em edições sucessivas dos Jogos Olímpicos. O protagonista do feito foi o sueco John Mikaelsson, triunfador na prova curta (10 km) em 1948 (Londres) e 1952 (Helsínquia).
Parecido foi o sucesso do soviético Vladimir Golubnichy, campeão olímpico por duas vezes nos 20 km marcha mas em edições não consecutivas dos Jogos: Roma-1960 e México-1968. Pelo meio, em 1964 (Tóquio), ainda obteve uma medalha de bronze nessa distância, «fraco» prémio para uma marca que, por sinal, até foi melhor do que as registadas quando dos triunfos olímpicos e que, considerando apenas as participações nos Jogos, só em 1972 seria superada, quando em Munique alcançou o segundo lugar.
Até que se chegou à era de Robert Korzeniowski, o mais bem sucedido de todos os marchadores mundiais, autor de dois feitos notáveis durante a sua carreira olímpica. Primeiro, alcançando em 2000 (Sydney) o feito ainda não repetido de vencer na mesma edição os 20 e os 50 km. Depois, já em 2004 (Atenas), completando uma sequência espantosa (e igualmente não repetida) de três vitórias consecutivas em provas de marcha da mesma distância, no caso os 50 km: Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004.
Mas os melhores serão necessariamente os mais rápidos? Aqueles que chegam em primeiro lugar à linha da meta? Será que o verdadeiro espírito olímpico se esgota em apontar um campeão pelo critério objectivo do cronógrafo, remetendo todos os outros atletas para o limbo do esquecimento? Talvez venha o dia em que o campeão será aquele que mais se supera a si próprio, mesmo que não consiga vencer todos os concorrentes. Talvez nesse dia o campeão seja o atleta que mais se transcendeu, que mais fez para derrotar os seus fantasmas e que mais trabalhou para transformar em sucesso as maiores dificuldades com que se apresentava à partida, mesmo que o sucesso seja apenas a título pessoal.
Porque nem sempre o primeiro a chegar ao fim é o verdadeiro campeão, como já se tem demonstrado pelas melhores e pelas piores razões.