terça-feira, 2 de junho de 2020

Evocando Kerry Saxby-Junna no dia do seu aniversário

Kerry Saxby-Junna na atualidade e quando dos mundiais de Roma 1987 (em baixo) e
de Sevilha 1999 (em cima). Fotos: Mireille Merlet-Shaw, Stu Forster/Getty Images
e Dominique Guebey. Montagem: O Marchador
Kerry Saxby-Junna não é só uma das mais ilustres representantes do desporto australiano, é também uma das mais prestigiadas figuras do desporto mundial.

Nascida em 1961, só com quase 22 anos, em 1983, viria a iniciar-se na marcha atlética. E logo com resultados nada comuns em atletas principiantes. Nesse primeiro ano registaria como melhores marcas 50.02 m nos 10 km, 24.30 m nos 5000m e 13.05 m nos 3000m. Daí para diante seria um percurso de evolução que a levaria à elite da marcha feminina mundial.

Em 1984 alcançava o primeiro título de campeã da Austrália, começando logo pela distância longa de 20 km. Repetiria o feito na distância até 1987 e, depois em 1989. A mais duradoura sucessão de títulos nacionais, registou-a nos 10 km, com 11 campeonatos consecutivos, de 1985 a 1995. Feito parecido foi registado nos 5000m, com vitórias entre 1986 e 1995. Ao todo, por um período de 17 anos, viria a conquistar 27 títulos nacionais.

Atleta de estatura física de pouco dar nas vistas, começou a notabilizar-se internacionalmente na Taça do Mundo de Douglas, na Ilha de Man, em 1985, na sua estreia em representação da Austrália, obtendo o 10.º lugar. A partir daí foi presença regular nas grandes competições internacionais de atletismo ou apenas de marcha.

Na pista coberta transformou as inquestionáveis qualidades atléticas em títulos de campeã ou lugares de honra: medalha de ouro nos mundiais de 89 e de prata nos de 91 e de 93.

Ao ar livre, foi vice-campeã nos Mundiais de Roma, em 1987, os primeiros a integrar a marcha feminina no programa. Surpreendentemente, subiria ainda em mais uma ocasião ao pódio de uma competição mundial ao ar livre, nos mundiais de Sevilha, em 1999, aqui já com 38 anos de idade, obtendo o tempo de 1:31:18, numa prova pautada por elevadas temperaturas atmosféricas.

Em eventos de dimensão menos grandiosa Karry Saxby (Saxby-Junna por casamento) conseguiu revelar a superioridade que ninguém deixava de lhe reconhecer. Venceu por duas vezes nos Jogos da Comunidade Britânica, em 1990 e 1994, e foi segunda em 1998, enquanto nos Jogos da Boa Vontade obteve uma medalha de ouro em 1986 e uma de prata em 1990. Para além disso, esteve entre as cinco primeiras em todas as edições da Taça do Mundo de 1987 a 1995.

Nascida em Ballina, Young, New South Wales, há precisamente 59 anos, Kerry Saxby-Junna, a quem endereçamos os parabéns, representou a Austrália por 27 vezes e bateu nada menos de 27 recordes mundiais ou melhores marcas mundiais. A 13 de maio de 1988, na cidade sueca de Varname, bateu o recorde mundial nos 20 km marcha com o tempo de 1:29:40 sucedendo a outra sua compatriota – Sally Pierson que detinha o anterior máximo mundial desde 1984, marca que perduraria por 7 anos, batida pela chinesa Liu Hongyu (1:27:30) no decorrer da Taça do Mundo de Pequim, em 1995.

Participou em 6 Campeonatos Mundiais de Atletismo e em 3 Jogos Olímpicos (Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sydney 2000), retirando-se da alta competição em 2001, após os Mundiais de Edmonton, inspirando o surgimento em força de uma jovem geração de marchadoras australianas.

Foi considerada Atleta do Ano por cinco vezes e em 1992 foi galardoada pelo governo australiano com a Medalha da Ordem da Austrália em reconhecimento pelo seu meritório trajeto desportivo. Haveria ainda de receber, em 2000, a Medalha do Desporto da Austrália, em 2001, a Medalha do Centenário, vendo o seu nome inscrito, em 2013, no "Hall of Fame".