Foto: site da organização local |
Os melhores marchadores do mundo estão este fim-de-semana reunidos na
cidade chinesa de Taicang, para a realização da 26.ª Taça do Mundo de Marcha.
Com um programa oficial de cinco provas, são esperados grandes espectáculos
para os adeptos da marcha atlética a acompanhar as competições que hão-de
determinar quem vai suceder à Rússia com vencedora colectiva em todos os cinco
eventos da edição anterior, realizada em Saransk (Rússia) há dois anos.
Em Taicang, a lituana Kristina Saltanovic e a portuguesa Susana Feitor vão
atingir a décima presença em taças do mundo de marcha, igualando o máximo
feminino na posse de duas atletas já retiradas da alta competição, a húngara
Ildikó Ilyés (1987-2006) e a mexicana Graciela Mendoza (1987-2008). No sector
masculino, Zoltán Czukor (1987-2012) e o holandês Harold van Beek (1989-2012)
detêm o máximo absoluto de participações nestas competições, com nada menos que
12 presenças. Um registo que, pelos vistos, Augusto Cardoso não atingirá uma
vez que, após 11 presenças (tal como o sueco Bo Gustafsson), não conseguiu este
ano entrar na formação portuguesa e anunciou entretanto que deixava de ter a
selecção nacional como objectivo.
A poucas horas do primeiro tiro de partida cresce a expectativa à volta de
cada uma das provas a disputar pelos atletas provenientes de um total de 48 países
inscritos. Nos 50 km, são japoneses os detentores das duas melhores marcas
mundiais do ano. Takayuki Tanii, com 3.41.32 h, e Yuki Yamazaki, com 3.44.23 h,
conseguiram nos nacionais de Wajima, a 20 de Abril, os melhores resultados do
ano em curso, mas essas são ausências já garantidas que deixam fortes
esperanças aos melhores chineses, polacos e mexicanos, para já não falar de
russos e ucranianos, muito ausentes das listas mundiais mas que devem ter os
trunfos bem guardados.
São também japoneses os detentores das melhores marcas mundiais de 20 km
masculinos. Yusuke Suzuki e Eiki Takahashi têm em 2014, respectivamente,
1.18.17 h 1.18.41 h, registos obtidos em Kobe e que constituem os únicos
resultados mundiais alcançados este ano abaixo de 1.19 h. Nesta distância, a
Ucrânia posiciona nada menos que seis atletas até ao 12.º lugar da lista mundial,
confirmando-se como uma forte possibilidade para o pódio colectivo em Taicang.
Ivan Losev (1.19.33) e Nazar Kovalenko (1.19.46) foram os primeiros nos
nacionais de Alushta, em 28 de Fevereiro, surgindo como melhores europeus na
lista mundial do ano.
Na mesma distância mas nas senhoras, a chinesa Hong Liu é não apenas a
líder mundial, graças à vitória em Lugano com 1.27.25 h, mas também o principal
nome entre as chinesas para a luta pela vitória individual em Taicang e
consequente contributo para a classificação colectiva. No entanto, as russas
não deixam de ser favoritas à vitória por equipas, apesar de a lista mundial do
ano apresentar menor densidade de atletas russas do que noutros anos («apenas»
seis nas vinte primeiras).
Interessante será acompanhar a «relação de forças» entre Liu e a italiana
Eleonora Anna Giorgi, primeira e segunda em Lugano com as melhores marcas
mundiais de 2014, separadas por escassos quatro segundos.
Nas provas dos mais novos, de 10 km para masculinos e femininos, um nome
ressoa mais forte que todos: o da checa Anežka Drahotová, que, apesar de
júnior, tem já considerável experiência e marcada presença entre as melhores
absolutas do mundo. Exemplo disso foi o brilhante sétimo lugar nos mundiais de
Moscovo de 2013, após uma prova em que a esguia atleta checa não teve receio de
assumir a liderança da competição, isolada com a credenciada italiana Elisa
Rigaudo. E se entre as seniores poucas são em todo o mundo as atletas capazes
de ombrear com Anežka Drahotová, menos serão as juniores capazes de lhe dar
luta em Taicang, mesmo as representantes das superpotências russa e chinesa.
Drahotová até nem tem competido com juniores, onde a lista mundial apresenta
oito chinesas e duas russas nas dez primeiras posições, com destaque para a
chinesa Dandan Duan (43.31 em Huangshan a 27 de Fevereiro), mas dificilmente se
pode deixar de reconhecer favoritismo à marchadora-ciclista-corredora da
República Checa nesta taça do mundo.
Mais apertada deverá ser a prova masculina, onde se prevê que pontifiquem o
melhor júnior mundial do ano, Gao Wenkui (China, 40.25), o japonês Yuki
Kurumisawa (41.20) e o australiano Jesse Osborne (41.27), além da restante
«armada» chinesa, que preenche oito dos dez primeiros lugares do «ranking»
mundial do ano (só Kurumisawa e Osborne se intrometem).
Perante este quadro, quando terminarem as provas da 26.ª Taça do Mundo de
Marcha é bem provável que pelo menos alguns «rankings» mundiais (para não dizer
de todas as distâncias do programa) tenham sofrido consideráveis mudanças,
sobretudo quando se torna evidente que há muitas cartas que a época em curso
ainda não revelou. E depois da Taça do Mundo não haverá mais nenhuma grande
competição mundial, dado tratar-se do único ano do ciclo olímpico que não tem
mundiais de atletismo nem Jogos Olímpicos (apenas campeonatos continentais ou
provas particulares).
Quanto aos 13 portugueses, todos parecem livres das pressões tantas vezes associadas às mais elevadas expectativas. Uma classificação como a da equipa sénior feminina de há quatro anos (vitória colectiva em Chihuahua) será por agora pedir demasiado seja a quem for. Resta esperar que os desempenhos individuais, tanto de seniores como de juniores, possam ser compensadores e que deles resultem alguns recordes pessoais.
Quanto aos 13 portugueses, todos parecem livres das pressões tantas vezes associadas às mais elevadas expectativas. Uma classificação como a da equipa sénior feminina de há quatro anos (vitória colectiva em Chihuahua) será por agora pedir demasiado seja a quem for. Resta esperar que os desempenhos individuais, tanto de seniores como de juniores, possam ser compensadores e que deles resultem alguns recordes pessoais.