Os representantes portugueses em Taicang-2014. Fotos: Mauricio Quiroz Hoyos Montagem: O Marchador |
A
participação portuguesa na Taça do Mundo de Taicang iniciou-se com a presença
de Pedro Isidro nos 50 km, prova de abertura do programa na qual Portugal
apresentou apenas um concorrente. O marchador do Benfica concluiu a distância
no 22.º lugar, com 3.56.15 h, marca que, além de confirmar mínimos para os
europeus de Zurique, é também a melhor portuguesa do ano, constituindo novo
recorde pessoal (antes, 3.57.09). Tratou-se da quarta participação de Pedro
Isidro em taças do mundo, sendo este 22.º lugar a sua melhor classificação. A
marca superou também o registo obtido na outra participação nos 50 km (26.º,
3.58.00, em Saransk-2012), havendo ainda duas presenças nas equipas de 20 km
(Cheboksary-2008 e Chihuahua-2010).
O desempenho
português nos 20 km masculinos foi claramente o menos conseguido de toda a
representação nacional na competição. Com a desistência de João Vieira a seguir
ao meio da prova ficou comprometida de forma irremediável a perspectiva de
classificação colectiva, dado que os dois atletas que permaneciam em prova não
bastavam para o necessário trio de classificados. Para o sportinguista detentor
do recorde nacional, tratou-se do primeiro abandono ao cabo de nove
participações em taças do mundo de marcha.
Neste
quadro, Sérgio Vieira, na oitava participação, acabou por ser o melhor
classificado, mas numa posição recuada, 60.º, com 1.24.13 h. Só no ano de
estreia, 1995, registou pior classificação (72.º, 1.31.55). Mas nessa época era
ainda júnior (a competir entre seniores, dado que o programa ainda não
contemplava o seu escalão). Compensaria na edição seguinte (Podebrady-1997),
quando ao 26.º lugar fez corresponder um recorde nacional de 1.20.58 h.
Atirado para
uma tremenda confusão que nada terá feito para criar e que resultou da sua
integração na selecção para Taicang apesar de estar longe de reunir as
condições estabelecidas pelos critérios oficiais para o efeito, Miguel Carvalho
regressou da China com um recorde pessoal batido por larga margem (1.28.41,
contra o anterior, de 1.30.10). O atleta do Clube de Natação de Rio Maior terá
transformado em motivação a onda de contestação que se criou com a decisão
federativa de o seleccionar. Esta estreia entre os seniores (fora 37.º nos
juniores em Saransk-2012) acabou por ser um final feliz para quem não teve
culpa nenhuma de um imbróglio nunca devidamente explicado. Num histórico de 45
registos obtidos pelos portugueses nos 20 km masculinos das taças do mundo de
marcha, a marca de Miguel Carvalho ocupa a 36.ª posição, deixando para trás uma
maioria de marcas obtidas nos anos 80 e 90.
E foi
precisamente nos juniores masculinos que os portugueses obtiveram outro
resultado positivo, através de Miguel Rodrigues, que se estreava em taças do
mundo. O atleta do C.N. Rio Maior foi 22.º, com 44.30 m, a apenas 10 segundos
dos mínimos para os mundiais de juniores de Eugene (EUA). A colocação na tabela
igualou o melhor resultado histórico dos juniores masculinos portugueses em
taças do mundo, o mesmo 22.º posto de Luís Lopes em Cheboksary-2008, mas nessa
altura a marca (43.28) foi melhor que a agora obtida por Miguel Rodrigues.
A equipa foi
completada por Hélder Santos, que também se estreava em taças do mundo. O
marchador do Gira Sol registou 46.05 m, marca que não foi famosa, sendo a sexta
em sete resultados obtidos por juniores masculinos portugueses em taças do
mundo. De qualquer forma, esta época não está a ser tão boa quanto desejável
para o atleta, que, depois do recorde pessoal de 45.03 m (a 3 segundos da marca
de referência para Taicang), desistiu nos nacionais de estrada, fez 47.35 m em
Lugano, desistiu na Taça FPA e fez 46.04 m em Rio Maior.
Com os
atletas a desempenharem as respectivas funções conforme melhor souberam e
puderam, resta esperar que os erros cometidos pela F.P.A. na preparação desta
taça do mundo de marcha tenham ao menos servido de lição para as próximas
competições.