Erokhin após o 2.º lugar nos 50 km de Olhão/2011. Foto: O Marchador |
O atleta russo Igor
Erokhin foi irradicado do desporto após ter sido apanhado pela segunda vez nas
malhas da dopagem. A sanção foi anunciada este sábado pela Federação Russa de
Atletismo e refere-se a um atleta que já tinha sido suspenso por dois anos após
uma análise positiva em 2008 (eritropoietina), sendo agora afastado
definitivamente do desporto por desconformidades detectadas no passaporte
biológico.
Em consequência desta
sanção, todos os resultados de Igor Erokhin a partir de 25 de Fevereiro de 2011
são anulados. Entre esses resultados avultam os segundos lugares na Taça da
Europa de Olhão (21/5/2011) e na Taça do Mundo de Saransk (13/5/2012) e o
quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Londres (11/8/2012), sempre em 50 km.
Assim, a Taça da
Europa de Olhão é a que sofre maiores alterações. Pelo lado individual, os
segundo e terceiro lugares passam, respectivamente, para o italiano Marco de
Luca e para o alemão Christopher Linke. Nos portugueses, Augusto Cardoso sobe
para a 18.º e Jorge Costa passa a ser o 25.º classificado. Pelo lado colectivo,
tendo em conta que a Rússia fica com apenas dois classificados (o vencedor
Denis Nizhegorodov e o agora 11.º Denis Strelkov), deixa a classificação
colectiva, onde a vitória passa para a Itália, seguida da Polónia e da Espanha.
No caso da Taça do
Mundo de Saransk, o australiano Jared Tallent passa para o segundo posto e o
chinês Si Tianfeng ascende ao terceiro. Pedro Isidro passa a 26.º, Dionísio
Ventura é o 45.º e Luís Gil o 47.º Colectivamente, a única diferença é que a
Rússia passa de oito para 22 pontos, não perdendo o primeiro lugar, à frente da
China (33) e da Ucrânia (37). Portugal também mantém o lugar (8.º), mas com 118
pontos.
Nos Jogos de Londres,
a anulação do resultado de Erokhin não tem implicações no pódio, subindo um
lugar todos os classificados depois, entre eles Pedro Isidro, que passa ao 39.º
lugar.
Começa a tornar-se
difícil contabilizar os marchadores russos sancionados por motivos de dopagem.
Entre os nomes mais relevantes podem ser citados os de Olimpiada Ivanova,
Vladimir Andreev, Valeriy Borchin, Viktor Burayev, Vladimir Kanaykin, Tatyana
Mineeva, Sergey Morozov, German Skurygin (que morreu de ataque cardíaco em
2008), Aleksey Voyevodin, Dementiy Cheparev, além, naturalmente, de Erokhin. Quase
todos foram vencedores de provas olímpicas, de campeonatos mundiais ou europeus
ou ainda de Taças do Mundo ou da Europa. Alguns notabilizaram-se ainda no
escalão de juniores.
O regular aumento do
número de atletas russos envolvidos em processos de dopagem tem adensado as
dúvidas sobre a legalidade dos métodos de treino de algumas das escolas de
marcha do país (desde logo a de Saransk, muito representada da lista atrás
indicada), bem assim como a validade de marcas obtidas e a legitimidade de
títulos e medalhas conquistados individual ou colectivamente por marchadores
russos.
E a esta suspeita não
deixa de associar-se o nome do treinador de muitos deles, Viktor Chiogin, há
duas décadas orientador de muitos dos atletas mais destacados da marcha russa.
O primeiro deles foi Irina Stankina, que ainda juvenil (17 anos) foi campeã
mundial de juniores em Lisboa (1994), para no ano seguinte se tornar na mais
jovem campeã mundial absoluta de sempre (Gotemburgo-95).
A lista negra de
marchadores suspensos por dopagem inclui ainda atletas de outros países: Silviu
Casandra (Roménia), Alex Schwazer (Itália), Liu Yunfeng (China), Song Hongjuan
(China), Erik Tysse (Noruega), Claudia Stef (Roménia), Athanasia Tsoumeleka
(Grécia), Recep Celik (Turquia), Andriy Yurin (Ucrânia), José Bagio (Brasil) e
ainda o espanhol Francisco Fernández, neste caso não por controlo positivo ou
problemas com passaporte biológico, mas por posse de substâncias proibidas.