A 24 de setembro de
1983 realizava-se em Bergen, a segunda maior cidade da Noruega, a primeira das
duas jornadas da Taça do Mundo de Marcha com as provas dos 10 km femininos e
dos 20 km masculinos, disputadas nas estreitas vias do parque da cidade, em redor
de um lindo lago e sob baixas temperaturas.
A edição
(dactilografada) n.º 7 de “O Marchador” daquele ano dedicava amplo espaço
noticioso ao acontecimento, por via da deslocação àquela cidade de um seu
elemento. A viagem, de Lisboa para Bergen, fez-se de comboio. Encontrámos o
catalão Josep Vinuesa, amigo de longa data e que muito incentivou os
marchadores portugueses na primeira década de vivência da especialidade,
dedicando palavras de estímulo no boletim “A Marcha Espanhola”, da sua autoria.
Era destacado, na
primeira página da referida edição de “O Marchador”, o primeiro grande êxito da
China, com a equipa feminina a merecer rasgados elogios pela “magnífica
exibição das pequenas e ágeis meninas do Oriente”.
De facto, as atletas
chinesas suscitaram admiração e simpatia gerais. Yong Ju Xu, venceu a
competição com o tempo de 45.13,4, completando a equipa Ping Guan (6.ª) e He
Ping Yu (9.ª), triunfando coletivamente com mais dois pontos que a formação
soviética (vencedora em 1981) e considerada uma das grandes favoritas, a par da
Austrália e da Suécia.
Nos 20 km masculinos,
Priblinec (Checoslováquia), Canto (México), Solomin (URSS) e Damilano (Itália),
lutaram passo a passo pela vitória que acabaria por sorrir ao atleta da então
Checoslováquia, com 1.19.30, e os quatro primeiros separados por 40 segundos,
com a então União Soviética a triunfar no plano coletivo (Solomin, 3.º,
Evsjukov, 5.º, e Protsishim, 10.º), sucedendo à Itália, triunfadora em 1981.
Nesses tempos, a
marcha atlética portuguesa não tinha, ainda, condições para se constituir como
equipa (fator essencial) para a participação em Taças do Mundo. No plano
individual, os marchadores José Pinto e Paula Gracioso exerciam amplo domínio
nas provas em que participavam.