No rescaldo da
vitória alcançada este sábado no Grande Prémio Internacional de Rio Maior em
Marcha Atlética, João Vieira proferiu declarações que deixam transparecer
desagrado pela forma como tem sido conduzido o processo de composição da
selecção que há-de representar Portugal na Taça da Europa de Marcha, a 19 de
Maio, em Dudince, na Eslováquia. Segundo divulgou o «site» Atleta-Digital, o
recordista nacional de 20 e 50 km vai «tentar entrar para a equipa dos 20 km»
da Taça da Europa, já que não foi seleccionado para os 50 km.
Na edição de domingo,
o jornal «A Bola» citava o atleta do Sporting como não sabendo se nos mundiais
de Moscovo, em Agosto, irá competir na distância curta, na longa ou nas duas.
«Depende do que a federação quiser», afirmou, no que pode ser entendido como
falta de informação (de comunicação também?) da estrutura federativa com o
atleta. Comunicação que terá faltado também na preparação da Taça da Europa,
onde, como se viu, de nada serviu a João Vieira estar disponível para os 50 km,
assunto relativamente ao qual, deduz-se, nunca a FPA lhe terá perguntado o que
quer que fosse, como atleta ou como treinador.
Situação semelhante
parece verificar-se com Pedro Isidro, não integrado na selecção de 50 km para a
Taça da Europa divulgada a 18 de Março mas cujo nome, afinal, deverá ser
acrescentado à lista. A informação foi divulgada segunda-feira, 8 de Abril,
pelo Atleta-Digital, que afirma tratar-se de uma «situação decidida
favoravelmente no seio federativo». E justifica a necessidade de alteração da
decisão da FPA com «dificuldades de comunicação» entre o treinador do atleta e
o treinador nacional de marcha.
Porventura, o
referido problema de comunicação será mais complexo, tendo consequências sobre
outros atletas e treinadores. Recorde-se que a 16 de Março, após os nacionais
de marcha em estrada realizados no Montijo, João Vieira se queixava de pouco ou
nada ter sido ouvido pela estrutura da federação, e apenas na qualidade de
treinador de Vera Santos. Na ocasião, referindo-se aos critérios de selecção,
afirmou: «Se soubesse antes que seria assim, nem eu nem a Vera teríamos vindo
ao Nacional.»
Destas referências
inicialmente publicadas em órgãos de informação fica por perceber a quem
responsabilizar por tanta falta de comunicação. E também por que razão tantos
atletas são por ela prejudicados na preparação para as grandes (e pequenas)
competições. Uma coisa é certa: com ou sem contacto a partir dos treinadores
dos atletas, nunca a comunicação pode deixar de existir por falta de contacto da
parte dos treinadores nacionais, a quem, em última análise, cabe o dever de
garantir ao menos os «serviços mínimos» (ou o mínimo de serviços) nessa
matéria.