Uma fase do campeonato deste ano na Batalha. Foto: O Marchador |
Pelo documento preliminar de calendarização de competições a realizar em 2012 disponibilizado pela Associação Europeia de Atletismo em vésperas da sua conferência de calendário (14 de Outubro, em Arona, Tenerife) é possível identificar o dia 18 de Março como o escolhido pela FPA para a realização do Campeonato Nacional de Marcha em Estrada (local ainda por designar), evento que, como se sabe, contempla anualmente a única prova de 50 km realizada no nosso país.
Sabendo-se da importância que recai sobre esta competição nacional, em particular no que se refere à prova longa tendo em vista o apuramento de atletas para a Taça do Mundo de Marcha (12/13 de Maio), fazer disputar a competição nacional com menos de dois meses (55 dias) de antecedência para aquela competição internacional afigura-se impróprio e revelador de falta de sensibilidade técnica. A insensatez da escolha da data prevista vem ainda encurtar o período de tempo (4 semanas) que resta para o Grande Prémio Internacional de Rio Maior (14 de Abril), situação manifestamente ingrata para quem pretenda realizar e concluir a distância mais longa do programa do atletismo e depois tomar parte no grande prémio.
Como se já não bastasse, outra competição nacional identificada no documento da AEA, a Taça FPA de Marcha, que deveria constituir uma oportunidade (das poucas que existem) para juniores e seniores obterem marcas de referência para uma ambicionada participação na Taça do Mundo, posiciona-se duas semanas depois do Nacional de Estrada e duas semanas antes do GP de Rio Maior, ou seja, a 1 de Abril, dia bem esclarecedor!
Na escolha federativa das datas para as principais provas de marcha não se vislumbra qualquer vontade para resolução da problemática de existência de poucos especialistas de 50 km (ou de atletas que pretendam vir a sê-lo). Também não se identifica qualquer preocupação com a necessidade de alternância e polivalência de atletas interessados tanto nos 20 como nos 50 km. Estes são temas que deveriam ser do interesse de todos, até mesmo com vista ao bom desempenho da selecção nacional na Taça do Mundo de Marcha.
A calendarização preconizada pode ter alguma utilidade em particular, mas seguramente não defende o interesse global da marcha atlética portuguesa.